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TEXTO DA SEMANA: Cem cruzeiros a mais, de Fernando Sabino

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Ao receber certa quantia num guichê do Ministério, verificou que o funcionário lhe havia dado cem cruzeiros e mais. Quis voltar para devolver, mas outras pessoas protestaram: entrasse na fila.

Esperou pacientemente a vez, para que o funcionário lhe fechasse na cara a janelinha de vidro:

- Tenham paciência, mas está na hora do meu café.

Agora era uma questão de teimosia. Voltou à tarde, para encontrar fila maior – não conseguiu sequer aproximar-se do guichê antes de encerrar-se o expediente.

No dia seguinte era o primeiro da fila: 

- Olha aqui: o senhor ontem me deu cem cruzeiros a mais.

- Eu?

Só então reparou que o funcionário era outro. 

- Seu colega, então. Um de bigodinho.

- O Mafra.

- Se o nome dele é Mafra, não sei dizer. 

- Só pode ter sido o Mafra. Aqui só trabalhamos eu e o Mafra. Não fui eu. Logo...

Ele coçou a cabeça, aborrecido:

- Está bem, foi o Mafra. E daí?

O funcionário lhe explicou com toda urbanidade que não podia responder pela distração do Mafra:

- Isto aqui é uma pagadoria, meu chapa. Não posso receber, só posso pagar. Receber, só na recebedoria. O próximo!

O próximo da fila, já impaciente, empurrou-o com o cotovelo. Amar o próximo como a ti mesmo! Procurou conter-se e se afastou, indeciso. Num súbito impulso de indignação - agora iria até o fim - dirigiu-se à recebedoria.

- O Mafra? Não trabalha aqui, meu amigo, nem nunca trabalhou.

- Eu sei. Ele é da pagadoria. Mas foi quem me deu os cem cruzeiros a mais.

Informaram-lhe que não podiam receber: tratava-se de uma devolução, não era isso mesmo? E não de pagamento. Tinha trazido a guia? Pois então? Onde já se viu pagamento sem guia? Receber mil cruzeiros a troco de quê?

- Mil não: cem. A troco de devolução. 

- Troco de devolução. Entenda-se. 

- Pois devolvo e acabou-se. 

- Só com o chefe. O próximo!

O chefe da seção já tinha saído: só no dia seguinte. No dia seguinte, depois de fazê-lo esperar mais de meia hora, o chefe informou-se que deveria redigir um ofício historiando o fato e devolvendo o dinheiro.

- Já que o senhor faz tanta questão de devolver. 

- Questão absoluta. 

- Louvo o seu escrúpulo.

- Mas o nosso amigo ali do guichê disse que era só entregar ao senhor – suspirou ele.

- Quem disse isso?

- Um homem de óculos naquela seção do lado de lá. Recebedoria, parece.

- O Araújo. Ele disse isso, é? Pois olhe: volte lá e diga-lhe para deixar de ser besta. Pode dizer que fui eu que falei. O Araújo sempre se metendo a entendido!

- Mas e o ofício? Não tenho nada com essa briga, vamos fazer logo o ofício.

- Impossível: tem de dar entrada no protocolo.

Saindo dali, em vez de ir ao protocolo, ou ao Araújo para dizer-lhe que deixasse de ser besta, o honesto cidadão dirigiu-se ao guichê onde recebera o dinheiro, fez da nota de cem cruzeiros uma bolinha, atirou-a lá dentro por cima do vidro e foi-se embora.


(Fernando Sabino -crônica do livro "A Companheira de Viagem", 
Editora Sabiá, 19725)






PAUSA PARA O CINEMA: A delicadeza do amor

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Sinopse: Nathalie tem uma vida maravilhosa. Ela é jovem, bonita e tem o casamento perfeito. Mas quando seu marido morre num acidente, seu mundo vira de ponta cabeça. 

Nos anos seguintes, ela foca em seu trabalho, deixando seus sentimentos de lado. Então, de repente, sem mesmo entender o porquê, ela beija o homem mais inesperado: seu colega de trabalho, Markus. Esse casal incomum embarca numa jornada emocional, uma jornada que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho. 

Podemos de fato escolher a maneira de redescobrir o prazer de viver? Maravilhados com o amor recém descoberto, Nathalie e Markus acabam fugindo para dar uma chance ao relacionamento dos dois. 

Esta é uma história de renascimento, mas é também um conto sobre a singularidade do amor.



Nossas impressões:

Trata-se de um filme que retrata de forma leve e despretensiosa a dor e a felicidade. A personagem central, Nathalie, vai do luto e do sofrimento pela perda do noivo, à felicidade e tranquilidade de encontrar, inesperadamente, um novo amor, Markus (que traz um brilho incrível ao fime). 

Com uma narrativa leve e despretensiosa, o filme, que apresenta personagens comuns, com os seus defeitos e complexos, mas que carregam uma ingenuidade única, consegue nos encantar. Uma alteração entre humor, drama e romance que faz jus ao nome e esbanja delicadeza. 

A profundidade de cada cena, a trilha sonora fantástica, a beleza e a docura de Audrey Tautou, o carisma incrível do François Damiensa direção cuidadosa, a fotografia linda e o desfecho poético e admirável, fizeram de A Delicadeza do Amor um filme daqueles que temos prazer em ver e rever. 


Uma história de superação, de conquista e de luta contra o medo e a rejeição. Com certeza vale a pena conferir!


Trailer:



Gostaram da dica? Participem, comentem e façam parte do nosso Universo!






INFANTO JUVENIL: Livros sobre a Páscoa

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Amanhã é Páscoa e esta data especial é comemorada por muitas famílias. As crianças amam e ficam na expectativa dos ovos e do "coelhinho". Quem quiser, pode aproveitar a data para incentivar o prazer pela leitura e pela imaginação, presenteando os pequenos com livros relacionados com a data e com os símbolos da mesma!

Confiram as nossas dicas:



Sinopse: Quando a Páscoa se aproxima, meninos e meninas ficam ansiosos por ovos coloridos, chocolates, presentes. Mas só as crianças têm desejos? E os coelhos? O que desejariam ganhar em um dia tão especial? Joãozinho e o coelho Dudu terão motivos de sobra para comemorar a Páscoa juntos.




Sinopse: Nesta coletânea de cinco contos, os coelhos e o chocolate são maioria, mas não são os únicos personagens. Os macacos, abelhas, pais, filhos, Lobo Mau e até os Astecas também fazem parte da páscoa. Em uma das histórias, a coelha Rosinha não aguenta mais comer cenoura e descobre um grupo de índios Astecas (os descobridores do chocolate) que bebiam algo escuro e quente, o "xocoatl". Ela leva a descoberta para seus amigos coelhos junto com ótimo bolo de cenoura. 





Sinopse: Vivinho é um coelho normal: Tem muitos irmãos e uma família legal. E o que ele vai ser quando crescer? Coelho de páscoa, só pode ser! Mas vivinho quer outra profissão. Será que os pais vão aceitar sua decisão? 





Sinopse: Mal acabara de ser posto, uma pergunta pairou no íntimo do Ovo - Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Especulações à parte, ele tinha um sonho, um desejo - o Ovo de galinha sonhava em se tornar um ovo de Páscoa. 

Gigante, bonito, todo brilhante, vestido em papel colorido, amarrado com fita... Levando alegria para uma criança no domingo de Páscoa. Quieto, no seu ninho de palha, o Ovo seguiu em seu devaneio.

Foi na véspera da festa pascal, que o Ovo de galinha teve um encontro inesperado - ao lado dele estava o Ovo de Páscoa. E ali, encarando o seu sonho feito em chocolate, ele descobriu o seu valor.




Sinopse: Livro capa dura, com ilustrações brilhantes! Acompanhe Teddy numa fantástica caça aos ovos de Páscoa, que termina com uma surpresa, neste lindo livro com figuras em alto relevo.


Sinopse: livro que procura trabalhar a criatividade das crianças, desenvolvendo sua imaginação. Por meio dos trabalhos manuais a criança aprende a sociabilidade, a cooperação e desenvolve seu raciocínio e sua sensibilidade. Além de educar e estimular a criatividade das crianças, estes trabalhos servem também como enfeites e presentes.




Esperamos que tenham gostado das dicas e que aproveitem pelo menos uma delas! Afinal, todo dia é dia de ler!


FELIZ PÁSCOA A TODOS VOCÊS, LEITORES!




TOP UNIVERSO: Distopias da Literatura

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O Top Universo de hoje traz para vocês as seis maiores distopias da literatura. Para quem não sabe, distopia, também conhecida como antiutopia, é um conceito filosófico adotado por vários autores e expresso em suas criações ficcionais, nas quais eles retratam uma sociedade construída no sentido oposto ao da utopia, que por sua vez prevê um sistema perfeito, um estado ideal, onde vigora a máxima felicidade e a total concórdia entre seus cidadãos. Confiram nossa lista com as seis melhores distopias em nossa opinião:




6º)  Laranja Mecânica





O adolescente Alex narra esta famosa distopia que foi adaptada para o cinema mostrando uma sociedade futurista assolada pela violência e reprimida por um governo totalitário. A obra se tornou um clássico aclamado pela crítica por sua narrativa perturbadora e inquietante

Sinopse: Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "Laranja Mecânica" é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo. 

5º) Clube da Luta




O inconformismo com a sociedade de consumo aliado à vida monótona e sem perspectivas do entediado funcionário público que protagoniza a história. 


Sinopse: Considerado um clássico moderno desde sua publicação em 1996, o livro Clube da Luta consagrou Chuck Palahniuk como um dos mais importantes e criativos autores contemporâneos, além do próprio livro como um cânone da cultura pop. O clube da luta é idealizado por Tyler Durden, que acha que encontrou uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e das regras sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito daqui para frente. O livro acabou sendo filmado em 1999, por David Fincher (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Rede Social), que possui duas nomeações ao Oscar, que conseguiu adaptar toda atmosfera do livro, o mundo caótico do personagem e o humor negro de Palahniuk em uma trama recebida com inúmeros elogios pela crítica e pelo público.

4º) A Revolução dos Bichos


Grande sucesso de George Orwell, A Revolução dos Bichos é uma distopia que mostra uma sociedade de animais em uma fazenda. Através das “relações” entre os animais o autor faz uma grande metáfora dos bichos como uma sátira ao comunismo e à ditadura de Stalin. 

Sinopse: Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan “Quatro pernas bom, duas pernas ruim.” Mas não demora muito para que alguns bichos – em particular os mais inteligentes, os porcos – voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão agora inspirado no lema “ Todos os bichos são iguais, mais alguns bichos são mais iguais que os outros. A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força.

3º) Ensaio Sobre A Cegueira


Ensaio Sobre a Cegueira se desenvolve a partir de uma cidade que de forma repentina e inexplicada é acometida por uma epidemia de cegueira. A partir dessa epidemia, o autor questiona a moralidade, o comportamento humano, a falta de escrúpulo e a solidariedade do ser humano. Ao visualizar a busca pela sobrevivência, onde as necessidades mais básicas e primitivas se tornam um desafio em um lugar onde todos ficaram cegos de forma repentina, somos levados a refletir sobre os instintos da natureza humana fazendo frente ao princípios e preceitos morais de cada pessoa.

Sinopse: Em um dia normal na cidade, um motorista de carro de repente se vê cego, acometido pela chamada “cegueira branca”. Logo esta cegueira se espalha se tornando uma epidemia, e os contaminados são obrigados a viver em quarentena em um hospital lançados à própria sorte pelas autoridades. Neste romance somos levados ao céu e ao inferno ao depararmos com as mazelas da humanidade, a luta pela sobrevivência, a solidariedade nos momentos difíceis e as dificuldades diante das mais básicas ações.

2º) Fahrenheit 451


Fahrenheit 451 revela uma sociedade futura, onde o governo detém todas as formas de cultura e entretenimento e proíbe a leitura de qualquer livro. Trata-se de uma distopia, exibindo uma sociedade controlada e quase completamente alienada, que se submete a todas as imposições do regime sem questionar.

Sinopse: Editado em 1953, Fahrenheit 451 concebe uma sociedade futura integralmente controlada pelos muitos meios de comunicação, especialmente a TV, na qual os livros foram proscritos e devem ser queimados, tarefa ironicamente atribuída ao corpo de bombeiros. A história se passa em torno de Guy Montag, bombeiro exemplar que vê sua vida mudar ao encontrar um livro e se interessar por ele. Cansado de sua vida medíocre ao lado da alienada esposa, Montag conhece uma jovem que mudará sua forma de enxergar a vida e desperta nele a vontade de conhecer uma cultura além daquela oferecida pelo regime, fazendo com que o bombeiro se arrisque em busca da liberdade de escolha e pensamento.

1º) 1984 


Considerada a obra mais famosa de George Orwell e uma das mais influentes do século XX, 1984 é um inquestionável clássico moderno que retrata uma distópica sociedade do futuro caracterizada por um regime absolutamente opressor que controla a todos através de câmeras ligadas 24 horas por dia. O livro inspirou a criação de um reality show conhecido no mundo todo chamado de Big Brother, mesmo nome do líder do Partido e responsável pelo sistema de vigilância da população de Oceânia.


Sinopse: Em Oceânia ter uma mente livre é considerado crime gravíssimo, pois o Grande Irmão (Big Brother), líder do Partido que controla a tudo e a todos, “está de olho em você”. A obra tem como herói o angustiado Winston Smith, (refém desta sociedade opressora) que, intimamente se rebela contra a sociedade totalitária na qual vive: em seu anseio por verdade e liberdade, ele arrisca a vida ao se envolver amorosamente com uma colega de trabalho, Júlia, e com uma organização revolucionária secreta.

Este foi o nosso Top Universo Distopias da Literatura! Aguardem nossas próximas listas!




 

CITAÇÃO DA SEMANA

INFANTO-JUVENIL: Dia Internacional do Livro Infantil

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Hoje, dia 2 de abril, é comemorado o Dia Internacional do livro infantil. Esta comemoração surgiu no século XVII, em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen e tinha como objetivo educar moralmente as crianças. 


A data, que ganhou destaque mundial e atualmente é comemorada em mais de 60 países, visa incentivar e despertar nas crianças o prazer pela leitura. 

A Revista Crescer tem uma lista fantástica com os 55 melhores livros infantis. A lista foi elaborada com a colaboração de 35 especialistas em criança e cultura. Segundo informações da Revista:

"Tem poesia, conto, prosa. Clássico. Contemporâneo. Que faz pensar, sorrir, suspirar e emocionar. Para criança grande, pequena e também para o adulto (decidimos indicar idades em todos os 55 livros apenas como referência aos pais e não uma regra). Podem ser o início de uma biblioteca particular - ou pública. E, independente do estilo, são todos feitos para a criança morar, como desejou Monteiro Lobato". 

Vamos mostrar aqui os 10 primeiros indicados: 


                                 

Reinações de Narizinho (vol.1 e 2), de Monteiro Lobato (Editora Globo) e ilustrações de Paulo Borges

Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e tia Nastácia mergulham em aventuras no Sítio do PicaPau Amarelo. Não dá para ficar imune ao texto de Lobato. Ele constrói histórias como quem tece uma renda, e faz parecer conversa de peixe conversa com besouro e idéias de boneca de pano com sabugo de milho parecer normal. 
A partir de 6 anos. 


                                            

Bisa Bia, Bisa Bel, de Ana Maria Machado (Editora Salamandra)

Na premiada obra, Bel se encanta por um retrato da sua bisavó, ainda criança. Ela nunca a conheceu, mas imaginar um relacionamento entre as duas faz com que Bisa Bia se torne uma grande amiga e confidente. 
A partir de 7 anos. 


                                                        

A Bolsa Amarela, Lygia Bojunga (Editora Casa Lygia Bojunga)

Em uma velha bolsa doada por uma tia, Raquel esconde três grandes vontades: a de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. Lygia aborda os conflitos internos e externos da personagem, por meio de amigos secretos, fantasias e questões do mundo real. As reflexões ajudam os pequenos a dialogarem com seus conflitos. O texto segue solto. Não dá vontade de largar. 
A partir de 8 anos.


                                                     

Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias, de Ruth Rocha e ilustrações de Adalberto Cornavaca (Editora Salamandra)

O livro tem três histórias: Marcelo, Marmelo, Martelo, Teresinha e Gabriela e Os Donos da Bola. Nelas, os leitores conhecem crianças que se deparam com reveses comuns no universo infantil, como a dificuldade de diálogo entre adultos e crianças. Os desenhos expressam a vivacidade e inocência que envolvem estas lições. 
A partir de 6 anos.


                                         

Ou Isto ou Aquilo, Cecília Meireles e ilustrações de Thaís Linhares (Editora Nova Fronteira)

É o único livro de poesia entre os dez mais citados. O texto de 1964 é atual e introduz a criança no jogo de palavras, no humor e na sensibilidade de Cecília Meireles, que instiga os leitores a notar, entre tantas coisas, que a vida é repleta de duras escolhas. 
A partir de 4 anos.

                                                 
Contos de Grimm, de Wilhelm e Jacob Grimm (Editora Cia. das Letrinhas)

Nesta versão, com tradução de Heloisa Jahn e ilustração de Elzbieta Gaudasinska, encontram-se alguns dos textos escritos pelos irmãos alemães, no século 19, a partir de histórias populares, como Branca de Neve e O Pequeno Polegar. Cheios de moral, caem bem para abordar conflitos e medos infantis. 
A partir de 4 anos.


                                              

Flicts, de Ziraldo (Editora Melhoramentos)

Era uma vez uma cor muito rara e muito triste que se chamava Flicts. Ela sofre por não se encaixar em lugar algum. Não está no mar, no arco-íris, nas bandeiras. Até que ela descobre a que veio e mostra que todos têm seu lugar especial no mundo.
A partir de 4 anos.


                                                        
Contos de Andersen, de Hans Christian Andersen (Editora Ática)

Com tradução de Mary França e belos desenhos de Eliardo França, a obra reúne, em dois volumes, alguns contos do dinamarquês, seguidor do estilo dos irmãos Grimm: O Patinho Feio, Soldadinho de Chumbo e As Roupas Novas do Imperador. Uma das características de Andersen é criar texto cheios de heroísmo dos oprimidos, além de abordar problemas como perdas e abandono. 
A partir de 4 anos.


                                                    

O Menino Maluquinho, de Ziraldo (Editora Melhoramentos)

Alegria, carisma e esperteza em um menino bem maluquinho que cria sol em dias de chuva, abraça o mundo com as pernas, brinca com sua sombra, canta, distribui segredos. Com maestria, o autor trata de infância, felicidade e amadurecimento. 
A partir de 7 anos.


                                                  

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (Cia das Letrinhas) 

"Que graça tem um livro sem conversas ou figuras?" Assim começa a história de Alice, a menina que cai num poço e sai em outro mundo. Entre tantas, esta edição, contada por Ruy Castro e ilustrada por Laura Beatriz, foi citada pelos entrevistados como a melhor do clássico de 1862, primeiro grande título da Moderna Literatura Infantil. 
A partir de 9 anos.



Na lista também encontramos Mania de Explicação, de Adriana Falcão; Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado; Adivinha o quanto eu te amo, de Sam MacBratney; A Arca de Noé, de Vinícius de Moraes; A História Sem Fim, de Michael Ende; Pinóquio, de Carlo Collodi; O Menino Maluquinho, de Ziraldo; entre outros. 

Trata-se de uma excelente lista! No entanto, além destes existem milhares livros maravilhosos e repletos de imaginação! O importante mesmo é estar em contato com eles e com as palavras, para que as crianças possam descobrir cedo o enorme prazer da leitura!





OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, DE ÉRICO VERÍSSIMO

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Eugênio Fontes é o personagem principal do livro, que vive em Porto Alegre na década de 1930. Sua trajetória tem uma mudança tão radical durante a narrativa que o livro é dividido em duas partes. 


Na primeira parte, Eugênio é um homem que relembra, através de flashbacks, todas as dificuldades que passou durante sua infância e adolescência por causa da pobreza de sua família, que fez dele uma pessoa amargurada e com um sério complexo de inferioridade. 

Ainda criança ele decide que deve estudar e se tornar um homem rico, pois assim será um ser humano digno. Sua obsessão com relação a esse objetivo faz com que ele cometa graves erros no decorrer de sua vida, como esnobar o próprio pai, fingindo não o conhecer e abrir mão de um grande amor em troca de um casamento por interesse. 

Mesmo sem condições, seus pais investem para que Eugênio consiga estudar e depois de passar por um bom colégio interno, com isso, ele consegue ingressar na faculdade de Medicina e se formar para ser um cirurgião. 

No dia da formatura, após pegar seu diploma, ele se encontra cheio de questionamentos acerca de como será dali pra frente e se depara com Olívia, outra formanda que ainda não sabe o que fazer com aquele “canudo” que tem nas mãos. Os dois engatam uma longa e interessante conversa e ali nasce uma forte amizade. Eugênio e Olívia tornam-se colegas de trabalho, confidentes e, por fim, amantes. 

Depois de um tempo ela vai passar um período em outra cidade e Eugênio se depara com a oportunidade de casar-se com Eunice, filha de um homem muito rico, pensando em alcançar status na sociedade e encontrar enfim o conforto que tanto desejava. Ele vive por um tempo esse casamento de aparências, inclusive traindo sua esposa com a mulher de um amigo da família, tendo todas as regalias que a riqueza do sogro proporcionava, mas ainda infeliz. Até que ele descobre que Olívia retornou para a cidade com uma grande surpresa: uma filha deles, Anamaria. Enquanto ele enfrenta seus medos e indecisões, criando coragem para separar-se de Eunice e assumir sua verdadeira família, Olívia morre. 

Começa então a segunda parte do livro, que mostra um Eugênio em constante transformação. Ele separa-se de Eunice, termina seu relacionamento extraconjugal, vai morar com Anamaria e retoma sua carreira, porém como um médico popular, que atende pessoas menos favorecidas e se dedica realmente com amor à profissão. Eugênio vai mudando sua forma de pensar, amadurecendo, abrindo mão da obstinação que o fazia pensar que precisava de riquezas para ser feliz e se tornando um ser humano muito melhor. Grande parte dessa mudança se deve aos ensinamentos deixados por Olívia nas várias cartas que escreveu para ele. A primeira delas, antes de ir para o hospital, prevendo que algo poderia acontecer-lhe e as outras foram escritas enquanto estava longe, mas nunca enviadas ao destinatário. A principal carta contém a citação bíblica que dá nome ao livro. Segue um trecho da mesma: 


“Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.
Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação. E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar.” 


Esse clássico da literatura brasileira, publicado em 1938, não foi o primeiro livro escrito por Erico Verissimo, mas foi seu primeiro grande sucesso. O próprio autor fala no prefácio: 

“Com a publicação de Olhai os Lírios do Campo operou-se uma mudança considerável em minha vida. O romance obteve tão grande sucesso de livraria, que se esgotaram dele várias edições em poucos meses, deixando editores e escritor igualmente satisfeitos e perplexos. Tamanha foi a influência desse livro no espírito de certos leitores, que ele teve a força de arrastar consigo os romances que o autor publicara até então em tiragens modestas que levavam quase dois anos para se esgotarem. Posso afirmar que só depois do aparecimento de Olhai os Lírios do Campo é que pude fazer profissão da literatura.” 


A obra foi adaptada para a televisão e a novela foi exibida pela rede Globo em 1980. 


É um livro que leva à reflexão e é provável que uma única leitura não seja suficiente. É para ler e reler!

   





Este post foi elaborado por Angélica Pina, publicitária e colaboradora do blog Universo dos Leitores.








TEXTO DA SEMANA: O menino que escrevia versos, de Mia Couto

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De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?

(VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)



— Ele escreve versos!

Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.

— Há antecedentes na família?

— Desculpe doutor?

O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:

— Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.

Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas confissões de amor.

Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.

— São meus versos, sim.

O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?

Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado.

— O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.

Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.

Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:

— Dói-te alguma coisa?

—Dói-me a vida, doutor.

O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:

— E o que fazes quando te assaltam essas dores?

— O que melhor sei fazer, excelência.

— E o que é?

— É sonhar.

Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê? Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.

O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu:

— Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica.

A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.

Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.

— Não continuas a escrever?

— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida — disse, apontando um novo caderninho — quase a meio.

O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente.

— Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços.

— Não importa — respondeu o doutor.

Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.

Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:

— Não pare, meu filho. Continue lendo...


(Mia Couto)





NOTÍCIAS: Jovens criam bibliotecas em pontos de ônibus no Rio de Janeiro

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Bibliotecas improvisadas no Rio pelo projeto "Troca 1 livro"


Passageiros podem pegar e trocar livros em estantes espalhadas na cidade.
Projeto 'Troque 1 livro' está espalhado por 10 locais da Zona Sul.


Por iniciativa de um grupo de cinco jovens, alguns pontos de ônibus da Zona Sul do Rio de Janeiro se transformaram em bibliotecas itinerantes. Os caixotes usados nas feiras livres viraram estantes de livros, que abrigam obras de Vladimir Nabokov a Jorge Amado, passando por contos infantis e escolares, que podem ser trocados e lidos gratuitamente pelos passageiros nos longos engarrafamentos da cidade.

O designer Vitor Sento Sé, um dos autores do projeto intitulado “Troque 1 livro”, explica que o objetivo da ação é desenvolver o potencial criativo da cidade. “Queremos melhorias e ideias inovadoras para o Rio. Nesse início, 100 livros foram doados por amigos. Queremos expandir para outros locais, como a Zona Norte e o Subúrbio”, conta o jovem de 30 anos.


No primeiro dia do projeto, que teve início na quarta-feira (3), dez pontos de ônibus receberam as bibliotecas improvisadas. Os livros podem ser retirados e entregues na Rua Cosme Velho, na altura do Colégio São Vicente, na Praça Santos Dumont, na Gávea, na Rua da Passagem, em Botafogo, na Rua Jardim Botânico, na altura do Parque Lage, e em Ipanema, na esquina das ruas Garcia d´Ávila e Joana Angélica.

“Sabemos que na França e na Alemanha existe esse conceito de livros nos pontos de ônibus, mas lá não tem essa ideia de trocar, que é o mais legal do projeto”, diz o arquiteto e urbanista Hugo Rapizo, 28, um dos autores da iniciativa.

Além de Vitor e Hugo, integram o projeto o arquiteto André Almeida, o fotógrafo Marcelo Braga e o designer Jonas Dihel. Os jovens também são os criadores do programa “Simplicidades”, que promove exposições e atividades na cidade através do financiamento coletivo na internet.




PAUSA PARA O CINEMA: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

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Sinopse:O filme mostra Joel (Jim Carrey), um homem banal que fica surpreso ao descobrir que a sua namorada Clementine apagou as lembranças do tumultuado relacionamento que tiveram. Desesperado, ele contata o inventor desse processo, o Dr. Howard Mierzwiak, para também remover Clementine de suas lembranças. Porém, à medida em que as lembranças de Joel vão desaparecendo, ele começa a redescobrir o seu amor por Clementine. Joel tenta escapar do procedimento refugiando-se nas áreas mais profundas de seu cérebro e, durante a perseguição do Dr. Mierzwiak e de sua equipe através de um labirinto de lembranças, fica claro que Joel não consegue tirar Clementine da cabeça.



Destaques: Neste romance Jim Carey interpreta Joel, bem diferente dos seus caricatos e engraçados personagens. Através de uma interpretação convincente Carey se mostra focado e sofrido ao dar vida ao protagonista que já sofreu (e muito) por amor. Seu par romântico, Clementine, vivida de forma brilhante por Kate Winslet é uma personagem profunda, excêntrica, intensa e que encanta Joey com seu comportamento singular e seus cabelos coloridos. 



É um romance surpreendente, já que a história se passa na mente de Joey em boa parte do tempo. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças é um filme pouco convencional, a começar pelo fato de se passar na cabeça de Joey retratando sua luta para não se perder suas lembranças de Clementine. O filme não segue a uma lógica temporal e faz com que o expectador se mantenha atento para ligar os fatos narrados. Possui um roteiro incrível aliado a uma fotografia melancólica que destaca a angústia de Joey. O casal de protagonistas se encontram em perfeita sintonia e o filme ainda conta com bons efeitos especiais e uma trilha sonora excelente.
É uma ótima dica para quem busca um romance diferente, que foge aos clichês através de um roteiro adulto e de uma história bem original. Não deixem de conferir!



Trailer do Filme




A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR

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Em A Hora da Estrela, Clarice Lispector, que é conhecida pela intensidade dos sentimentos que transmite em seus textos e pela sua enorme capacidade de adentrar no psicológico dos seus personagens, nos apresenta a história de uma nordestina chamada Macabéa, que é, sem dúvida, uma das personagens mais miseráveis que iremos conhecer.

A história de Macabéa é narrada por Rodrigo S. M., que alterna o texto entre as suas próprias reflexões e a vida da personagem. 

Macabéa é uma garota virgem, miserável e que desconhece o fato de que existe no mundo e que tem alguma importância nele. Após perder a tia, ela se muda para o Rio de Janeiro e passa a trabalhar como datilógrafa. Com uma vida pacata, sem graça e sem o menor conforto, a sua única distração é ouvir rádio. No entanto, certo dia ela conhece Olímpio e começa a ter uma nova percepção do mundo que a circula. 

O narrador possui um grande destaque neste livro. Isto porque, enquanto conta a história de Macabéa (o que faz em terceira pessoa), ele busca encontrar o significado da literatura, da escrita e da sua existência. A personagem o incomoda, uma vez que ele não consegue compreendê-la. 

Com uma história extremamente simples e repleta de metáforas, Clarice nos permite refletir sobre a existência no mundo, sobre o nosso papel na sociedade e sobre nós mesmos, indivíduos repletos de medos, de inseguranças e passíveis de erro. Com uma perspectiva filosófica, a escritora demonstra os limites do conhecimento e da consciência. 

Acredito ser impossível ler esta obra e não se identificar com ela em algum ponto. Afinal, como seres humanos, todos nós já nos sentimos perdidos, sem saída, sem respostas e, principalmente, todos nós já nos apaixonamos pela pessoa errada. 

Cabe salientar que Clarice possui uma escrita peculiar e uma linguagem diferenciada e repleta de metáforas. Suas frases são ordenadas de uma forma única e durante o texto existem inúmeros parágrafos com filosofia e reflexão, o que certamente não agrada a todos os leitores. 

No entanto, trata-se de um livro encantador e que nos faz pensar. Um livro que com menos de 90 páginas, cativa o leitor. Certamente merece ser lido, relido e admirado. 


Passagens interessantes:

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho. (p.11)

É que "quem sou eu"? provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. (p.16)

Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. (p.18)

Já que sou, o jeito é ser. (p.34)

Ela acreditava em anjo, e porque acreditava, eles existiam. (p. 40)

Encontrar-se consigo própria era um bem que ela até então não conhecia. (p.42)

A vida é um soco no estômago. (p. 83)

Agarrava-se a um fiapo de consciência e repetia mentalmente sem cessar: eu sou, eu sou, eu sou. Quem era, é que não sabia. Fora buscar no próprio profundo e negro âmago de si mesma o sopro de vida que Deus nos dá. (p. 84)



Um destaque:


Durante as celebrações do aniversário de 92 anos da escritora Clarice Lispector, o Instituto Moreira Sales lançou um site especial em homenagem à escritora e preparou uma apresentação musical baseada no livro A hora da estrela.  

O concerto, intitulado Outra hora da estrela, teve direção de Eucanaã Ferraz e contou com a performance de Jussara Silveira (cantora), Marcelo Costa (percussão), Muri Costa (violão) e Bebe Kramer (acordeon). A narração foi de João Miguel.


Leitores, já leram este livro? O que acharam? Participem, a opinião de todos é muito importante pra nós!







DICAS: Livros para ler da noite para o dia!

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Muitas pessoas reclamam que não tem tempo para se dedicar à leitura. A verdade é a correria do dia-a-dia e o excesso de cansaço e de obrigações muitas vezes pode ser um complicador. 

Pensando nisso, elaboramos esta lista com dicas de livros agradáveis e com poucas páginas, que poderão ser lidos nos finais de semana ou com poucas horas. 

Vejam:



Sinopse: A metamorfose é a mais célebre novela de Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da literatura. O texto coloca o leitor diante do caixeiro-viajante Gregor Samsa, transformado em inseto monstruoso. A história é narrada com um realismo inesperado, que associa o senso de humor ao que é trágico, grotesco e cruel na condição humana.

Já falamos deste livro. Para saber mais clique aqui.


Sinopse: Nesta excelente fábula de crítica ao totalitarismo escrita pelo escritor britânico George Orwell em 1945, os animais tomam o poder em uma fazenda e estabelecem seus propósitos. "A Revolução dos Bichos", fábula de crítica ao totalitarismo, denuncia os caminhos distorcidos do poder ilimitado. 

Já falamos deste livro. Para saber mais clique aqui.




Sinopse: Romance de estreia, escrito quando Jorge Amado tinha dezoito anos, O país do Carnaval (1931) é, apesar do título irônico, mais sombrio e introspectivo que a maioria dos livros que fizeram dele o ficcionista mais popular da literatura brasileira. A narrativa começa no navio que traz de volta ao Brasil o jovem filho de fazendeiro Paulo Rigger, depois de sete anos em Paris, onde cursara direito e absorvera comportamentos e ideias modernas. Nos primeiros dias que passa no Rio de Janeiro, Rigger tenta compreender um país onde já não se sente em casa, um país que tenta timidamente superar seu atraso oligárquico e ingressar na era industrial e urbana. De volta a Salvador, ele participa de um grupo de poetas fracassados e jornalistas corruptos que giram em torno do cético Pedro Ticiano, cronista veterano. Todos se sentem insatisfeitos e buscam um sentido para a existência: no amor, no dinheiro, na política, na vida burguesa ou na religião. Nesse romance de geração, as dúvidas e angústias dos personagens espelham a situação do país, que naquele momento passava pela Revolução de 30 e procurava redefinir seus rumos.

Já falamos deste livro. Para saber mais clique aqui. 




Sinopse: Entre a realidade e o delírio, "A Hora da Estrela" é um romance sobre o desamparo a que todos estamos entregues. A história começa quando uma moça do interior vêm para a cidade grande em busca de seus sonhos, que acabam se misturando com a realidade.

Já falamos deste livro. Para saber mais clique aqui.


                                                   


Sinopse: Cada um de nós teve na juventude uma figura especial que, com paciência, afeto e sabedoria, nos ajudou a escolher caminhos e olhar o mundo por uma perspectiva diferente. Talvez tenha sido um avô, um professor ou um amigo da família – uma pessoa mais velha que nos compreendeu quando éramos jovens, inquietos e inseguros.
Para Mitch Albom, essa pessoa foi Morrie Schwartz, seu professor na universidade. Vinte anos depois, eles se reencontraram quando o velho mestre estava à beira da morte. Com o contato e a afeição restabelecidos, Mitch passou a visitar Morrie todas as terças-feiras, tentando sorver seus últimos ensinamentos.
Durante 14 encontros, eles trataram de temas fundamentais para a felicidade e a realização humana. Através das ágeis mãos de Mitch e do bondoso coração de Morrie nasceu esse livro, que nos transmite maravilhosas reflexões sobre amor, amizade, medo, perdão e morte.

Já falamos deste livro na sessão Pausa para a Leitura do blog BH CASAMENTOS. Para saber mais sobre ele clique aqui.




Sinopse: Um dos maiores intelectuais da antigüidade clássica, Sófocles produziu cerca de 120 peças, mas somente algumas foram conservadas. Aqui, Édipo é atormentado pela profecia de Delfos, que previu que Édipo mataria o pai e desposaria a mãe. Só resta a ele tentar fugir de seu destino.

Já falamos deste livro. Para saber mais sobre ele clique aqui.



Sinopse de Ana Terra: Paixão, tragédia e luta marcam a vida de “Ana Terra”, grande criação de Erico Veríssimo e um dos personagens inesquecíveis da literatura brasileira do século XX. 


Sinopse de Um Certo Capitão Rodrigo: Ficção e história numa prosa clara e vibrante, na qual Rodrigo Cambará, o personagem multifacetado, ora simpático, ora cruel, revela o poder de Erico Veríssimo de criar figuras cativantes. 

Os dois livros são capítulos da coleção O TEMPO E O VENTO, o maior sucesso do renomado escritor. 



Sinopse: Florbela Espanca (1894-1930) foi uma poetisa portuguesa que ultrapassou as convenções literárias de seu tempo e transformou em poesia sua vida tumultuada e sofrida. Em seu poema À memória de Florbela Espanca, escreve Fernando Pessoa: “Alma sonhadora, irmã gêmea da minha”. Florbela tinha exatamente a consciência de quais temáticas se adequavam aos livros que queria publicar. 
Trocando olhares (1985) foi essencial para que ela repensasse até o seu fazer poético, e é extremamente importante conhecermos esse manuscrito que serve como as colunas sobre as quais se ergueram suas obras.




Sinopse: Luís Fernando Veríssimo flagra cenas cotidianas e as retrata com humor e descontração. Uma mulher, de repente, começa a recitar trechos de propagandas de produtos no meio da sala. Um pai briga com a professora do filho por causa de uma palavra. Passeando por lugares-comuns, como a escola, o ônibus e mesmo a casa de uma família, o autor revela que é possível viver com bom humor, mesmo quando as situações são as mais estranhas e adversas possíveis.




Sinopse: A presente edição de José Matias e Outros Contos de Eça de Queiroz é o décimo sexto volume da Coleção Textos Básicos da Literatura Caminhos da Universidade. Este conto apresenta-nos uma insólita intriga amorosa, argumento que serve de pretexto para a crítica ao ultra-romantismo exacerbado e para a exaltação da estética realista. Esta história é contada pelo narrador que, ao estabelecer diálogo com um amigo seu acerca do funeral de José Matias (amigo comum), aproveita a oportunidade para contar a história amorosa do falecido. Todo o relato é feito essencialmente por meio da cena dialogada.


Apesar dessas indicações é preciso mencionar que a melhor dica se você quer encontrar tempo para ler sem ter que, necessariamente, mudar sua rotina é começar com um livro que adora. Quando lemos algo assim, nos esforçamos para conseguir ler alguma página a mais. Queremos saber o próximo passo dos personagens e como aquela cena espetacular irá terminar, então não medimos esforços para ler.


Também é essencial perceber em que horários ou em quais oportunidades você consegue ler. Durante o horário de almoço, no caminho de ida e volta para casa, antes de dormir, nos intervalos das aulas, etc. Se fizer essa análise, irá perceber que tem sim tempo para ler, apenas não aproveita como deveria.



NOTÍCIAS: "O Pequeno Príncipe", de Saint-Exupéry, completa 70 anos

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Obra, uma das mais populares do mundo, foi lançada inicialmente nos Estados Unidos

Um livro de encontros. É assim que a professora de literatura Verónica Galíndez Jorge, da Universidade de São Paulo (USP), define o livro O Pequeno Príncipe, do francês Antoine de Saint-Exupéry. Com temática existencialista, a obra segue uma das mais populares do mundo, mesmo 70 anos após seu lançamento - no Brasil, ela chegou somente em 1945, pela Agir, mas a estreia mundial ocorreu dois anos antes, em 6 de abril de 1943, nos Estados Unidos.

"Exupéry traz o reencontro do adulto com olhar perdido de criança e também o encontro da criança com questões da vida adulta", analisa Verónica. A temática a um só tempo densa e acessível, que encontra identificação em diferentes faixas etárias, é um dos pontos indicados pela professora para explicar o sucesso persistente da obra. "Também não podemos deixar de lado o fenômeno editorial dos anos 1980, quando o livro chegou a ser lido como autoajuda", acrescenta.

Definida pelo filósofo alemão Martin Heidegger como uma das maiores obras existencialistas do século 20, O Pequeno Príncipe é um dos livros mais traduzidos do mundo, mas não há consenso sobre o número exato: no site oficial da obra, Le Petit Prince, fala-se em 257 idiomas e dialetos, e há edições no Camboja e no Japão, por exemplo. No país nipônico, o sucesso foi tanto que há um museu dedicado ao Pequeno Príncipe na cidade de Hakone.

Desde a publicação, a trama já foi contada em diversas plataformas, como na série de desenho animado As Aventuras do Pequeno Príncipe, lançada no final da década de 1970. Mais recentemente, o livro inspirou uma animação computadorizada homônima, exibida no Brasil pelo canal de TV por assinatura Discovery Kids, e uma série em quadrinhos publicada pela Editora Amarilys.


O autor

                          

Exupéry, assim como um dos personagens do livro, também foi piloto. No final da década de 1920, o francês, que ficou conhecido como "o poeta da aviação", foi designado para trabalhar em Buenos Aires e chegou a pousar algumas vezes no Brasil. Um dos pontos de abastecimento estabelecidos pela empresa francesa de correio aéreo Latécoère, onde ele trabalhava, localizava-se na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. Ali, ele ficou conhecido entre os habitantes como "Zeperri", e passou a fazer parte da história da cidade - hoje, a capital catarinense conta com uma avenida nomeada em homenagem à principal obra do autor, Pequeno Príncipe, na praia do Campeche.

Além da América do Sul, Exupéry participou de missões em diversas localidades, da América do Norte à Europa. Ele foi visto pela última vez em 1944, quando decolou de uma base aérea no Mar Mediterrâneo e não retornou. Um bracelete com seu nome foi resgatado do Mar de Marselha, na década de 1990, e conduziu aos destroços do avião pilotado pelo francês. As circunstâncias da sua morte, contudo, não foram esclarecidas.


Na sala de aula

O Colégio Mater Amabilis, em Guarulhos (SP), ainda hoje adota a leitura de O Pequeno Príncipe. O livro foi trabalhado na escola entre 2007 e 2010, e voltou à sala de aula em 2013. A obra, que conta a história de um piloto que se perde no deserto e encontra um "pedacinho de gente" vindo do asteroide B612, é apresentada aos alunos do 7º ano do ensino fundamental, que têm, em média, 12 anos.

De acordo com a instituição, o livro é escolhido por abordar aspectos da relação humana e do próprio ser humano, o que faz com que os alunos pensem nas suas atitudes através das metáforas. Além disso, o colégio aproveita para fazer uma relação com o nome de sua escola de educação infantil, Pequeno Príncipe, que mantém esse nome desde sua fundação, há 44 anos.

Para André Valente, professor de literatura do Cursinho da Poli, O Pequeno Príncipe não deve aparecer em grandes vestibulares como os da Fuvest, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) ou da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pois as instituições tendem a trabalhar mais sua própria lista de livros. "No Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é mais provável, mas também é difícil. Se cair, é possível que a questão esteja mais voltada à filosofia do que para a literatura", explica, ao mencionar que o exame costuma trabalhar com questões humanísticas.


Citações

Algumas das célebres frases proferidas pelos personagens de O Pequeno Príncipe - muito difundidas por misses e aplicativos nas redes sociais - também ajudam a manter a obra viva. Confira, abaixo, algumas citações da obra:

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.


Os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração.


O essencial é invisível aos olhos.


Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.


Enquadrado pelo site PublishNews na categoria infanto-juvenil (categorização questionada por alguns críticos literários), foi o segundo livro mais vendido em fevereiro de 2013 e o quinto no segmento em todo o ano de 2012, segundo o ranking. Desde 2002, quando a editora Agir foi incorporada pela Ediouro, o livro vende uma média de 300 mil exemplares por ano, e está na 48ª edição no País.


FONTE: TERRA.


CITAÇÃO DA SEMANA

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, DE MACHADO DE ASSIS

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A resenha desta semana traz para vocês o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. 


Sinopse:É um dos livros que marcam o início do nosso Realismo. Um romance narrado em primeira pessoa, por um defunto, Brás Cubas, preocupado em rememorar os fatos mais marcantes de sua vida. Ele não só abre o seu íntimo, como também revela as dissimulações e as vaidades das pessoas que conheceu. Lembra a sua juventude ao lado de Marcela, seus anseios e as suas aspirações, as relações amorosas com Virgília, esposa de Lobo Neves e a teoria do Humanitismo, do filósofo maluco Quincas Borba.


Destaques: Antes de falar sobre o enredo, gostaria de fazer algumas considerações sobre a obra.  Apaixonei-me por este livro na adolescência quando fui apresentada a Machado de Assis em virtude de um trabalho escolar. Desde o começo a escrita irônica e crítica do autor me chamou a atenção e me encantou.  Infelizmente isto não acontece com todos que o lêem já que, na maioria das vezes, as escolas e professores acabam impondo uma leitura de algum grande autor antes dos  alunos adquirirem maturidade para interpretar obras mais complexas, e sem auxíliá-los a para compreender o livro, o que faz com que alunos saiam “traumatizados” da escola, adquirindo uma antipatia de certos livros ao invés de apreciá-los. Isto é tão comum que muitas pessoas nunca mais se dedicaram a ler algum autor nacional e alguns até perdem o prazer da leitura.


Sobre o livro, devo dizer que este grande sucesso de Machado de Assis já é diferente desde o começo, uma vez que o narrador está morto. Ele revela suas memórias póstumas, sob o seu atual ponto de vista (o de morto) e isto faz com que Brás Cubas se dispa de qualquer pudor para criticar a toda a hipocrisia da sociedade da qual fazia parte. Ele se vê livre das amarras e convenções sociais e dos jogos de interesses que o rodiavam, e se sente livre para criticar de forma ácida tudo aquilo que lhe incomodava em vida.  


Um dos primeiros representantes do realismo, Memórias Póstumas de Brás Cubas  não apresenta um enredo complexo e narra uma história até corriqueira, mas o que chama atenção mesmo é a escrita sofisticada, seu humor ácido e as críticas até então veladas de Brás Cubas. 


Esta narrativa póstuma faz com que a obra se torne ainda mais sincera, como se o autor tentasse provar a qualquer custo que uma vez que está morto, não se importa com as consequências do que diz. E através desta narrativa, Brás Cubas tenta mostrar que não fez nada de importante ou de significativo em sua vida. O que torna o livro interessante é a forma como Brás destaca sua insignificância e as dissimulações e jogos de interesses tão comuns na burguesia da qual ele fazia parte. 


Ao longo da história Brás demonstra que era um homem rico, solitário, meio rabugento e extremamente sarcástico. Seu cinismo está presente em suas narrativas, quando manda o amigo Quincas Borbas trabalhar por exemplo, sem que ele mesmo nunca tenha trabalhado. Este sarcasmo de Brás Cubas é responsável pelo humor negro do livro, tornando-o discretamente engraçado. 


O destaque está na forma como Brás narra seus romances e relacionamentos, sendo o primeiro com Marcella, e depois Eugênia. Depois Brás Cubas se decepciona com Virgília, pretendente que acabou se casando com outro homem. Ele envolve-se com Nhã-loló, mas a garota morre aos 19 anos frustrando os planos de casamento de Brás. Ao longo da vida ele encontra seu amigo de infância Quincas Borba e torna a se envolver (às escondidas) com Virgília que está casada.


Brás morre aos sessenta e quatro anos sem nenhum grande feito. No entanto, ironicamente Brás Cubas teve seu nome eternizado em  um dos maiores clássicos da literatura nacional. 

Citações:

"Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar..."

"Não acabarei, porém, o capítulo sem dizer que vi morrer no hospital da Ordem, adivinhem quem?... a linda Marcela; e vi-a morrer no mesmo dia em que, visitando um cortiço, para distribuir esmolas, achei... Agora é que não são capazes de adivinhar... achei a flor da moita, Eugênia, a filha de D. Eusébia e do Vilaça, tão coxa como a deixara, e ainda mais triste”.

"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la."

"Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. "







NOTÍCIAS: Projeto #LeiaVinicius

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2013 é o ano do centenário de Vinicius de Moraes. Para marcar a celebração, o projeto Leia Vinicius compartilha leituras de textos do poeta realizadas pelo público.

O projeta conta com parceria da Companhia das Letras e idealização do siteCatraca Livre. Cada participante seleciona um texto extraído de "Livro de sonetos", originalmente publicado pela Editora de Portugal e tendo acrescidos 25 outros textos, em 1967, na segunda edição, pela editora Sabiá.


Para participar com a leitura de um dos sonetos, acesse a página oficial de inscrição e leia o regulamento.






TEXTO DA SEMANA: Despedida, de Rubem Braga

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E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.



(Rubem Braga, do livro "A Traição das Elegantes", Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1967, pág. 83)



PAUSA PARA O CINEMA: Cinema Paradiso

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SE VOCÊ AMA O CINEMA NÃO PODE DEIXAR DE ASSISTIR!


Sinopse: Nos anos que antecederam à chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Totó (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Totó (Jacques Perrin), agora um um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.



















Nossas impressões: 

Este filme, dirigido por Giuseppe Tornatore, não conta apenas uma história sobre a importância do cinema como meio de diversão e lazer. O que ele nos apresenta é uma história de amizade, de saudade e de superação. 

É com uma habilidade ímpar que o diretor nos mostra um menino que teve uma infância triste e marcada pelo falecimento do pai, mas que nunca perdeu a esperança e a força. Um dos motivos foi o amor pelo cinema e o outro, a amizade. 

Um filme simples, mas intenso. Cada cena nos encanta de uma maneira única e os personagens, cativantes, apaixonados pelo cinema, sinceros e bem desenvolvidos, contribuem para a beleza e a magia do filme, que é sem dúvida um clássico do cinema. 

Além disso, o roteiro é super bem escrito, com algumas passagens cômicas, mas sempre naturais.

As cenas também foram extremamente bem filmadas. Sem dúvida o grande destaque são as de despedida e chegada. No momento em que o Totó, já adolescente, parte para Roma, a câmera se apega a detalhes: mãos, silêncio, abraço. Da mesma forma, quando ele retorna para a sua cidade em razão do falecimento do velho amigo, a cena do vestido de tricô feito pela mãe que vai se desfazendo enquanto ela parte para os braços do filho, traduz uma emoção única.

Quanto à trilha sonora, também é possível verificar a sua mudança. Nas duas primeiras fases do filme (Totó criança e adolescente), ela é digna de um filme antigo dos anos 40, emocionante, sensível. No entanto, na terceira fase, com Totó adulto e que representava o tempo atual, a música passa a ter um tom melancólico e nostálgico. 

Sem dúvida um filme que merece ser visto inúmeras vezes. Quem ama cinema e sabe o seu valor certamente se emocionará! 


“A vida não é como nos filmes. A vida é muito mais difícil.”
 (Alfredo diz a Totó)




Trailer:



Prêmios e indicações:

- Oscar 1990 (EUA): venceu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Globo de Ouro 1990 (EUA): venceu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Festival de Cannes 1989 (França): recebeu o Grande Prêmio do Júri e foi indicado à Palma de Ouro.

- Prêmio César 1990 (França): ganhou o prêmio de Melhor Poster e foi indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Academia Japonesa de Cinema 1991 (Japão): indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Prêmio David di Donatello 1989 (Itália): venceu na categoria de Melhor Música (Ennio Morricone).

- BAFTA 1991 (Reino Unido): foi indicado nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Arte. Venceu nas categorias de Melhor Ator (Philippe Noiret), Melhor Ator Ator Coadjuvante (Salvatore Cascio), Melhor Filme em Língua Não Inglesa, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Roteiro Original.






ESCRITORES: Mia Couto

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Antônio Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu em 5 de Julho de 1955 na cidade da Beira em Moçambique. É filho de uma família de emigrantes portugueses. 

O pai, Fernando Couto, natural de Rio Tinto, foi jornalista e poeta, pertencendo a círculos intelectuais, tipo cineclubes, onde se faziam debates. Chegou a escrever dois livros que demonstraram preocupação social em relação à situação de conflito existente em Moçambique. 

Mia Couto publicou os seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira, com 14 anos. Iniciava assim o seu percurso literário dentro de uma área específica da literatura – a poesia –, mas posteriormente viria a escrever as suas obras em prosa. Em 1972 deixou a Beira e foi para Lourenço Marques para estudar medicina. A partir de 1974 enveredou pelo jornalismo, tornando-se, com a independência, repórter e diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) - de 1976 a 1976; da revista semanal Tempo - de 1979 a 1981 e do jornal Notícias - de 1981 a 1985. Em 1985 abandonou a carreira jornalística.


Reingressou na Universidade de Eduardo Mondlane para se formar em biologia, especializando-se na área de ecologia, sendo atualmente professor da cadeira de Ecologia em diversas faculdades desta universidade. Como biólogo tem realizado trabalhos de pesquisa em diversas áreas, com incidência na gestão de zonas costeiras e na recolha de mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos naturais. É diretor da empresa Impacto, Lda. - Avaliações de Impacto Ambiental. Em 1992, foi o responsável pela preservação da reserva natural da Ilha de Inhaca.

Mia Couto é um "escritor da terra", escreve e descreve as próprias raízes do mundo, explorando a própria natureza humana na sua relação umbilical com a terra. A sua linguagem extremamente rica e muito fértil em neologismos, confere-lhe um atributo de singular percepção e interpretação da beleza interna das coisas. Cada palavra inventada como que adivinha a secreta natureza daquilo a que se refere, entende-se como se nenhuma outra pudesse ter sido utilizada em seu lugar. 

As imagens de Mia Couto evocam a intuição de mundos fantásticos e em certa medida um pouco surrealistas, subjacentes ao mundo em que se vive, que envolve de uma ambiência terna e pacífica de sonhos - o mundo vivo das histórias. Mia Couto é um excelente contador de histórias. É o único escritor africano que é membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente, eleito em 1998, sendo o sexto ocupante da cadeira nº 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.

Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior e um dos autores estrangeiros mais vendidos em Portugal. As suas obras são traduzidas e publicadas em 24 países. Várias das suas obras têm sido adaptadas ao teatro e cinema. Tem recebido vários prêmios nacionais e internacionais, por vários dos seus livros e pelo conjunto da sua obra literária.

É, comparado a Gabriel Garcia Márquez e Guimarães Rosa. Seu romance Terra sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.







OBRAS DE MIA COUTO:

Poesia

- Raiz de Orvalho, publicado em 1983 (Moçambique).

- Raiz de Orvalho e outros poemas, 1ª ed. da Caminho, em 1999.

- Idades, Cidades, Divindades, 1ª ed. da Caminho, em 2007.

- Tradutor de Chuvas. 1ª ed. da Caminho, em 2011.


Contos

- Vozes Anoitecidas (1ª ed. da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1986; 1ª ed. 

- Caminho, em 1987 - Grande Prêmio da Ficção Narrativa em 1990, ex aequo.

- Cada Homem é uma Raça, 1ª ed. da Caminho em 1990.

- Estórias Abensonhadas, 1ª ed. da Caminho, em 1994.

- Contos do Nascer da Terra, 1ª ed. da Caminho, em 1997

- Na Berma de Nenhuma Estrada, 1ª ed. da Caminho em 1999.

- O Fio das Missangas,1ª ed. da Caminho em 2003.


Crônicas

- Cronicando,1ª ed. em 1988; 1ª ed. da Caminho em 1991. - Prêmio Nacional de Jornalismo Areosa Pena, em 1989.

- O País do Queixa Andar, 2003.

- Pensatempos. Textos de Opinião,1ª ed. da Caminho em 2005.

- E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções,1ª ed. da Caminho em 2009.


Romances

- Terra Sonâmbula, 1ª ed. da Caminho em 1992. - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995; considerado por um júri na Feira Internacional do Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX. Disponível online.

- A Varanda do Frangipani, 1ª ed. da Caminho em 1996.

- Mar Me Quer, 1ª ed. Parque EXPO/NJIRA em 1998, como contribuição para o pavilhão de Moçambique na Exposição Mundial EXPO '98 em Lisboa; 1ª ed. da Caminho em 2000.

- Vinte e Zinco, 1ª ed. da Caminho em 1999.

- O Último Voo do Flamingo, 1ª ed. da Caminho em 2000 - Prêmio Mário António de Ficção em 2001.

- O Gato e o Escuro, [com ilustrações de Danuta Wojciechowska], 1ª ed. da Caminho em 2001.[com ilustrações de Marilda Castanha]. 1ª ed. brasileira, da Cia. das Letrinhas, em 2008.

- Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra, 1ª ed. da Caminho em 2002. [rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira].

- A Chuva Pasmada, [com ilustrações de Danuta Wojciechowska], 1ª ed. da Njira em 2004.

- O Outro Pé da Sereia, 1ª ed. da Caminho em 2006.

- O beijo da palavrinha, [com ilustrações de Malangatana], 1ª ed. da Língua Geral em 2006.

- Venenos de Deus, Remédios do Diabo, 2008.

- Jesusalém [no Brasil, o livro tem como título Antes de nascer o mundo], 2009.


"Talvez minha voz seja um pano; sim, um pano que limpa o tempo."
(Mia Couto, no livro "O Fio das Missangas")


OBRAS DE MIA COUTO PUBLICADAS NO BRASIL

Editora Companhia das Letras

2003 - Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra.

2005 - O Último Voo do Flamingo.

2006 - O Outro Pé da Sereia.

2007 - A Varanda do Frangipani.

2007 - Terra Sonâmbula.

2008 - O Gato e o Escuro.

2008 - Venenos de Deus Remédios do Diabo.

2009 - Antes de Nascer o Mundo. [título original “Jesusalém”].

2009 - O Fio das Missangas.

2011 - E Se Obama Fosse Africano?

2012 - A Confissão da Leoa.

2012 - Estórias Abensonhadas.


Editora Nova Fronteira

1986 - Estórias Abensonhadas.

1990 - Cada Homem é Uma Raça.

1993 - Terra Sonâmbula.

1996 - A Varanda do Frangipani.


"Estas estórias desadormeceram em mim sempre a partir de qualquer coisa
acontecida de verdade mas que me foi contada como se tivesse ocorrido na
outra margem do mundo. Na travessia dessa fronteira de sombra escutei vozes que vazaram o sol. Outras foram asas no meu voo de escrever."

(Mia Couto, in "Vozes anoitecidas")




PRÊMIOS

1995 - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos;

1999 - Prêmio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra;

2001 - Prêmio Mário António, pelo livro O último vôo do flamingo;

2007 - Prêmio União Latina de Literaturas Românicas;

2007 - Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, na Jornada Nacional de Literatura;

2012 - Prêmio Eduardo Lourenço 2011.



TRADUÇÕES

Muitos dos livros de Mia Couto são publicados em mais de 24 países e traduzidos para o alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano.


"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro."

(Fala de Tuahir- in "Terra sonâmbula", de Mia Couto)


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

É sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.


"Sou um menino que envelheceu logo à nascença. Dizem que, por isso, me é proibido contar minha própria história. Quando terminar o relato eu estarei morto. [...] Mesmo assim me intento, faço na palavra o esconderijo do tempo."

(Mia Couto, in "A Varanda do Frangipani", Lisboa: Caminho, 1991)



ENTREVISTA NO PROGRAMA RODA VIVA


Quem quiser saber um pouco mais sobre este grande escritor pode assistir a entrevista concedida por ele ao Program Roda Viva!



OBRA DE MIA COUTO ADAPTADA PARA O CINEMA 


Filme: Um Rio 

Adaptação:“Um Rio” é uma adaptação do romance “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra”, de Mia Couto.

Sinopse: Quando a pá do coveiro se quis enterrar na terra, para tapar a cova onde ficaria sepulto o cadáver de Dito Mariano (Isaac Mandlate), embateu numa superfície inexpugnável e rija como aço. A tempestade raiou no céu e um pasmo trespassou os elementos da família presentes no enterro. 

Os rumores tomaram conta de “Luar do Chão”, a ilha onde o patriarca Dito Mariano era “o homem de todas as mulheres”. Para mais, o cadáver exibia o rictus sorridente a que Dito, em conversa com o Padre Nunes e o taberneiro Tuzéio (Adelino Branquinho), chamara “o sorriso da Mona Lisa”, que só se desata quando se chegou à cifra de cem mulheres”.
De quem seria a culpa da terra não abrir, das alterações climatéricas, daquele “riso do Diabo”, segundo Admirança (Cândida Bila), a cunhada? A discórdia eclode entre as mulheres. Dulcineusa (Ana Magaia), a matriarca da família, sentencia: “A terra não abre porque há segredo por desfazer”.


Filme: Terra Sonâmbula

Adaptação: Terra Sonâmbula é uma adaptação cinematográfica de 2007 de um livro com o mesmo nome por Mia Couto. 

Sinopse: Durante a Guerra Civil Moçambicana, encontramos Muidinga, um rapaz frágil e amnésico, cujo sonho é o de encontrar a sua família. Junto a um cadáver estendido na estrada, Muidinga encontra um diário que narra a história de uma mulher que procura o seu filho num barco em alto mar. Motivado pela esperança de encontrar a sua própria família, Muidinga convence-se de que ele é o rapaz procurado. Embarca, com Tuahir, um sábio e solitário contador de histórias que o recolheu num campo de refugiados numa viagem à procura dessa mulher.

No entanto a viagem é dura: movem-se num estado de delírio. A estrada por onde erram, como sonâmbulos, é mágica: apercebe-se dos seus desejos e move-os de um sítio para o outro, não os deixando falecer, até que possam alcançar o tão desejado mar.


Filme: O Último Voo do Flamingo

Sinopse: Tizangara, uma pequena vila perdida no interior de Moçambique, poucos meses depois do fim da Guerra Civil. Cinco misteriosas explosões matam outros tantos soldados da Missão de Paz das Nações Unidas. Provas do crime? Apenas pénis decepados e os emblemáticos capacetes azuis. É este o ponto de partida para uma enigmática investigação conduzida pelo oficial de serviço designado pelas Nações Unidas, o Tenente-Coronel italiano Massimo Risi. Baseado no romance homônimo de Mia Couto.



FONTE:Templo Cultural Delfos. 


KÖNIG, DE ANA RITA PETRAROLI

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Neste livro, o primeiro lançado por Ana Rita Petratoli, somos apresentados a Francisca, uma conhecida e respeitada advogada, casada com Ricardo, um executivo financeiro,  por quem é completamente apaixonada. Os dois saem do Brasil com destino a Munique, mas sequer imaginam a reviravolta que suas vidas terão em tão poucos dias.

Em uma visita ao castelo do falecido Rei Luis II, Francisca descobre um importante documento que pode trazer inúmeras mudanças à história européia e atingir diretamente o governo  a política e a sociedade como um todo.

Após a descoberta do referido documento, a sua curiosidade se torna incontrolável e ela resolve investigar a questão. No entanto, sequer poderia imaginar que a sua insistência estava colocando em risco a vida de inúmeras pessoas, inclusive a sua e a do seu marido. 

Um livro bem construído e desenvolvido, que apresenta os fatos com ordem lógica e coerente, e que consegue prender o leitor desde a primeira página. Um misto de romance, suspense, investigação e muita ação. Em meio a tudo isso, a autora ainda conseguiu apresentar um pouco da história européia. 

Quem gosta de livros repletos de mistério e de perigos, certamente vai adorar!

A linguagem é simples e a leitura é rápida. Um destaque é a capacidade da autora de desenvolver a história em torno do mistério e do segredo, ao mesmo tempo em que mostra os sentimentos dos personagens, que são sempre intensos e preocupados. Ela consegue nos prender tanto pela ação, quanto pela paixão.

Sem dúvida trata-se de uma leitura prazerosa e que nos faz perceber, mesmo se tratando de uma ficção, até que ponto as pessoas e os organismos políticos são capazes de chegar para defender os seus interesses e proteger os seus segredos. Também nos mostra a importância da persistência e do amor. 

Ana Rita Petraroli

                                                         


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