Quantcast
Channel: UNIVERSO DOS LEITORES
Viewing all 1645 articles
Browse latest View live

20 incríveis ilustrações baseadas nas melhores frases de Cem Anos de Solidão

$
0
0




Cem Anos de Solidão é daqueles livros que já nascem clássicos. Suas múltiplas faces e seu encantamento vem arrebatando uma legião de leitores deste seu lançamento até agora. O NotaTerapia atestou isso quando, algum tempo atrás lançamos uma série chamada Dicas de Leitura e optamos por começar com esta incrível obra de Gabriel Garcia Marquez. A matéria consistia em recolher opiniões de leitores para saber como o livro havia arrebatado cada um e, reunindo essas opiniões convencer, talvez, outros leitores a adentrar no universo da obra. (Para conferir a matéria, basta clicar aqui!)


Entre os comentários, muitos se destacaram, mas um deles nos apresentou a um projeto incrível. Trata-se do ilustrador paulista Bruno Alves que teve ideia incrível: o Projeto Cem Anos de Solidão. No projeto, Bruno ilustra os melhores trechos da obra de Gabo, para totalizar, ao fim, cem ilustração: uma para cada ano de solidão. Este projeto belíssimo, além de criar uma zona de contato entre as artes visuais e a literatura, atualiza a obra a partir da visão singular de um artista. Para saber mais sobre Bruno Alves, mas seguir suas páginas:




O NotaTerapia separou as 10 melhores ilustrações com os 10 melhores trechos da obra. Confira:
“O Coronel Aureliano Buendía dispunha então de tempo para enviar de quinze em quinze dias um informe pormenorizado a Macondo. Mas apenas uma vez, quase oito meses depois de ter partido, Úrsula lhe escreveu. Um emissário especial trouxe em casa um envelope lacrado, dentro do qual havia um papel escrito com a caligrafia preciosa do coronel: Tomem muito cuidado com papai porque ele vai morrer. Úrsula se alarmou. “Se Aureliano está dizendo, Aureliano sabe”,
“Passou seis horas examinando as coisas, tentando encontrar uma diferença do aspecto que tiveram no dia anterior, procurando descobrir nelas alguma mudança que revelasse o transcurso do tempo. Ficou toda a noite na cama com os olhos abertos, chamando Prudencio Aguilar, Melquíades, todos os mortos, para que viessem compartilhar do seu desgosto. Mas ninguém acudiu. Na sexta-feira, antes que todos se levantassem, voltou a observar a aparência da natureza, que não teve a menor dúvida de que continuava sendo segunda-feira. Então agarrou a tranca de uma porta e com a violência selvagem da sua força descomunal espedaçou, até transformar em poeira, os aparelhos de alquimia, o gabinete de daguerreotipia, a oficina de ourivesaria, gritando como um endemoniado num idioma altissonante e fluido, mas completamente incompreensível. Dispunha-se a arrasar com o resto da casa, quando Aureliano pediu ajuda aos vizinhos. Foram necessários dez homens para subjugá-lo, quatorze para amarrá-lo, vinte para arrastá-lo até o castanheiro do quintal, onde o deixaram amarrado, ladrando em língua estranha, e deitando espuma verde pela boca. Quando Úrsula e Amaranta chegaram, ainda estava atado pelos pés e pelas mãos ao tronco do castanheiro, ensopado de chuva e num estado de inocência total. Falaram com ele e ele olhou para elas sem reconhecê-las, e lhes disse alguma coisa incompreensível. Úrsula lhe soltou as munhecas e os tornozelos, ulcerados pela pressão das cordas, e o deixou amarrado apenas pela cintura. Mais tarde construíram uma pequena coberta de sapé para protegê-lo do sol e da chuva.”
“Rebeca estava tão impaciente diante da proximidade do casamento que quis preparar o vestido com mais antecipação que havia previsto Amaranta. Ao abrir a cômoda e desembrulhar primeiro os papéis e depois o pano protetor, encontrou o cetim do vestido e a renda do véu e até a coroa de flor laranjeira pulverizados pelas traças. Embora estivesse certa de ter colocado no embrulho dois punhados de bolinhas de naftalina, o desastre parecia tão acidental que não se atreveu a culpar Amaranta.”
“No fim de fevereiro, chegou a Macondo uma anciã de aspecto cinzento, montada num burro carregado de vassouras. Parecia tão inofensiva que as patrulhas de vigilância deixaram-na passar sem perguntas, como mais um dos vendedores que freqüentemente chegavam dos povoados do pantanal. Foi diretamente ao quartel. Arcadio a recebeu no local onde antes esteve a sala de aula, e que então estava transformada numa espécie de acampamento de retaguarda, com redes enroladas e penduradas nas argolas e esteiras amontoadas nos cantos, e fuzis e carabinas e até espingardas de caça jogados pelo chão. A anciã se endireitou numa saudação militar antes de se identificar: — Sou o Coronel Gregorio Stevenson”
“José Arcadio Buendía conseguiu por fim o que procurava: conectou a uma bailarina de corda o mecanismo do relógio, e o brinquedo dançou sem interrupção, ao compasso da sua própria música, durante três dias. Aquela descoberta o excitou muito mais do que qualquer das suas empresas descabeladas. Não voltou a comer. Não voltou a dormir. Sem a vigilância e os cuidados de Úrsula, deixou-se arrastar pela sua imaginação até um estado de delírio perpétuo do qual não voltou a se recuperar. Passava as noites andando no quarto, pensando em voz alta, procurando a maneira de aplicar os princípios do pêndulo aos carros de boi, às grades do arado, a tudo o que fosse útil posto em movimento. Cansou-o tanto a febre da insônia que certa madrugada não pôde reconhecer o ancião de cabeça branca e gestos incertos que entrou no seu quarto. Era Prudencio Aguilar. Quando por fim o identificou, assombrado de que também os mortos envelhecessem, José Arcadio Buendía sentiu-se abalado pela nostalgia. “Prudencio”, como é que você veio aqui tão longe!” Após muitos anos de morte, era tão imensa a saudade dos vivos, tão premente a necessidade de companhia, tão aterradora a proximidade da outra morte que existia dentro da morte, que Prudêncio Aguilar tinha acabado por amar o pior dos seus inimigos .”
“Úrsula ordenou um luto de portas e janelas fechadas, sem entrada nem saída para ninguém a não ser para assuntos indispensáveis; proibiu falar em voz alta durante um ano, e pôs o daguerreótipo de Remedios no lugar em que se velou o cadáver, com uma fita negra em diagonal e uma lâmpada de azeite acesa para sempre. As gerações futuras, que nunca deixaram apagar a lâmpada, haveriam de se desconcertar diante daquela menina de saia pregueada, botinhas brancas e laço de organdi na cabeça, que não conseguiam fazer coincidir com a imagem acadêmica de uma bisavó. Amaranta tomou conta de Aureliano José. Adotou-o como um filho que haveria de compartilhar da sua solidão e aliviá-la do ópio involuntário jogaram as suas súplicas desatinadas no café de Remedios. Pietro Crespi entrava na ponta dos pés ao anoitecer, com a fita negra no chapéu, e fazia uma visita silenciosa a uma Rebeca que parecia perder o sangue dentro do vestido negro com mangas até os punhos. Teria sido tão irreverente a simples ideia de pensar em nova data para o casamento que o noivado se converteu numa relação eterna, um amor de cansaço em que ninguém voltou a pensar, como se os apaixonados que em outros tempos estragavam as lâmpadas para se beijar tivessem sido abandonados ao arbítrio da morte. Perdido o rumo, completamente desmoralizada, Rebeca voltou a comer terra”
“Todas as tardes era visto voltando a cavalo, com os seus cães monteses e a sua espingarda de dois canos, e uma fileira de coelhos pendurados na sela. Uma tarde de setembro, diante da ameaça de uma tempestade, voltou para casa mais cedo que de costume. Cumprimentou Rebeca na copa, amarrou os cachorros no quintal, pendurou os coelhos na cozinha, para salgá-los mais tarde, e foi para o quarto trocar de roupa. Rebeca declarou depois que quando o marido entrou no quarto, ela se fechou no banheiro e não percebeu nada. Era uma versão difícil de acreditar, mas não havia outra mais verossímil, e ninguém pôde conceber um motivo para que Rebeca assassinasse o homem que a tinha feito feliz. Este foi talvez o único mistério que nunca se esclareceu em Macondo. Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão. — Ave Maria Puríssima! — gritou Úrsula.”
“Antes que o levassem ao paredão, o Padre Nicanor tentou assisti-lo. “Não tenho nada de que me arrepender”, disse Arcadio, e se pôs às ordens do pelotão depois de tomar uma xícara de café preto. O chefe do pelotão, especialista em execuções sumárias, tinha um nome que era muito mais do que uma coincidência: Capitão Roque Carnicero. A caminho do cemitério, sob uma chuvinha insistente, Arcadio observou que no horizonte despontava uma quarta-feira radiante. A tristeza se esvanecia com a névoa e deixava no seu lugar uma imensa curiosidade. Só quando lhe ordenaram ficar de costas para o muro foi que Arcadio viu Rebeca, com o cabelo molhado e um vestido de flores rosadas, abrindo a casa de par em par. Fez um esforço para que o reconhecesse. Com efeito, Rebeca olhou casualmente para o muro e ficou paralisada de susto,só podendo reagir para fazer a Arcadio um sinal de adeus com a mão. Arcadio respondeu da mesma forma. Nesse instante, apontaram para ele as bocas fumegantes dos fuzis, e ele ouviu letra por letra as encíclicas cantadas de Melquíades, e sentiu os passos perdidos de Santa Sofia de la Piedad, virgem, na sala de aula, e experimentou no nariz a mesma dureza de gelo que lhe havia chamado a atenção nas fossas nasais do cadáver de Remedios. “Ah, caralho!”, chegou a pensar, “me esqueci de dizer que se nascesse mulher pusessem Remedios.” Então, numa só pontada dilacerante, voltou a sentir todo o terror que o atormentara na vida. O capitão deu a ordem de fogo. Arcadio mal teve tempo de estufar o peito e levantar a cabeça, sem entender de onde fluía o líquido ardente que lhe queimava as coxas. — Cornos! — gritou. — Viva o Partido Liberal!”
“Era um homem decrépito. Embora a sua voz estivesse também oscilante pela incerteza e as suas mãos parecessem duvidar da existência das coisas, era evidente que vinha do mundo onde os homens ainda podiam dormir e recordar. José Arcadio Buendía encontrou-o sentado na sala, abanando-se com um remendado chapéu negro, enquanto lia com atenção compassiva os letreiros pregados na parede. Cumprimentou-o com amplas demonstrações de afeto, temendo tê-lo conhecido em outra época e agora não se lembrar mais dele. Mas o visitante percebeu a falsidade. Sentiu-se esquecido, não com o esquecimento remediável do coração, mas com outro esquecimento mais cruel e irrevogável que ele conhecia muito bem, porque era o esquecimento da morte. Então entendeu. Abriu a mala entupida de objetos indecifráveis, e dentre eles tirou uma maleta com muitos frascos. Deu para beber a José Arcadio Buendía uma substância de cor suave, e a luz se fez na sua memória. Seus olhos se umedeceram de pranto, antes de ver-se a si mesmo numa sala absurda onde os objetos estavam marcados, e antes de envergonhar-se das solenes bobagens escritas nas paredes, e ainda antes de reconhecer o recém-chegado numa deslumbrante explosão de alegria. Era Melquíades.”
“Rebeca esperava o amor às quatro da tarde, bordando junto à janela. Sabia que a mula do correio não chegava senão de quinze em quinze dias, mas a esperava sempre, convencida de que ia chegar um dia qualquer por engano. Aconteceu exatamente o contrário: uma vez a mula não chegou na data prevista. Louca de desespero, Rebeca se levantou à meia noite e comeu punhados de terra no jardim, com avidez suicida, chorando de dor e fúria, mastigando minhocas macias e espedaçando os dentes nas cascas de caracóis. Vomitou até o amanhecer. Afundou num estado de prostração febril, perdeu a consciência e o coração se abriu num delírio sem pudor. Ùrsula, escandalizada, forçou a fechadura do baú e encontrou no fundo, atada com fitas cor-de-rosa, as dezesseis cartas perfumadas e os esqueletos de folhas e pétalas conservadas em livros antigos e as borboletas que ao toca-las se converteram em pó.”



Elenco do filme de Han Solo posta primeira foto das gravações

$
0
0

Quem adora Star Wars levanta a mão o/ ! 

Para a minha alegria e a de todos os fãs foi divulgada esta semana a primeira foto das gravações do filme de Han Solo, um dos personagens mais queridos e carismáticos da saga. 

Segundo informações da Disney, o filme solo do caçador de recompensas trará detalhes da vida de Han e de Chewbaca (ou Chewie para os íntimos), mostrando a história dos personagens antes do lançamento da trilogia clássica (episódios IV, V e VI).

Caberá a Alden Ehrenreich (Ave, César!) a difícil tarefa de substituir Harrison Ford (que responsabilidade!). O elenco conta ainda com Donald Glover (Atlanta) que faz Lando Calrissian, Woody Harrelson, Emilia Clarke, Thandie Newton, Phoebe Waller-Bridge e Joonas Suotamo.

Vale lembrar que este é o segundo "spin-off" da saga, depois do elogiadíssimo Rogue One: Uma História Star Wars, que narra a história do grupo responsável pelo roubo dos planos de destruição da Estrela da Morte, fato crucial para o fortalecimento da Aliança Rebelde. 

Enquanto o filme não estreia resta a nós esperar por mais detalhes dos bastidores de mais um filme que promete! 

Vem aí "A Guerra que salvou minha vida" - de Kimberly Brubaker Bradley

$
0
0

QUANDO A GUERRA COMEÇA DENTRO DE CASA.

A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA é um daqueles romances que você lê com um nó no peito, sorrisos no rosto e lágrimas nos olhos entre um parágrafo e outro. Uma obra sobre as muitas batalhas que precisamos vencer para conquistar um lugar no mundo.

Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando.



ABRACE ESSA HISTÓRIA:

Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.

Kimberly Brubaker Bradley consegue ir muito além do que se convencionou chamar “história de superação”. Seu livro é um registro emocional e historicamente preciso sobre a Segunda Guerra Mundial. E de como os grandes conflitos armados afetam a vida de milhões de inocentes, mesmo longe dos campos de batalha. No caso da pequena Ada, a guerra começou dentro de casa.



Essa é uma das belas surpresas do livro: mostrar a guerra pelos olhos de uma menina, e não pelo ponto de vista de um soldado, que enfrenta a fome e a necessidade de abandonar seu lar. Assim como a protagonista, milhares de crianças precisaram deixar a família em Londres na esperança de escapar dos horrores dos bombardeios.

Combinando a ternura de Em Algum Lugar Nas Estrelas, outro título da coleção DarkLove, com a realidade angustiante de O Diário de Anne Frank, A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA apresenta uma perspectiva da Segunda Guerra Mundial vista pelos olhos de uma menina que se transforma em refugiada no seu próprio país. Mais uma oportunidade perfeita para emocionar corações de todas as idades e relembrar os valores do companheirismo e da amizade em todos os momentos da nossa vida. Vencedor do Newbery Honor Award, primeiro lugar na lista do New York Times e adotado em diversas escolas nos Estados Unidos.

 PRÉ-VENDA NA AMAZON: http://amzn.to/2lQbfyd


“Dolorosamente adorável [...] Com nuances e emoções certeiras, este conto vívido sobre os tempos de guerra fará com que os leitores sofram com cada tropeço de Ada e se alegrem com suas vitórias — a ponto de trazer lágrimas aos olhos.”
— THE WALL STREET JOURNAL —

“Envolvente, tocante, sutil [...] Esta é uma história que fará com que o leitor se sinta bem, mas ele terá que conquistar isso. [...] Um romance diferente e poderoso à sua própria maneira.”
— THE HORN BOOK —

“As realidades dos sacrifícios caseiros da Segunda Guerra Mundial, assim como a raiva e o medo realistas de Ada, ganham vida no tocante e bem narrado livro de Bradley. Os leitores vão comemorar a cada vez que Ada triunfa sobre o desespero.”
— BOOKLIST —

“Há tanta coisa para ser apreciada nesse livro — a voz cativante de Ada, o cenário intenso, o humor, os momentos emocionantes e, acima de tudo, a persistência no desejo de sobreviver.”
— SCHOOL LIBRARY JOURNAL —

“Na guerra pessoal de Ada reside nossa esperança de que o amor não pode ser — e não será — derrotado.”
— GARY D. SCHMIDT, AUTOR DE OKAY FOR NOW —

Confira a lista dos vencedores do OSCAR 2017

$
0
0





A espera acabou e ontem tivemos uma das maiores premiações do cinema: a entrega do Oscar 2017! A cerimônia foi marcada pelo apelo político e às críticas a Trump, 
pela diversidade nos resultados (algo muito questionado na edição anterior) e pela trabalhada no anúncio do maior prêmio da noite (melhor filme). La La Land foi anunciado como vencedor, mas quem faturou o prêmio foi Moonlight, que levou outros dois prêmios. Apesar da gafe, La La Land foi o filme que mais levou prêmios para casa, com um total de 6 estatuetas. Confiram a relação completa dos vencedores:



ATOR COADJUVANTE

Vencedor: Mahershala Ali, "Moonlight: sob a luz do luar"
Jeff Bridges, "A qualquer custo"

Lucas Hedges, "Manchester à beira-mar"

Dev Patel, "Lion: Uma jornada para casa"

Michael Shannon, "Animais noturnos"



MAQUIAGEM E CABELO:

"Um homem chamado Ove"

"Star Trek: sem fronteiras"

Vencedor: "Esquadrão suicida"

FIGURINO:

"Aliados"

Vencedor: "Animais fantásticos e onde habitam"
"Florence: quem é essa mulher?"

"Jackie"

"La la land: cantando estações"



LONGA DOCUMENTÁRIO:

"Fogo no mar", de Gianfranco Rosi

"I am not your negro", de Raoul Peck

"Life, animated", de Roger Ross Williams

Vencedor: "O.J.: made in America", de Ezra Edelman
"A 13ª Emenda", de Ava DuVernay



EDIÇÃO DE SOM:

Vencedor: "A chegada"
"Horizonte profundo: desastre no Golfo"

"Até o último homem"

"La la land: cantando estações"

"Sully: o heroi do Rio Hudson"


MIXAGEM DE SOM:

"A chegada"

Vencedor: "Até o último homem"
"La la land: cantando estações"

"Rogue One: uma história Star Wars"

"13 horas: os soldados secretos de Benghazi"




ATRIZ COADJUVANTE:



Vencedora: Viola Davis, "Um limite entre nós"
Naomie Harris, "Moonlight: sob a luz do luar"

Nicole Kidman, "Lion: Uma jornada para casa"

Octavia Spencer, "Estrelas além do tempo"

Michelle Williams, "Manchester à beira-mar"



FILME ESTRANGEIRO:

"Terra de minas" (Dinamarca)

"Um homem chamado Ove" (Suécia)

Vencedor: "O apartamento" (Irã)
"Tanna" (Austrália)

"Toni Erdmann" (Alemanha)



CURTA DE ANIMAÇÃO

"Blind Vaysha"

"Borrowed Time"

"Pear Cider and cigarettes"

"Pearl"

Vencedor: "Piper"


LONGA DE ANIMAÇÃO:

"Kubo e as cordas mágicas"

"Moana: um mar de aventuras"

"Minha vida de abobrinha"

"A tartaruga vermelha"

Vencedora: "Zootopia"



DIREÇÃO DE ARTE:

"A chegada"

"Animais fantásticos e onde habitam"

"Ave, César"

Vencedor: "La la land: cantando estações"
"Passageiros"



EFEITOS VISUAIS:

"Horizonte profundo: desastre no Golfo"

"Doutor Estranho"

Vencedor: Mogli: o menino lobo"
"Kubo e as cordas mágicas"

"Rogue One: uma história Star Wars"




EDIÇÃO:

"A chegada"

Vencedor: "Até o último homem"
"A qualquer custo"

"La la land: cantando estações"

"Moonlight: sob a luz do luar"




CURTA-METRAGEM:

"Ennemis intérieurs", Slim Azzazi

"La femme et le TGV", Timo von Gunten e Giacun Caduff

"Silent nights", Aske Bang e Kim Magnusson

Vencedor: Sing", Kristof Deak e Anna Udvardy

"Timecode", Juanjo Gimenez



CURTA DOCUMENTÁRIO:

"Extremis"

"4.1 miles"

"Joe's violin"

"Watani: my homeland"

Vencedor: "The white helmets"



FOTOGRAFIA:

"A chegada"

Vencedor: "La la land: cantando estações"

"Lion: uma jornada para casa"

"Moonlight: sob a luz do luar"

"Silêncio"



TRILHA SONORA:

"Jackie"

Vencedor: "La la land: cantando estações"
"Lion: uma jornada para casa"

"Moonlight: sob a luz do luar"

"Passageiros"




CANÇÃO ORIGINAL:

"Audition (The fools who dream)", de "La la land: cantando estações"

"Can't stop the feeling", de "Trolls"

Vencedor: "City of stars", de "La la land: cantando estações"

"The empty chair", de "Jim: The James Foley Story"

"How far I go", de "Moana: um mar de aventuras"



ROTEIRO ORIGINAL:

"A qualquer custo"

"La la land: cantando estações"

"O lagosta"

Vencedor: "Manchester à beira-mar"
"Mulheres do Século 20"



ROTEIRO ADAPTADO:

"A chegada"

"Um limite entre nós"

"Estrelas além do tempo"

"Lion: uma jornada para casa"

Vencedor: "Moonlight: sob a luz do luar"



DIREÇÃO:

"A chegada", Denis Villeneuve

"Até o último homem", Mel Gibson

Vencedor: La la land: cantando estações", Damien Chazelle
"Manchester à beira-mar", Kenneth Lonergan

"Moonlight: sob a luz do luar", Barry Jenkins



ATOR:

Vencedor: Casey Affleck, "Manchester à beira-mar"

Andrew Garfield, "Até o último homem"

Ryan Gosling, "La la land: cantando estações"

Viggo Mortensen, "Capitão Fantástico"

Denzel Washington, "Um limite entre nós"



ATRIZ

Isabelle Huppert, "Elle"

Ruth Negga, "Loving"

Natalie Portman, Jackie

Vencedora: Emma Stone, "La la land: cantando estações"
Meryl Streep, "Florence: quem é essa mulher?"



MELHOR FILME:

"A chegada"

"Um limite entre nós"

"Até o último homem"

"A qualquer custo"

"Estrelas além do tempo"

"La La Land: cantando estações"

"Lion: uma jornada para casa"

"Manchester à beira-mar"

Vencedor: "Moonlight: sob a luz do luar"

O perfume da folha de chá, de Dinah Jefferies

$
0
0



 Aos 19 anos, em 1925, Gwendolyn entra em um navio partindo rumo ao exótico Ceilão, para ir morar com Laurence, com quem acabou de se casar. Sua nova casa é uma enorme fazenda de um dos maiores produtores de chá da época, com uma belíssima casa, um maravilhoso lago e muitos empregados tâmeis e cingaleses. Gwen precisa aprender a conviver com as diferenças culturais e de idioma, além de um tratamento hostil por parte da maioria, exceto da aia, Naveena, que apesar de muito calada, é extremamente solícita e prestativa.

Laurence, que a princípio se mostra muito dedicado e apaixonado, começa então a se distanciar, tanto por ser um homem muito ocupado quanto por alguns segredos antigos que o assombram. Ele teve um primeiro casamento que o deixou com muitas marcas, já que a esposa adoeceu e morreu muito jovem.


“A preocupação com Laurence espantou seu sono, e, sabendo que provavelmente passaria a noite em claro, Gwen se deitou com os olhos abertos. Ele devia ter suas razões, ela pensou. Mas o que seria capaz de explicar aquela estranha expressão em seu olhar?”

Gwen sente-se sozinha, muito distante de casa e tendo que lidar com uma situação diferente do que imaginara. Verity, sua cunhada, é extremamente problemática e dependente do irmão, passando a maior parte do tempo morando na mesma casa que eles, mas o relacionamento entre as duas é complicado. Savi Ravasinghe, a primeira pessoa que Gwen conheceu ao chegar no Ceilão, tinha tudo para se tornar um grande amigo, mas Laurence não aprova sequer sua presença na fazenda, o que parece uma mágoa antiga. Há ainda a americana Christina, uma viúva com quem Laurence já teve um caso e que deixa bem claro que ainda teria se dependesse dela, o que deixa Gwen insegura e enciumada.

Por fim, Gwen descobre-se grávida, o que a deixa muitíssimo feliz. Porém, no dia do parto, tendo apenas a companhia de Naveena, acontece algo totalmente inusitado que a obriga a tomar a decisão mais difícil de sua vida. Depois disso, não é apenas Laurence que mantém segredos, mas sua esposa também. Será possível manter um relacionamento baseado em omissões e ter a mente tranquila?

“Seu estado mental em deterioração, exacerbado pela privação de sono, fez seu corpo todo doer. Ela sofria sobressaltos a cada barulhinho, ouvia coisas que não estavam lá, sentia-se incapaz de realizar as tarefas mais simples e se viu presa em um círculo vicioso.”

Em “O perfume da folha de chá”, nos deparamos com uma narrativa em terceira pessoa marcada por minuciosas descrições das paisagens, das pessoas, das cores e dos cheiros de tudo. É possível sentir-se no Ceilão e em cada lugar descrito, o que para mim foi algo inédito, já que nunca havia lido uma história com esse cenário. Fica nítido que a autora realizou muitas pesquisas sobre a região e seus costumes, inserindo ainda fatos da época, como a quebra da bolsa de valores de Nova York, e como isso afetou a economia de outros países, inclusive a fazenda de Laurence e o preço do chá. O preconceito racial e de classe também é abordado com muita riqueza e é o que sustenta muitos dos conflitos dos personagens.

Os mistérios e segredos prendem bastante a atenção e atiçam a curiosidade, mas ao final, quando tudo é revelado, eu me senti um pouco frustrada por ter imaginado coisas mais graves e pesadas. A trama traz muito drama e sofrimento, o que não me agrada muito, pois, pessoalmente, prefiro leituras mais leves, mas isso não quer dizer que o livro é ruim, de forma alguma.

A principal reflexão que fica da história é: até que ponto vale a pena sustentar uma mentira – ou uma omissão – e colocar em risco a vida de todas as pessoas envolvidas? Ao decidir omitir uma verdade, é preciso se preparar para lidar com as consequências desse ato e suportar a culpa.

“Gwen sabia muito bem que a culpa era capaz de consumir uma pessoa por dentro, e que era uma presença persistente, invisível a princípio, mas que ia crescendo até ganhar vida própria.

10 Beijos inesquecíveis do cinema

$
0
0


Olá, tudo bem?

Eu sei que falta muito para o dia dos namorados mas como eu ADORO um romance hoje resolvi contar para vocês quais são os meu beijos favoritos do cinema (até porque ninguém precisa de desculpa para falar de amor não é mesmo?) ! Listei 10 das minhas cenas favoritas baseadas no Instituto Minha Opinião meu gosto pessoal, e é claro que não consegui colocar todas as cenas que gostaria! Por isso escolhi as mais inesquecíveis baseadas na minha experiência pessoal ok? Confira: 


TITANIC


Titanic conquistou uma das maiores bilheterias e obteve um número recorde de indicações ao Oscar. Além de todo o investimento e de toda a persistência do diretor James Cameron, podemos atribuir este sucesso à química e às atuações de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que proporcionaram aos expectadores uma das cenas mais incríveis do cinema! 


HOMEM ARANHA

Eu sempre me perguntei o quanto esse beijo deve ter sido desconfortável (parece que o Aranha de cabeça para baixo no meio dessa chuva vai se asfixiar) , mas pela originalidade, e claro, pela paixão entre Spider Man e Mary Jane esta cena sempre é lembrada como um dos momentos mais marcantes deste herói da Marvel!



MEU PRIMEIRO AMOR

Nos anos 80/90 as decepções no cinema começavam bem cedo e antes de destruir nossos coraçõezinhos Vada e Tom protagonizaram uma das cenas mais lindas e queridas do cinema ao som de My Girl | The Temptations. Impossível ouvir esta música e não lembrar da cena! 



GHOST

" Molly  - EU TE AMO.
Sam   -IDEM"

Além de vetar a palavra idem como possível resposta prática a uma declaração de amor e de proporcionar infinitas reprises na Sessão da Tarde (que por sinal, eu sempre assistia), Ghost mostrou que o amor pode vencer a vida, à morte e à safadeza do "amigo" mau caráter do Sam (desculpa gente, ainda não superei aquilo tudo). Como o filme tem duas cenas de beijo bem marcantes escolhi a cena acima que é linda, romântica, sexy e toca Unchained Melody. Além disto não é tão tristinha como a cena do beijo fantasmagórico de despedida entre Sam e Molly. 


A DAMA E O VAGABUNDO

Cena linda por motivos de : "cachorrinhos comendo macarrão em uma animação da Disney."

Essa fofurice toda não se aplica a humanos, não tentem fazer isso em casa.



O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN

Heath Ledger e Jake Gyllenhaal protagonizaram um dos romances mais tórridos do cinema e levaram às telas do cinema um dos primeiros beijos gays que o grande público viu, já que até então isso era característico de filmes mais independentes. O longa quebrou tabus e provou que romance é romance e pronto, independente de gênero e/ou orientação sexual. 


CASABLANCA 

Rick e Ilsa sempre terão Paris e nós sempre teremos esse filme maravilhoso na memória! 


STAR WARS 

Saudades Carrie Fisher, que a força esteja sempre com você!

AMELIE POULAIN  

Esta cena é piegas? É. O filme é criticado por isso? Sim. Eu ligo? NADINHA.

Amo Amelie, amo o Nino, amo essa trilha, amo essa paleta verde/vermelha e irei defendê-los!


SHREK


Um beijo que prova que a beleza mais importante vem de dentro deve ser lembrado pra sempre sim!


Gostou da lista ? Tenho certeza que vários beijos maravilhosos ficaram de fora! Qual beijo você acrescentaria? Conta pra gente nos comentários!

Mary Shelley no conto "Valério: o romano reanimado"

$
0
0

Eu tenho certeza que a maioria de vocês já viu que a Darkside Books publicou, em uma edição espetacular, o clássico Frankstein, um dos grandes clássicos da literatura de terror, que foi escrito há 200 anos por Mary Shelley - sim, por uma mulher.

O livro veio para abrir a Coleção Medo Clássico e como é típico da editora, ele está repleto de detalhes, de ilustrações, notas e extras que enriquecem a leitura. Contudo, além de tudo isso e do texto original, a edição também conta com quatro Contos sobre a Imortalidade, que foram escritos por Shelley antes da publicação da sua grande e inesquecível obra.


Com isso, para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, a Darkside Books me convidou para contar um pouco sobre um dos contos, o Valério: o romano reanimado

Antes de começar a falar sobre ele, preciso dizer que estou completamente encantada com a Introdução do livro, que foi escrita por Márcia Xavier de Brito e com os Prefácios das edições de 1818 e 1831. 

Na Introdução conhecemos um pouco sobre os caminhos que levaram a autora à escrever o livro que fala sobre a busca incansável pelos mistérios da criação e sobre as lutas travadas entre o criador e a criatura. Durante a leitura, é possível compreender melhor o que virá na história e as razões pelas quais a obra foi considerada um dos marcos do terror e da ficção científica.


Nos Prefácios, por sua vez, conhecemos mais a história de Mary, da sua família e do seu casamento. Com isso, conseguimos perceber com clareza o quanto ela era moderna, corajosa, lúcida e inteligente. Quando terminei a leitura daquelas pouquíssimas páginas, eu já estava completamente apaixonada por ela...

A resenha da obra virá em breve, mas a história em si já é conhecida por muitos, afinal, é um sucesso que marcou uma geração e que nunca foi esquecido.

Dito isto, vamos ao conto... Que conto, que conto!


Em Valério: o romano reanimado, conhecemos um homem romano que após passar anos "desacordado", acorda em um país completamente diferente e arruinado. A Roma que ele conhecia não existe mais, as pessoas com as quais ele convivia também não. Solitário e nostálgico, ele vê as ruínas como prova do fracasso, da dor e da tragédia. Depois de um tempo caminhando sem rumo em busca de respostas e de um mínimo de esperança, ele encontra um consolo quando conhece Isabell, uma mulher que tenta lhe mostrar a história com um outro olhar.

No final do conto, temos a narrativa sobre a visão de Isabell. Ela descreve com intensidade a forma como tentou ajudar aquele homem e como se sentia penalizada diante da sua situação. Percebemos, também, que nada do que ela fez foi suficiente, afinal, o passado que ele viveu fez dele uma pessoa com uma visão de mundo completamente diferente da dela.

O interessante é que além de questões sobre imortalidade e passar do tempo, o conto aborda com profundidade a nossa visão da história e do passado. É possível perceber que o que é glória para uns, é desastre para outros, e que muitas vezes esse abismo entre opiniões e gerações impede a construção de um vínculo saudável de relacionamento.


Daí o grande e interminável questionamento: vale a pena prolongar a vida além do curso natural?

Com esse questionamento, deixo aqui a minha dica para que leiam este livro e dediquem um tempo especial aos contos que estão no final. São todos curtos e super interessantes! Além deste que comentei, ou outro são: Roger Dodsworth - inglês reanimado; Transformação; e O Imortal Mortal!

Para acompanhar detalhes especiais sobre o livro, acessem o blog da Juliana Fiorese, que preparou oito postagens exclsuivas (e lindaaas) sobre a obra


Como eu disse antes, em breve resenha completa... AGUARDEM!

Gostou? Compre aqui


Caviar é uma ova, de Gregorio Duvivier

$
0
0


"Pra começar, caviar não me representa - nunca vi nem comi, só ouço falar. Caviar é uma ova - literalmente. Entendo a metáfora, mas acho que não se aplica a essa nova esquerda hipster que vocês tanto odeiam. Melhor seria Esquerda Maionese Trufada. Esquerda Cerveja Artesanal. Esquerda bicicleta de Bambu. Aí sim: esse cara sou eu. Ou para ser sincero, nem assim."

Tenho adiado me sentar ao computador para falar sobre Caviar é uma Ova, o último livro lançado por Gregório Duvivier. O motivo é simples: Quando eu gosto demais de um livro, fico com receio de não conseguir expressar de forma justa o valor da obra.


Eu já era fã do Gregório por seu trabalho no Porta, já tinha lido algumas de suas crônicas para Folha de São Paulo, mas minha admiração cresceu em um nível muito mais alto depois de ter lido esse seu último livro que nos apresenta uma compilação de suas últimas crônicas.




Posso dizer sem exagero nenhum que esse livro foi a melhor companhia que eu tive na minha última viagem. Eu estava sozinha e levava o livro comigo pra onde quer que eu fosse. Esperando na fila para entrar numa exposição, pegava o livro; sentada num restaurante aguardando meu pedido, pegava o livro; no avião, livro... e eu dava gargalhadas tão altas que cheguei a intrigar algumas pessoas que estavam por perto. Me emocionei também, conversei em voz alta com o livro e me apaguei tanto, que tenho que confessar que faltam 2 últimas crônicas e ainda não tive coragem de lê-las porque com o fim delas, o livro também chegará ao final. Na verdade, já reli algumas crônicas mais de 2 vezes e sei que posso fazer isso com muitas outras. Isso me deixa mais tranquila.

Antes de iniciar a leitura, li no verso do livro a opinião de Chico Buarque sobre o referido com os seguintes dizeres:


"Contra mau humor, burrice e todo fanatismo, vá de Gregório Duvivier"

Acho que esse é mesmo um bom resumo. "Caviar é uma ova" passa por temas políticos em sua maioria, mas também caminha, de forma inteligente e bem-humorada por vários outros temas que nos fazem rir, refletir, que tocam na ferida e que nos emocionam.


Vou continuar carregando "Caviar é uma Ova" por aí e continuarem tendo comigo, a melhor de muitas companhias.


Gostou do livro? Compre aqui: Amazonhttp://amzn.to/2lCnwXF 



Crônica: Exigências da Vida Moderna, de Luis Fernando Veríssimo

$
0
0


Que tal uma crônica de Luis Fernando Veríssimo para a sexta-feira ficar mais leve?!


EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.

Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.

Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.

Um copo de cerveja, para… não lembro bem para o que, mas faz bem.

O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.

E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia… E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.

Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.

Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.

Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.

Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.

Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!

Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.

Chame os amigos junto com os seus pais.

Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher… na sua cama.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora tenho que ir.

É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal… Tchau!

Viva a vida com bom humor!!!

Nem a Rosa, nem o Cravo - conto de Jorge Amado sobre o nazismo

$
0
0


As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!




Poema: Os Ombros Suportam o Mundo, de Carlos Drummond de Andrade

$
0
0


Carlos Drummond de Andrade



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Vem aí Abominação, de Gary Whitta

$
0
0

ABOMINAÇÃO é um romance de fantasia dark que reconta um dos capítulos mais sangrentos da história da Inglaterra: as invasões vikings do século IX. Apresentando personagens e batalhas reais, sua narrativa vai muito além do que poderíamos encontrar nos livros de escola. Com influências que vão de H.P. Lovecraft a Game of Thrones, ABOMINAÇÃO vem sendo recebido mundo afora como um novo clássico para fãs do gênero.

O reinado de Wessex foi o único de toda a Inglaterra que escapou dos invasores dinamarqueses. Seu rei, Alfredo, o Grande, negocia um acordo com os bárbaros do Mar do Norte, mesmo sabendo que eles não são exatamente os maiores adeptos da paz. É preciso estar preparado, a guerra pode recomeçar a qualquer momento. O arcebispo de Canterbury oferece proteção ao reino, através de feitiços descobertos por ele em velhos pergaminhos. O rei só não poderia imaginar que a magia seria ainda mais perigosa que os próprios vikings.

O primeiro romance de Gary Whitta, também autor do aclamado Star Wars: Rogue One, é uma aventura para os leitores mais valentes. Você mal consegue virar as páginas sem se manchar de sangue. O que à primeira vista poderia ser apenas gore ou grotesco se transforma em momentos de grande beleza, num estilo preciso que chega a lembrar o mestre Clive Barker.

As cenas de batalha merecem destaque especial. É como se o leitor estivesse lá, com a espada em punho, lutando por sua vida. A literatura de Gary Whitta já nasce pronta para as telas, e não seria uma surpresa uma adaptação cinematográfica de ABOMINAÇÃO repetir o sucesso de outros enredos do autor.

Se você é fã de mitologia nórdica, assim como Neil Gaiman, e se não ousa perder um episódio da série Vikings, ABOMINAÇÃO é um item obrigatório na sua estante. O lançamento é da DarkSide® Books, numa edição em capa dura e casca grossa, resistente a machadadas e até mesmo ao martelo do deus do trovão.



“Game of Thrones com um toque de H.P. Lovecraft.”
— CLIFF BLESZINSKI, CRIADOR DO JOGO GEARS OF WARS —

“Uma estreia formidável, que une ficção científica, fantasia histórica e temas espirituais com muita habilidade [...] O ritmo de Whitta é soberbo.”
— PUBLISHERS WEEKLY —

“Abominação é realmente fantástico. O livro tem todas as características que gostei em O Nome do Vento — e muito mais!
— GALE ANNE HURD, PRODUTORA DE O EXTERMINADOR DO FUTURO, ALIENS, O RESGATE E THE WALKING DEAD —

“Uma mistura épica de magia negra, monstros durões, espadas e muito sangue.”
— NICOLE PERLMAN, CORROTEIRISTA DE GUARDIÕES DA GALÁXIA —

“Uma fantasia sangrenta e perfeita — esta é uma história manipulada pelas mãos de um mestre.”
— CHUCK WENDIG, AUTOR DE STAR WARS − MARCAS DA GUERRA —

“Brutal e absolutamente incrível. Um livro imperdível.”
— NERDIST PODCAST —

Crônica: A metamorfose, de Luis Fernando Veríssimo

$
0
0

Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ella quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: “Que horror… Preciso acabar com essas baratas…”

Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Para uma ex-barata. Maquiou-se. Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia?… Tinha educação?…. Referências?… Conseguiu a muito custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.

Difícil era ser gente… Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar ? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência Social. Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase quatro milhões ! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pronome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia Universidade Católica.

Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi : “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois , mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.


Kafka não significa nada para as baratas…

Crônicas: Na escuridão Miserável, de Fernando Sabino

$
0
0

“Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente, encostada ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

– O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente pensando tratar-se de esmola.

– Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

– O que é que você está me olhando aí?

– Nada não senhor – repetiu. – Esperando o bonde…

– Onde é que você mora?

– Na Praia do Pinto.

– Vou para aquele lado. Quer uma carona?

Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

– Entra aí, que eu te levo.

Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

– Como é o seu nome?

– Teresa.

– Quantos anos você tem, Teresa?

– Dez.

– E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

– A casa da minha patroa é ali.

– Patroa? Que patroa?

Pela sua resposta pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

– Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

– Você já jantou?

– Não. Eu almocei.

– Você não almoça todo dia?

– Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida para mim.

– E quando não tem?

– Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês.

– Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

– Quando eu peço eles me dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

– E quanto você ganha?

– Mil cruzeiros.

– Por mês?

Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro, tomado de indignação. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

– Como é que você foi parar na casa dessa… foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro,ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

– Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu à mamãe pra eu trabalhar na casa dela então mamãe deixou porque mamãe não pode ficar com os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, brigado.

Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.”

Trechos marcantes do Livro A Invenção de Morel, de Adolf Bioy Casares

$
0
0

Depois de ler o brilhante triller A Invenção de Morel do escritor Adolf Bioy Casares, selecionei algumas das minhas passagens favoritas do livro que inspirou a série LOST!



"A vida será então um depósito da morte."


"Não esperar da vida, para não arriscá-la; dar-se por morto, para não morrer. De repente isso me pareceu um letargo pavoroso, inquiétíssimo; quero que acabe. Depois da fuga, depois de ter vivido sem atentar a um cansaço que me destruí, conquistei a calma; minhas decisões talvez me devolvam a esse passado ou aos juízes; são preferíveis a este longo purgatório."

"O fato de não podermos compreender nada fora do tempo e do espaço, compreender nada fora do tempo e do espaço talvez sugira que nossa vida não é apreciavelmente distinta da sobrevivência a ser obtida com esse aparelho." 


"Quando queremos desconfiar, nunca falta a ocasião." 


"É lamentável que Morel tenha escondido seu invento nesta ilha. Talvez eu esteja enganado; talvez Morel seja um personagem famoso. Se não, como prêmio por divulgar o invento, eu poderia obter o indébito indulto dos meus seguidores. Mas se Morel não o divulgou, certamente o revelou a algum de seus amigos. Contudo, é estranho que não se falasse nisso quando saí de Caracas. "

"Agora o pesadelo continua...Meu fracasso é definitivo, e o que eu faço é contar sonhos, Quero acordar, e encontro aquela resistência que impede escapar dos sonhos mais atrozes." 

"Os intrusos não vieram me buscar. Eu os vejo aparecer e desaparecer na beira do barranco. Talvez por causa de alguma imperfeição da alma (e da infinidade de mosquitos), tive saudade da véspera, de quando estava sem esperanças e Faustine e não nesta angústia."


"A eternidade rotativa pode parecer atroz para o expectador, é satisfatória para seus membros."

"Quem não desconfiaria de uma pessoa que dissesse: eu e meus companheiros somos aparências, somos novos tipos de fotografias? No meu caso a desconfiança é mais justificável ainda: sou acusado de um crime, fui condenado a prisão perpétua e é possível que minha captura ainda seja profissão de alguém, sua esperança de ascensão na burocracia. "

"Por fim, o medo da morte me livrou da superstição de incompetência: foi como se de repente visse os motores através de lentes de aumento: deixaram de ser um aleatório amontoado de ferros, ganharam formas, disposições que permitiam entender sua função."


Gostou do livro? Encontre a melhor oferta aqui: http://amzn.to/2o4Bgek






Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins

$
0
0
Foto: Minha Vida Literária


O teatro é sempre um sintoma dentro de nossa literatura. Mais do que um espelho da nossa sociedade, o teatro é capaz de, nas entrelinhas entre texto, direção e atuação, apresentar elementos essenciais e, muitas vezes, escorregadios, da nossa cultura. Enquanto a literatura pode emular movimentos e o cinema pode planejar viagens, o teatro sempre será o raio x de um tempo e de uma história. No caso de Osman Lins, um dos maiores escritores brasileiros, o teatro serve como exemplo, como sintoma, de que a cultura popular brasileira transcende e ultrapassa aquilo que os manuais poderiam planejar. A simplicidade de Lisbela e o Prisioneiro é apenas aparente, pois seu resultado é a potência da literatura dramática e da cultura brasileira.



Lisbela e o Prisioneiroé o grande sucesso do romancista, poeta e dramaturgo Osman Lins. A peça de teatro em três atos conta a história de Leléu, um malandro que está preso e, a fim de fugir do cárcere, acaba por se envolver com a filha do Tenente Guedes, Lisbela. No entanto, por conta das atitudes de Leléu, ele está ameaçado de morte por Francisco Evandro, um matador de aluguel que prometeu vingança. Leléu, de dentro da prisão, monta um esquema que envolve uma série de peripécias e aventuras na tentativa de escapar da morte e conseguir, ao fim, ficar com Lisbela. Consagrada pelo cinema na pele de Selton Mello e Débora Falabella, Lisbela e o Prisioneiro se tornou um dos grandes filmes nacionais dos últimos anos.



Essas coisas, essas valentias, essas espertezas, esses saltos, nunca acontecem na vida.



Filiada ou bastarda das comédias de costumes (ou comédia de situações) de ampla tradição farsesca, desde as obras de Moliére, passando pela comédia dell’arte e chegando no teatro popular brasileiro, desde Ariano Suassuna até as peças de feira, Lisbela e o Prisioneiro se utiliza da criação dos tipos para a composição de sua obra, característica muito comum neste tipo de teatro. Vemos, então, um desfile destas figuras farsescas como o Tenente Guedes, o autoritário atrapalhado, Citonho, o velho cheio de manias, Dr. Noêmio, o homem que foi pra cidade, aprendeu modos e ficou “bobo”, Frederico Evandro, o vilão que quer destruir o principal e, claro, Lisbela, a mocinha apaixonada e Leléu o malandro que consegue dar a volta em todos.



O mais interessante é que, partindo destas figuras, a obra é capaz de refletir sobre as lutas internas, de classe, de educação, de poder e de jogos de força que há em nossa cultura. O saber do Dr. Noêmio pode lhe dar um certo status, mas ao lado de Leléu, aquele que tem o saber do “mundo”, perde seu poder, sua validade, enquanto que por mais que Leléu se esforce para ser um homem desses, será sempre aquele a ser perseguido, a viver a margem.



Esse mundo é assim. O sujeito nunca é o que nasceu pra ser.



E o autor, Osman Lins, autor de grandes obras do século XX como Avalovara, O Fiel e a Pedra e O Visitante, desta vez, buscou uma aproximação mais direta, sem a mediação da narração e da linguagem literária reflexiva trabalhada para montar sua obra. Apesar disso, o que mais e destaca, dentre as peripécias da obra é que, em muitos momentos, Osman consegue deixar escapar alguns traços de suas demais narrativas, como na fala de Lisbela:



Aí eu fui. Fui e vou toda vez que ele me chame. Não precisa nem que ele me fale. Nem que me olhe. Basta estalar os dedos. Vou feito cão, mas coroada, vocês me compreendem? Feito uma rainha.



No entanto, o toque literário, de um esforço romântico que invade a narrativa, não invade o todo, rompendo-o, pelo contrário. Por se tratar de uma narrativa aberta, ou seja, em que os tipos se justapõe mesmo em suas diferenças, o resultado é uma rede complexa de significados e narrativas atravessando a narrativa maior.



Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, é uma obra que merece lugar dentre as grandes peças de teatro da cultura popular, como as peças de Martins Pena e, até, os escritos de Ariano Suassuna. A complexidade simples e a simplicidade altamente complexa da obra é de se destacar. Vale a pena a leitura!


*Post original no NotaTerapia

As 13 melhores frases de Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins

$
0
0


Lisbela e o Prisioneiro (tem resenha aqui) é o grande sucesso do romancista, poeta e dramaturgo Osman Lins. A peça de teatro em três atos conta a história de Leléu, um malandro que está preso e, a fim de fugir do cárcere, acaba por se envolver com a filha do Tenente Guedes, Lisbela. No entanto, por conta das atitudes de Leléu, ele está ameaçado de morte por Francisco Evandro, um matador de aluguel que prometeu vingança. Leléu, de dentro da prisão, monta um esquema que envolve uma série de peripécias e aventuras na tentativa de escapar da morte e conseguir, ao fim, ficar com Lisbela. Consagrada pelo cinema na pele de Selton Mello e Débora Falabella, Lisbela e o Prisioneiro se tornou um dos grandes filmes nacionais dos últimos anos.

Separamos as melhores frases da obra:

Essas coisas, essas valentias, essas espertezas, esses saltos, nunca acontecem na vida.

Mas a gente vê umas neste mundo! Não está vendo que tomate e chuchu não dão sustança a ninguém?! Agora: feijão, farinha e carne, sim, isso que é comida. Olhe aqui eu. Estou com mais de oitenta anos, só não como carne na Sexta-Feira da Paixão – e olhe lá… Resultado: uma saúde de ferro. Estou tinindo.

Pode haver serviço mais maneiro que matar gente? Se trabalha pouco e ganha muito.

A morte é cobrador muito sério: não há documento, mas só recebe uma vez.

Um homem deve ter inimigos. Por que houvera de querer matá-los? Assim, eu também ia matar a morte,a doença, delegados safados, ia matar a velhice e a covardia, chefe. Deixe meus inimigos vivos. Quero meus inimigos vivos.

Esse mundo é assim. O sujeito nunca é o que nasceu pra ser.

A senhora não é noiva no coração. Só é noiva na mão e na palavra.

A senhora pra mim é a bandeira brasileira. Uma bandeira grande. Sabe que a bandeira grande só recebe o vento se estiver presa num mastro muito forte? Leléu Antônio da Anunciação é o mastro pra senhora.

Cavei o meu buraco sem saber. Tanta mulher bonita neste mundo. Tanta coisa Linda! E eu morto!

Pra ir com ele, com nome, corpo, sangue, coração e tudo!

Aí eu fui. Fui e vou toda vez que ele me chame. Não precisa nem que ele me fale. Nem que me olhe. Basta estalar os dedos. Vou feito cão, mas coroada, vocês me compreendem? Feito uma rainha.

A senhora não merece a incerteza da minha vida. Não tenha eira nem beira, que trono lhe podia oferecer?



Edição: Editora Planeta, 2015.

Post original no NotaTerapia.

Rita Lee, uma Autobiografia

$
0
0

A memória não tem nada a ver com o passado e não promove surpresas. O papel da memória é fazer um exercício diário de invenção. Com isso, não digo que a memória mente, apenas que ela entende de tempo e de tempos e se atualiza todos os dias no presente com aquilo que somos. E foi assim que me aproximei da autobiografia de Rita Lee. Com o livro na mão, a pergunta que pairava em minha cabeça era: como a nossa rainha do rock inventaria a história do nosso país, a sua própria e de toda a música brasileira a partir do lugar em que está hoje? E a resposta – o livro – não poderia ter sido melhor.
Rita Lee, uma Autobiografia, é o relato da vida da cantora de rock nacional Rita Lee desde seu nascimento, passando pelo seu encantamento com a música, a criação das primeiras bandas e canções, chegando até sua entrada para o grupo Os Mutantes, do qual foi integrante e participou de momentos marcantes da nossa música como os célebres festivais da canção. Após estes primeiros momentos, Rita relata como conheceu seu atual marido, Roberto de Carvalho e seus futuros trabalhos. Tudo isso em meio a centenas de histórias de bastidores, envolvimento com drogas e bebidas, uma confusa prisão e, claro, toda sua produção musical ao longo das décadas.
O que é mais fascinante na escrita de Rita é que sua autobiografia não tem nenhum caráter nostálgico. O passado, segundo ela, não é um lugar que merece ser celebrado, apenas lembrado como parte integrante do que somos hoje. Assim, Rita, em nenhum momento tem piedade dos outros, nem de si própria, sem de suas próprias canções, e se utilizando do seu costumeiro desbunde e liberdade, comenta de maneira leve e trivial sobre todos os acontecimentos de sua vida.
Posso dar alguns exemplos, como sua convivência com os rapazes da banda Os Mutantes, Sérgio e Arnaldo. Rita, que foi namorada de Arnaldo, em momento algum mostra saudade ou amizade com eles. Mostra, sim, admiração por Arnaldo, mas chega a dizer que a relação da banda tinha mais a ver com facilidade de se viver aventuras da casa dos meninos do que com uma identificação pessoal. Assim, um grande mito de nosso cancioneiro cai, a paixão de ambos, pode ser algo altamente relevante para Arnaldo, mas para Rita, foi o que foi, um caso adolescente.
Outra lembrança marcante é de todos os encontros de Rita com a apresentadora Hebe. A discrepância entre o estilo de vida das duas é relatado com um humor e uma paixão absolutamente singelos. Rita lembra de Hebe como uma diva, uma mulher e tanto, com força, garra e humor. Hebe chegou, inclusive, a ajudar a cantora a sair de uma crise com drogas e abriga-la em sua casa, feito que Rita sempre mostrou gratidão. Os selinhos da Hebe? Começaram com Rita que dizia ir ao programa apenas para sentar ao lado da apresentadora e acompanha-la.
E o livro, assim, se torna genial, pois desmonta uma hierarquia que a memória e os livros de história tentam nos impor, engendrando uma horizontalidade das coisas que coloca todas as coisas do mundo no mesmo patamar. Hebe é tal qual o Festival Internacional da Canção e Edu Lobo é apenas uma pessoa que se recusou a falar com “os roqueiros”, enquanto Vinícius de Moraes convidava-os a beber com eles. O Programa do Ratinho, segundo ela, foi um dos lugares em que foi melhor recebida e que teve mais espaço para se expor, ao contrários de outros apresentadores que vivem cortando os cantores. A própria Elis Regina, primeiro vista como uma “típica mulher da MPB”, depois vai encontrar em Rita Lee uma grande amiga, ajudando-a a sair da prisão e formando uma dupla explosiva.
Em se tratando de visão de mundo, Rita é fascinante:
É uma série de imagens que mudam ao se repetirem. É um tal de política destruindo a liberdade, de medicina destruindo a saúde, de jornalismo destruindo a informação, de advogados e policiais destruindo a justiça, de universidades destruindo o conhecimento, de religiões destruindo a espiritualidade. Confie em Deus, mas tranque o carro.”
Rita Lee
É fato, não consigo deixar de ver em Rita Lee a maior força cultural feminina pós-68 do nosso século XX. Diria que são ela, a Elke Maravilha e a Rogéria. O que Rita Lee representa na desconstrução de tudo que é sério, coloca-a num patamar de expoente de contracultura, fazendo da descontração e do humor uma excelente forma de política de desmonte das instituições claras e sérias de nosso país. Para se ter uma ideia, Rita chega a debochar de si própria ao inserir entre as páginas de sua autobiografia um fantasminha que, vez ou outra, aparece para corrigir um fato ou um feito que Rita tenha esquecido de mencionar.
Rita Lee, uma Autobiografia é o livro que o Brasil precisa. Qualquer transformação política que nosso país precisa está nestas páginas, seja para pessoas de direita, seja para pessoas de esquerda. A nossa moça do rock com sua liberdade transformou o que pôde e transformará o que pode e, mesmo em sua aposentadoria, continua assim. Sorte nossa.
*Post original no NotaTerapia

10 livros que mudaram a vida de Leandro Karnal para sempre

$
0
0


O historiador Leandro Karnal vem sendo, em nosso momento político conturbado, “um descanso na loucura”. Sua inteligência, ironia e ao mesmo tempo, gentileza e cuidado no trato, trazem a tona cada vez mais uma nova forma de fazer pensamento: através do afeto. Uma aproximação quase íntima dos leitores e um cuidado nos formatos em que se vai dizer, faz com que Karnal consiga a exata mediação entre rigor teórico e penetração popular. Assim, é um grande prazer ter o professor como um iluminador das zonas sombrias de um mundo contemporâneo um tanto quanto obscuro.

Leandro Karnal, em sua página no Facebook, postou uma lista de 10 livros que mudaram a sua vida para sempre. Tratam-se de clássicos da literatura, formadores de gerações de leitores, e que refletem grandes questões humanas essenciais para a formação moral de um ser como indivíduo e de um cidadão, pronto para viver em seu coletivo. O NotaTerapia, sempre preocupado em indicar livros e formar leitores, separou a lista com um breve resumo de cada uma dê-las para, quem sabe, fazer você abrir um desses livros!

1- Hamlet, de Shakespeare

Após ter visto o espírito do pai morto, Hamlet se encontra insatisfeito com o decorrer da trama na corte, na qual a sua mãe casa-se com o irmão do marido falecido poucos meses após sua morte. O desfecho do rei choca o filho, que deixa os estudos na Universidade de Wittenberg para retornar à corte, em Elsenor. Inconformado com as corrupções a sua volta, Hamlet tem Horácio e Ofélia como únicos confidentes, sendo esta a mulher que ama, mas que promete ao pai Polônio não se casar com Hamlet.

Em uma vídeo-aula no facebook, Karnal afirma que Hamlet é uma chance de despertar no aluno a consciência para seu mundo interior. Afirma ainda que “há seis anos morreu meu pai e eu vivi a experiência de ser um órfão, exatamente como Hamlet, e finalmente a peça adquiriu um sentido totalmente novo, porque agora eu estava numa situação similar da dor de perder a identidade paterna”. (Leia a resenha aqui!)




2- A Paixão segundo GH, de Clarice Lispector

Numa determinada manhã G.H. resolve fazer uma arrumação em sua casa, e inicia pelo quarto da empregada que não mais trabalhava para ela, ao entrar no quarto, se surpreende, pois imaginara que encontraria tudo bagunçado, no entanto, é tomada por uma enorme surpresa ao encontrar tudo em ordem. Ela se depara com uma barata que havia saído do armário, e imediatamente a esmaga com a porta do armário. Diante dela, estava aquela barata morta, sem a casca jorrando uma secreção branca. (Leia a resenha aqui!)

Em uma postagem no Facebook, Karnal afirma:
Quando descobri e entendi A Paixão Segundo GH, há quase 20 anos, chorei muito pela beleza da escrita, bem como pela escritora atormentada que ali despejava seu gênio e sua dor. Chorei pelo retrato difícil da alma humana.

3- O Livro de Jó

O Livro de Jó é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento e da Tanakh, vem depois do Livro de Ester e antes do Livro de Salmos. É considerada a obra prima da literatura do movimento de Sabedoria. Também é considerada uma das mais belas histórias de prova e fé. Conta a história de Jó, onde o livro mostra que era um homem temente a Deus e o agradava.

Sobre a figura de Lúcifer no monoteísmo do Judaísmo, Karnal, em uma entrevista, usa como exemplo o Livro de Jó:
O monoteísmo absoluto do Judaísmo transforma o demônio em auxiliar de Deus, como no livro de Jó. Os judeus acreditavam em espíritos imundos que tomavam as pessoas, mas não deram ao demônio a autonomia de um reino.

4- A Divina Comédia, de Dante Alighieri

“O Poema Sagrado de Dante”, séculos após registrado como A Divina Comédia é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e da mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: Inferno, Purgatório, Paraíso. Em uma vídeo-aula, Karnal analisa os pecados dos homens a partir da imagem do purgatório de Dante:



5- Dom Quixote, de Cervantes

Dom Quixote de la Mancha é um livro escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616). Com sua primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. O protagonista da obra é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria e pretende imitar seus heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista.

Em um post em seu Facebook, em que compara Quixote a Hamlet, afirma que “Quixote e um idealista que não encontra mais lugar na sua época” em que “o mundo é prático e pouco idealista, como o cavaleiro da triste figura soube pela Dulcineia encantada.”

6- Madame Bovary, de Flaubert

O romance francês publicado por Gustave Flaubert em 1857 que carrega o nome da protagonista tornou-se um paradigma para as histórias de amor infelizes cujo cenário é o adultério. Embora o romance carregue o nome da grande protagonista, Emma Bovary só aparece a partir do capitulo dois e só assume o lugar de protagonista principal do romance depois de casada. Quando solteira Emma morava no campo com seu pai viúvo, era uma jovem e bela provinciana cuja educação que recebera se resumia à obediência aos pais e ao marido. Emma conhece o médico Charles Bovary com quem se casa e vai morar em uma pequena cidade chamada Tostes. (Leia a resenha aqui!)

Em um post no Facebook, Karnal indica um livro de Mario Vargas Llosa que trata exatamente do clássico de Flaubert: termino um lindo texto peruano sobre Flaubert e ganho uma viagem quase inédita ao mundo do casal Bovary. Duplo presente.

7- Ensaios, de Montaigne

Montaigne fundou um gênero – o ensaio – em que a pena do autor é deixada à vontade, guiada pelo senso comum, misturando instinto com experiência, circulando pelos temas mais diversos, sem compromissos com a autoridade mas sim com a liberdade. Tratava-se do registro das suas experiências, de observações, reflexões que ele tratava da vida. Nada lhe foi estranho; o amor, a luta, a religião, a coragem, a amizade, a política, a educação. 

Em um vídeo, Karnal fala sobre o problema do mundo segundo Montaigne:



8- O mal estar na civilização, de Freud

O mal-estar na civilização é um texto do médico e fundador da psicanálise Sigmund Freud que discute o fato da cultura – termo que o autor iguala à civilização – produzir um mal-estar nos seres humanos, pois que existe uma dicotomia entre os impulsos pulsionais e a civilização. Portanto, para o bem da civilização, o indivíduo é oprimido em suas pulsões e vive em mal-estar. É um dos principais escritos onde Freud esboça a relação entre os elementos de sua teoria da consciência com uma teoria social, o outro texto é O futuro de uma ilusão.

Karnal, no programa Provocações, de Antônio Abujamra, inicia sua fala discorrendo sobre sobre a felicidade. Ele cita Freud ao dizer que “Sem a infelicidade, a frustração e o trauma não haveria cultura”.

9- Confissões, de Agostinho

Confissões é uma das obras mais conhecidas de Santo Agostinho e um dos mais importantes livros da história, sendo considerada uma autobiografia na qual o santo relata sua vida antes de se tornar cristão e sua conversão. A respeito desta obra, Santo Agostinho diz que a palavra confissões, mais que confessar pecados, significa adorar a Deus. É, portanto, um hino de louvor. O livro é considerado um clássico, tanto da literatura mundial, quanto da teologia cristã e até mesmo da filosofia. (Leia mais aqui!)

No mesmo curso já citado acima sobre os pecados, Karnal cita uma frase de Agostinho:

“o orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios.”


10- A poesia de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como “Whitman renascido”, e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.

Neste vídeo, Karnal comenta lindamente sobre o Poema em Linha Reta, de Pessoa:


10 livros que você precisa ler mais de uma vez!

$
0
0

Alguns livros nos marcam de forma particular, viram a nossa cabeça do avesso e abalam as nossas emoções. Esses livros, sem dúvida, merecem ser lidos mais de uma vez...

Isto porque, com o passar do tempo e com o nosso amadurecimento, as nossas percepções sobre o mundo mudam e aqueles livros tão importantes podem ser interpretados de outra forma e podem se tornar mais especiais ainda!

Hoje vou listar alguns livros que marcaram a minha vida e que acredito que merecem ser lidos várias e várias vezes. Confiram:

1984, de George Orwell (resenha aqui)

Acredito que não existe livro mais interessante que esse para pensarmos sobre controle, vigilância, medo, governo ditatorial e alienação. Uma história incrível, que prende do início ao fim e que é mais atual do que a gente imagina. Incomoda, levanta várias reflexões e desperta muitas sensações! 

Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (resenha aqui)

Assim como 1984, esse livro é super atual e crítico. A narrativa também fala sobre controle, evolução da ciência, busca pela perfeição e o principal: alienação. Sem dúvida um livro instigante, que precisa de mais de uma leitura para que possamos captar tudo que ele pretende discutir.

A Insustentável Leveza do Ser, de Millan Kundera (resenha aqui)

Essa obra fala dos relacionamentos amorosos, da leveza e do peso das nossas escolhas. Uma leitura sensual e instigante, que levanta reflexões sobre a vida, os sentimentos e as consequências de cada decisão que tomamos.

Esse livro me marcou demais e a cada vez que releio descubro sensações diversas e tiro novas conclusões. Uma leitura imperdível! 

A Menina Submersa, de Caitlín R. Kiernan (resenha aqui)

Confuso, inteligente, curioso, revelador! Esse livro nos tira completamente da zona de conforto e nos coloca diante de uma protagonista que sofre de esquizofrenia e luta para compreender quem ela realmente é, sempre deixando claro que não sabe o que é verdade ou mentira. 

A história nos deixa de cabelo em pé e apresenta vários pontos interessantes sobre os transtornos mentais. 

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez (resenha aqui)

A história de uma família, de uma cidade e do passar do tempo. Uma narrativa humana, intensa, sincera e fantástica, que prende a atenção do início ao fim e que merece ser lida infinitas vezes!

O melhor livro que eu já li. O livro da minha vida. Um livro para a vida inteira. 

Laranja Mecânica, de Anthony Burgess (resenha aqui)

Inquietante, polêmico, por vezes assustador! Esse livro fala sobre a violência, sobre a institucionalização e sobre os métodos de controle e redução da criminalidade. 

A obra contém um grande crítica social e é muito rica, principalmente por ter um vocabulário próprio e personagens tão complexos. 

O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago (resenha aqui)

Um livro de poucas páginas. Na verdade, um conto transformado em livro. Mas sem dúvida uma leitura que fala muito sobre o ser humano, a possibilidade de mudança e a importância de dar oportunidade ao novo para transformar a nossa alma e a nossa essência. 

O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe (resenha aqui)

Que livro, que livro! Com uma linguagem poética e intensa, essa obra apresenta vários personagens, cada um com uma dor, com um anseio e com um sonho, mas todos muito humanos, repletos de qualidades e de defeitos, repletos de dúvidas e medos. 

A obra é incrível, emocionante, nos faz refletir sobre o amor, a solidão, o preconceito, as perdas e muito mais! 

O Pequeno Príncipe, de Antonie de Saint Exupery (resenha aqui)

Lições de vida, de amizade, de carinho e de simplicidade. Aquela mensagem singela e repleta de metáforas, que sempre acalenta o coração e desperta bons sentimentos. Indico para crianças, para adultos, para idosos e para todos os momentos da vida. 

Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector (resenha aqui)

Esse livro fala tanto sobre mim, que tenho dificuldade de falar sobre ele. A leitura é intensa, fala sobre a descoberta do amor, o medo de amar, as escolhas, a compreensão e sobre a profundidade da nossa alma. 

Eu já li várias vezes, todas durante a madrugada! Chorei em todas, obviamente... 

Espero que aproveitem as dicas, sintam grandes emoções e coloquem esses livros na cabeceira, para várias e várias leituras! Lembrem-se: as palavras sempre surpreendem e parecem nunca estar no mesmo lugar - mesmo estando...

Para comprar esse livros, acesse o site da Amazon por esse link aqui, aproveite os descontos e ajude o nosso blog! 

Beijos e até a próxima! 
Viewing all 1645 articles
Browse latest View live