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Depois de você, de Jojo Moyes

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Os que leram ” Como eu era antes de você” de Jojo Moyes, certamente, se envolveram muito com a história de Louisa Clark e Will Traynor e, assim como eu, estavam ansiosos pela continuação no “Depois de você”.

Atenção, caso não tenha lido “Como eu era antes de você” não leia essa resenha porque contêm spoiller do primeiro livro.

Um ano e seis meses após a morte de Will, Lou ainda sente-se despedaçada. Mesmo depois de viajar pela Europa, morar em Paris e comprar um apartamento em Londres, Lou não consegue deixar de ser uma pessoa que apenas sobrevive. Uma vida arrastada, sem cor, sem alegria, sem ânimo, lutando em vão para seguir um caminho do qual que ela acredita que Will se orgulharia.

Depois de beber muito e se equilibrar no parapeito de sua varanda numa busca doentia para se sentir viva, Lou acaba sofrendo um acidente quase fatal. A partir de então, além de estar destroçada emocionalmente, ela passa a ter que se recuperar fisicamente.

Quando, numa noite comum, uma menina bate a sua porta, o mundo de Lou parece se tornar ainda mais dramático. Ela se vê obrigada a enfrentar seus medos e fraquezas e tenta fazer as pazes com sua vida, para quem sabe, voltar a ser alguém feliz novamente.

“Depois de você” não me envolveu e me emocionou como o primeiro, talvez eu tenha criado muita expectativa. Mas é um bom livro, bem escrito e com diálogos inteligentes, como é próprio da autora. É bom matar as saudades de Lou e sua “caótica” família que possuem um senso de humor ótimo e nos arrancam boas risadas, apesar de tratar-se de um drama. Um bom drama. Acho que é difícil superar o amor de Lou e Will, mas vale a pena fazer a leitura e torcer para que a Lou encontre a paz e o amor que tanto merece.

Lou e Will em cena do filme Como Eu Era Antes de Você




*Resenha originalmente publicada no site Casa de Relíquias











Fundação Casa Jorge Amado, no Pelourinho

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Entrar no Pelourinho é estar em um local onde literatura e história se encontram. E em um ponto de destaque, logo se vê a Fundação Casa de Jorge Amado, destinada a guardar e promover a obra do escritor, reunindo fotos, videos e diversas informações sobre o ilustre autor de diversos clássicos da literatura brasileira.

Escritor baiano, nascido em 1912, Jorge Amadoé um dos mais importantes escritores da literatura brasileira, tendo ganhado diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles o Prêmio Camões, vários títulos de Doutor Honoris Causa, tendo se recusado a candidatar ao Nobel de Literatura. Bacharel em direito, nunca exerceu a profissão, foi deputado federal e autor da lei que garantiu a liberdade religiosa no Brasil. Mais que um escritor, era um profundo conhecedor do povo baiano, sua cultura e costumes, um livre pensador e defensor da miscigenação e da cultural brasileira.
Em Salvador, cheguei de ônibus à região, descendo na Praça da Sé, que na verdade é um ponto de ônibus pouco antes da praça. Seguindo o fluxo de brasileiros e extrangeiros, turistas e moradores, segui adentrando ao Pelô, passando pelo Elevador Lacerda, a Câmara e a Prefeitura Municipal, e algumas das principais igrejas da região. Chegando ao largo do Pelourinho, encontrei a Fundação Casa de Jorge Amado, ao lado de outras casas, comércios, e a igreva Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

Toda pintada de azul, a Casa se destaca, tendo logo em frente Exu, orixá escolhido por Jorge como protetor da fundação. Entrando na casa, após receber as orientações de visita, é só se maravilhar com fotos, informações, objetos pessoais do autor e alguns originais. Distribuidos em dois andares de exposição, é possível reconstituir a história do escritor baiano através de todo o acervo, conhecendo um pouco mais das obras através da vida de Jorge, e um pouco mais de Jorge através de suas obras.
Algumas curiosidades estão disponíveis, como alguns sapos de pedra que o escritor colecionava. Também pude ver alguns originais datilografados e corrigidos à mão, uma velha máquina de escrever e os óculos de Jorge Amado. E para finalizar a visita, há um Café Teatro, com um espaço dedicado à Zélia Gatai, esposa e companheira de grande parte da vida de Jorge Amado.

É um lugar imperdível para os fãs e admiradores do escritor baiano, e para todos os interessados em literatura e cultura. Fiquei realmente muito feliz em ver de perto esse primoroso trabalho da Fundação Casa de Jorge Amado, um importante trabalho de preservação de memória e divulgação da literatura brasileira.



Fernando Ruiz Rosario. Piracicabano, graduado em Filosofia pela UFSCar e mestrando na mesma área na UFMG. Gasta seu tempo livre com fotos, livros, séries, filmes, viagens e longas discussões.


Duo.tone, de Vitor Cafaggi

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Vitor Cafaggi tem o dom de escrever histórias delicadas e repletas de sentimentos. Eu me apaixonei pelo trabalho dele quando li as HQ's Turma da Mônica Laços e Lições, que integram o Projeto Graphic MSP, e fiquei ainda mais encantada quando li a história do Valente. 

No último FIQ que aconteceu em Belo Horizonte, eu estava  passeando pelo evento e olhei a capa de Duo.tone. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi "que linda"! Imaginem a surpresa quando me aproximei e vi que era um trabalho do Vitor? Claro que eu comprei na hora.

Com uma linguagem simples e envolvente, e traços delicados e repleto de detalhes, essa HQ nos apresenta duas histórias e dois personagens super cativantes e especiais.
Na primeira história conhecemos Tim, um menino simples e muito tímido, que vive com a família em uma cidade pequena, e que se distrai usando a imaginação e lendo quadrinhos. Com a triste notícia de que precisará se mudar para a cidade grande, o garoto sofre ao se despedir dos amigos e deixar de lado o universo que conhecia, contudo, muitas surpresas lhe esperavam na nova casa.

Sem dúvida uma narrativa incrível, que fala sobre amizade, recomeços, lembranças e medos, e que nos transporta para o universo da imaginação infantil, deixando um gosto de quero mais.
A segunda história, por sua vez, se destaca pelos elementos visuais pelas expressões do Yoshio, o protagonista. A narrativa, que só contém três diálogos, conta as emoções que o garoto enfrentou ao sair de casa para encontrar a namorada no cinema. O ponto central dessa história é a capacidade de imaginar e de vive emoções por meio da nossa mente.

Sem dúvida um trabalho lindo, que merece ser lido com carinho!



Sentimentos à Flor da Pele

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Dez podcasters. 
Dez histórias. 
Inúmeros sentimentos. 
Palavras infinitas. 
O projeto Catarse. 
Um sonho realizado. 


As frases acima representam muito bem o livro Sentimentos à Flor da Pele, que foi organizado pela Anna Shermak e pelo Vilto Reis, e reúne histórias escritas por eles e pelos seguintes podcasters: Andrey Lehnemann, Cecilia Garcia Marcon, Domenica Mendes, Igor Rodrigues, Jefferson Figueiredo, Lucas Rafael Ferraz, Marcelo Zaniolo e Mateus Lins

As narrativas, mesmo sendo independentes, possuem um ponto em comum: abordam os sentimentos que nos confundem e sugam a nossa energia. Sentimentos intensos, belos ou arrepiantes, que nos tiram da zona de conforto e que nos transformam de forma intensa e muito peculiar. 
O interessante da obra é que nela os próprios sentimentos são os personagens, com isso, assim como as pessoas, eles se misturam e se confundem, o que demonstra com clareza o quanto eles são complexos e profundos. 

Quem busca uma resposta só para as histórias ficará frustrado, afinal, não existe angústia sem dor, amor sem admiração, medo sem ansiedade etc. E é exatamente em razão desse misto de sensações que administrar a vida é uma missão tão difícil. 

As narrativas são curtas e muito bem ambientadas, o que torna a leitura rápida e envolvente. Confesso que escolher um conto que se destaca é uma missão complexa, já que cada um deles tem algo particular que salta aos olhos e toca na alma. 

É preciso ler com calma, abrir o coração, e apenas sentir. Aproveitem!
Para adquirir, entrem em contato com a 
Anna (contato@pausaparaumcafe.com.br) 
ou com o Vilto (viltoreis@gmail.com).






Passageiro Clandestino, de Leonor Xavier

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Com apenas 160 páginas e muita intensidade, esse é um livro que narra as experiências vivenciadas pela escritora Leonor Xavier desde o dia em que descobriu que tinha um câncer. 

Diferente do que pode parecer inicialmente, a narrativa, que tem um formato de diário, não é sobre o medo da morte, mas sim sobre a condição de estar vivo, mesmo sabendo da existência de uma doença grave. A autora comenta com muita sinceridade e emoção sobre o relacionamento com a família e os amigos, as idas e vindas ao médico, as fases em que passou internada em um hospital, os medos, as angústias e a luta diárias pelos fiapos de vida e, quiçá, de felicidade.

"Há uma corrente de vontade positiva pela minha saúde. Na hora de adormecer, rezo pelos que sofrem. E agradeço pela amizade que me tem sido dada, modalidade de amor, construção de uma vida." 

O interessante é que mesmo abordando um tema árduo e comovente, as palavras são colocada de forma leve, natural e poética, o que torna a leitura fluida e envolvente. 
O livro também se torna especial por nos colocar diante dos sentimentos de uma pessoa que realmente experimentou a doença e precisou reaprender a viver e a lutar. A sinceridade de cada palavra e de cada pensamento nos permite refletir e emociona ao mesmo tempo em que choca.

É preciso estar atento para o fato de que a obra não tem a finalidade de informar sobre a doença ou apresentar métodos e formas de tratamento. É uma narrativa sentimental e íntima, razão pela qual para ler é preciso abrir o coração e tentar compreender as sensações e as experiencias da autora. 

"Por decisão da morte ela própria, a certa altura da história a vida eterna é suspensa, e uma carta-aviso passa a ser enviada a cada homem, mulher, criança, doente ou não, e forma de sentença definitiva e fatal. Só que, perplexa e perturbada por tal ousadia em relação ao seu poder, a morte vai ao encontro de uma pessoa que recusa a carta e a devolve." 

Espero que aproveitem a dica, afinal, essas leituras nos ensinam a compreender os outros e nos fazem refletir sobre o valor da nossa vida e das pessoas que amamos.

Leitura indicada! 

Alguns clicks na Bienal do Livro Minas 2016

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Oi gente, tudo bem?

A Bienal é sempre um evento especial. É uma ótima oportunidade de encontrar novos títulos e descobrir novos autores, sempre existe aquela chance de encontrar preços especiais, e o principal: é um momento maravilhoso para compartilhar com os amigos ou com as pessoas especiais! :)

Esse ano, a Bienal do Livro Minas foi muito legal e os estantes estavam super organizados. As editoras e lojas capricharam e o evento foi incrível. Isso sem contar na programação que contou com a participação de grandes autores e quadrinistas!

Dei uma passada rápida no evento, porque o meu tempo estava bem curto, mas aproveitei para tirar algumas fotos e mostrar a vocês! Confiram: 

Espero que tenham gostado e agora é ficar na contagem regressiva para o próximo evento literário!

Beijos e até a próxima! :)


O Trono de Diamante, de David Eddings

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Hoje é dia de falar sobre o livro Trono de Diamante, que recebi em grande estilo da Editora Aleph, e que foi publicado pela primeira vez no Brasil. O livro de David Eddings chegou com uma capa imponente e carregando consigo a missão de inaugurar o gênero de fantasia na editora que é a maior referência de ficção científica no Brasil. Imediatamente fiquei encantada pela capa que despertou em mim a curiosidade de conhecer quem era a mulher sentada em um trono envolto em um rígido cristal, e qual a sua história.

O prólogo nos apresenta a lenda mitológica de uma gema de Rubi poderosa, encontrada por um troll anão que se tornou obcecado por seu imensurável poder. Parece um prólogo Tolkiano não é mesmo? Mas não se engane: a lenda faz uma abertura para a história que virá a seguir, e os elementos fantásticos são sutis e bem diferentes das histórias de Tolkien.

Também não se deixe levar por uma possível comparação com Guerra dos Tronos, a história foi publicada em 1989, bem antes do sucesso de George R. R. Martin.

Dito isto, vamos ao que interessa: a história é conduzida a partir do ponto de vista de Sparhawk , nosso cativante protagonista que acaba de retornar do exílio e que integra uma importante Ordem de cavaleiros guardiões, os chamados Pandions. Sparhawk é responsável pela guarda e proteção da rainha Ehlana, que está com a saúde extremamente fragilizada e sob grande risco de morte.

Diante da morte iminente e da suspeita de um possível atentado contra a vida da rainha (o que se confirma no desenvolvimento do livro), Sephrenia, uma feiticeira da raça styrica e também uma espécie de tutora de Sparhawk cria um feitiço junto a seus aliados styricos usando magia para envolver a rainha em um invólucro de proteção feito de diamante em torno do trono. O diamante possui natureza impenetrável, mas preserva a vida da rainha ao trono, fazendo ainda com que seus batimentos cardíacos ecoem por todo salão real.

Esta proteção durará no máximo por 12 meses, e a cada mês um dos styricos que participou do ritual mágico morre. A última a morrer será Sephrenia, o que motiva ainda mais a busca de Sparhawk, que parte em uma longa jornada pela cura de Ehlana.   

Uma característica muito interessante do livro na minha opinião é a forma como David Eddings constrói e apresenta o seu universo fantástico. Sem subestimar o leitor, a fantasia é apresentada do ponto de vista de Sparhawk, que descreve os elementos da história de forma indireta, quase que pressupondo um conhecimento prévio do leitor. Aos poucos os detalhes vão sendo acrescentados à narrativa e vamos construindo gradativamente o cenário fantástico sugerido por Eddings.



Por esta razão, ainda que Eddings não seja muito descritivo em relação aos personagens e aos grupos étnicos, raciais e fantásticos que compõe este livro, a compreensão da história e do universo de Trono de Diamante não fica comprometida. A história deixou algumas pontas, mas acredito que tudo seja esclarecido ao longo das duas sequências, característica que acho até interessante.


O carisma do protagonista nos prende à narrativa que quase não possui cenas de ação ou grandes reviravoltas. O desenvolvimento da trama é baseado nos diálogos, nas estratégias e nas disputas políticas. Confesso que senti falta de um pouco mais de ação em determinados momentos do livro, como em uma cena de batalha muito esperada que simplesmente é "saltada". mas creio que esta tenha sido uma escolha proposital do autor por este ser o livro que abre a Trilogia Elenium. 

Sparhawk é um personagem sério, mas tem charme, carisma e um sarcasmo que quebra vários momentos de seriedade. Além disso, ele conta com o jeito rústico e direto do amigo Kalten e com o adorável garoto Talen para trazer com sutileza um pouco de humor a esta fantasia de ares medievais. Sepherenia por sua vez é doce e sensata, e comporta-se como uma mentora, sendo respeitada por todos e atraindo a simpatia de quem lê a história. Já outros personagens enigmáticos como Flauta e Martell mantém-se bastante misteriosos, dando a entender que serão explorados futuramente. O vilão se mostrou (até então) bastante óbvio e não fez grandes participações, ao contrário de Sparhawk, que até então foi o centro de toda narrativa.

No geral adorei a fantasia e a complexidade do universo mágico criado por David Eddings. A história é original, tem um texto envolvente, um protagonista carismático, personagens bem construídos e não subestima o leitor. Minha única crítica seria a falta de ação e a obviedade estratégica em alguns momentos,  mas estas características não  comprometeram minha admiração pelo livro e tampouco o respeito pelo belo cenário criado por Eddigins. Espero ansiosa pela sequência! 




                                                                   

Romance Moderno, de Aziz Ansari

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Eu sou fascinada pelo tema "relacionamentos amorosos" desde que tenho memória. Adoro percorrer o tema em filmes, livros e trocar experiências entre amigos. O livro "Romance Moderno" de Aziz Ansari veio no timing perfeito como leitura. Estou solteira há quase 1 ano, e depois de passar os últimos praticamente oito anos em namoros sérios, eu me deparei com um mundo de solteiros muito novo para mim. A análise feita por Aziz sobre relacionamentos na era digital veio confirmar várias de minhas teorias e acrescentar muitas outras extremamente interessantes. Eu sou uma pessoa curiosa, e pessoas curiosas e ávidas por informações, assim como eu, vão amar esse livro.

Todos os temas discorridos são feitos de forma leve e extremamente bem humorada sem perder a seriedade de dados que foram desenvolvidos com base em pesquisas muito bem feitas. Há, por exemplo, dados percentuais de quais países veem a traição com maior intolerância e a França é o país que leva o tema de forma mais tolerante. Quem diria que os franceses seriam tão "cabeça aberta", hein? Eu não diria. Outra coisa que me surpreendeu muito foi o altíssimo número de jovens no Japão que não se interessam por relacionamentos e vida sexual. É algo tão alarmante que o governo injeta dinheiro em campanhas para tentar fazer as pessoas se relacionarem. É praticamente um "pelo amor de Deus, se paquerem!!"




"Bem, ninguém disse que procurar uma alma gêmea seria fácil. Ainda assim, em muitos aspectos, a geração atual de solteiros saiu ganhando com as mudanças nos relacionamentos modernos. Ter mais tempo para investir no desenvolvimento pessoal e namorar pessoas diferentes antes de casar são coisas que nos ajudam a fazer escolhas melhores. Pessoas que se casam depois dos 25 anos, por exemplo, estão menos sujeitas a se separar do que aquelas que se casam antes." (...)

(Barry Schewartz é um professsor de psicologia do Swarthmore College que passou boa parte de sua carreira estudando os surpreendentes problemas derivados de ter opções em abundância. Sua pesquisa, assim como uma porção considerável dos estudos de outros cientistas sociais, mostra que, diante de mais alternativas, ficamos menos satisfeitos e ás vezes temos dificuldade para fazer uma escolha. )

Essas e outras muitas curiosidades vêm ao lado de uma análise muito completa sobre a forma com que estamos nos relacionando e principalmente a forma com que estamos procurando um parceiro na era digital com tantos aplicativos e recursos à disposição.

O autor utiliza exemplos reais de várias pessoas e suas próprias experiências para ir desenvolvendo os temas. É um livro super leve, curioso e divertido que me prendeu desde a primeira página.

*Aziz Ansari é escritor, comediante e ator americano que iniciou sua carreira apresentando stand ups. Hoje possui sua própria série no Netflix o Master Of None. Para escrever esse livro, Aziz se juntou a Eric Klinenberg, professor de sociologia da New York University e, juntos, fizeram uma pesquisa em vários lugares do mundo com especilistas e estudiosos da área. O resultado é um livro repleto de informações e muito bom humor.


                                                                                   

Vincent- A história de Vincent Van Gogh, de Barbara Stock

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Sempre tive grande admiração pelo trabalho do genial Vincent Vang Gogh, e por consequência sempre senti grande curiosidade em conhecer um pouco de sua vida e sua e obra. 

Em Vincent- A história de Vincent Van Gogh, biografia em quadrinhos de Barbara Stock, pude conhecer  um pouco mais sobre a vida deste que é um dos maiores artistas de todos os tempos.



Com uma sensibilidade incomparável, Van Gogh possuía uma mente tão brilhante quanto atormentada. Pesquisadores e estudiosos afirmam que o pintor holandês tinha distúrbios mentais e alguns mais precisos afirmam  que ele sofria de transtorno bipolar. Barbara Stock, por sua vez, priorizou retratar o processo criativo e primou por mostrar os problemas de Van Gogh de forma sutil. Ela revelou os problemas sofridos por Van Gogh (e isto fazia parte dele) mas não deixou que isso fosse maior que sua genialidade. 

Um exemplo é a cena onde Van Gogh decepa sua orelha durante um surto, o que foi abordado com bastante discrição pela autora que não o reduziu ao estereótipo de "artista louco". 

Assim, conhecemos o trabalho do artista holandês que, após passar uma temporada de dois anos em Paris, muda-se para o sul da França, onde encontra muita luminosidade natural, campos floridos e cenários bucólicos como fonte de inspiração. Se por um lado Van Gogh encontra uma grande matéria prima para seu desenvolvimento artístico, por outro sofre com a falta de dinheiro, de perspectivas e com a culpa por acreditar ser um fardo para o seu irmão Theo, quem o apoia e administra suas finanças 

Perfeccionista, Van Gogh é conhecido por seu temperamento, por sua criatividade e por sua incrível sensibilidade, representada através de inúmeros auto-retratos, quadros de campos floridos, vasos de flores e quadros que mostram a beleza da noite, como no caso do icônico Noite Estrelada. Seus quadros são cheios de vida, cor e movimento, e até hoje são objetos de estudos de diversas áreas, inclusive por cientistas que identificaram padrões matemáticos em seus quadros. (confira o vídeo no final do post ).


Em certos,momentos Barbara utiliza cartas trocadas com o irmão Theo, o que aproxima o quadrinho de um romance epistolar. Através das cartas temos acesso a um Van Gogh mais próximo, humano e consequentemente mais exposto. O traço de Bárbara é simples, discreto e a paleta de cores cheia de vida representa bem a obra do pintor,  identificando o cenário que serviu de inspiração para tantos de seus quadros. É interessante destacar também a releitura original dos quadros de Van Gogh feita por Bárbara Stock, preservando as curvas (ou turbulências) e as distorções que retratam as crises enfrentadas pelo artista gênio.

Não é nenhum spoiler revelar o suicídio do pintor holandês, mas devo frisar que apesar do desfecho tão trágico, Bárbara conseguiu mostrar tudo com muita suavidade e principalmente muita sensibilidade. As obras e o talento de Van Gogh são o mais importante desta biografia, e por esta e tantas outras razões eu adorei este trabalho e todo o projeto gráfico, principalmente por me proporcionar a oportunidade de ver de perto um pouco do processo criativo de Van Gogh, um dos maiores gênios da cultura mundial. 

Entenda porque Van Gogh é mais genial do que você pensa (e descubra a relação de suas obras com o conceito de turbulência)






      
                                                                            
             
    

20 Frases e trechos marcantes do livro Ana de Amsterdam

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Recentemente falei sobre o livroAna de Amsterdam, de Ana Cássia Rebelo. O livro é incrível e cheio de passagens marcantes que retratam os pensamentos e sentimentos de Ana, uma mulher comum com problemas triviais a inúmeras mulheres. Ana fala sobre amor, solidão, depressão, sexo, sua relação com o corpo e com os homens, sua tristeza e sobre a vida de forma geral, de forma crua e direta.

Para destacar estas passagens, separei meus trechos favoritos para o post de hoje, que você confere a seguir:
"É este o meu corpo. Ás vezes tenho vontade de o abandonar para sempre."



"Nunca poupei meus filhos ao meu sofrimento. Partilho com eles, para horror de muitos, a solidão e a angústia. "

"É hoje a consulta com o novo psiquiatra. Embirro com psiquiatras, psicólogos e afins. Vai ouvir-me falar durante meia dúzia de minutos. Vou ter de resumir a minha tristeza e solidão em frases contidas, curtas e concisas."

"A vagina está fora e dentro do corpo humano. Tem uma natureza híbrida. Revela o que está oculto e quer se manter oculto. Voltei a fechar as pernas. Olhei-me no espelho. Espreitei os miúdos, a dormir sossegados. Calei o Joe Dasin. Fui fumar perto do aquário."

"Não sei o que fazer com a tristeza quando ela toma conta de mim. Não a convido. Não sei porque vem, derramando tentáculos de dor. Sinto-a fisicamente, como se fosse um bicho, um parasita. Petrifica-me."

"Sei, com precisão, onde, no meu corpo, se aloja a tristeza."

"Herdei da minha mãe o feminino deslumbre pelas jarras com arranjos barrocos, pelas plantas que crescem em vasos, pelos arbustos com cheiro de infância, pelas estufas, pelas floreiras com gerânios descarnados nas varandas, pelas árvores, pelos jardins, pelas mãos enterradas na terra."



"Porque quem me quer nada exige de mim. Não tenho de demonstrar interesse. Só tenho de estar ali. Disponível. Passo a ser um corpo que se consome por hábito. Quando as horas tardias são assim, mansas, consigo sair do meu corpo e ver-me. Vejo-me. Tenho quase sempre os olhos enxutos." 


"Não gosto da imagem que o espelho me devolve."
























" A idade aburguesou-me. Gosto de comprar livros, ainda que mais caros, em livrarias (apesar de Lisboa ser uma cidade de poucas e más livrarias). 

" A verdade é que continuo a ter medo do vento."

"São patéticas as revistas de culinárias de hoje e os nomes sofisticados que utilizam. Queijo de cabra acamado em plataforma caramelizada de figos secos com espargos selvagens salteados. Trilogia de três chocolates com nougat de nozes e xarope de hortelã. Tudo tão pedante, tão isuportavelmente pedante."

"Pesa-me a rotina dos dias iguais. É como se todos os dias da minha vida tivesse sido produzidos em massa."

"Ter sucesso na cama é requisito essencial para se ser moderna, desempoeirada, bem sucedida. As mulheres falam de sexo como falam dos filhos, dos jantares de degustação em restaurantes da moda e das viagens que fazem às ilhas gregas."

"À noite, o mundo reduzia-se aos seus sons, e na sua penumbra só eu existia. "

"Não posso viver sem o desejo. Encaro o prazer, pelo contrário, como coisa menor, um arrepio que chega, mata, desilude, rapidamente se esquece. O desejo é literário, o prazer, simplesmente pornográfico. É uma teoria que me convém."


"Quero morrer porque não sei viver. Vivo com desfaçatez e sofrimento. Passo os dias a calar gritos. Passo os dias a engolir as lágrimas. Já nem lhes sinto o gosto a sal. Não sei donde me vem esta solidão e este desespero. Estou cansada. Tenho direito a cansaço, não acha?"

"Amo meus filhos. Com fúria, certo desespero. Quero-lhes bem. Mas não me basta o que têm para me oferecer."

"Tinha, porém, admiração por toda gente que lia poesia. Também por quem ia ao teatro e a consertos de música clássica. Só gente de muita classe frequentava esses círculos de elegância e snobismo cultural aos quais não pertencia mas que olhava com veneração."

"Nunca há falta de desejo. Não há cansaço. Não há frustração. Não há obrigação. Nem humilhação. No sexo, como em tudo, as mulheres que aguentem.




É preciso aprender a ser só

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Olá, pessoal! Faz um tempinho que não escrevo para o Universo dos Leitores por uma série de questões pessoais, incluindo o nascimento do meu primeiro sobrinho, Vinicius – sem acento, como o poeta.

Hoje retomo minha colaboração com o site. E escolhi falar sobre solidão. Mas, por quê?

Bem, acabo de ler uma matéria (curta, infelizmente) sobre um chinês que há uma década vive absolutamente sozinho em um vilarejo em seu país. Por escolha. Por escolha!

"Liu (este é o nome do sujeito) é o único habitante do vilarejo de Xuenshanshe, no noroeste da província de Gansu", diz o texto. Segundo ele, havia pelo menos 20 famílias vivendo no local, mas começaram a se mudar quando os recursos naturais foram ficando escassos e a população idosa começou a morrer.

Ele, literalmente, "sobrou". Perdeu a mulher e um irmão e, desde 2006, leva uma vida de eremita. Conta que aprendeu a se virar e a apreciar a solidão.

Apreciar a solidão...

Quem nunca desejou, nem que por alguns minutinhos apenas, levar uma vida como a de Liu? No meu caso, esse desejo dura bem mais que minutos e é recorrente. Volta e meia me pego pensando em como seria bom poder distanciar-me; ter uma casinha singela e levar uma vida simples. Sem aporrinhação.

Como para a "grande maioria" (inclusive para mim) isso é inviável, resta valorizar os breves momentos em que podemos ficar sozinhos. Mas, antes disso, como disse Liu, é preciso aprender a apreciar a solidão.

Há quem não consiga. Quem seja incapaz de lidar consigo mesmo. Para estes, é preciso ter milhões de amigos, estar em todas as redes sociais, participar de mil grupos no WhatsApp etc. Dizer algo, estar presente, ter sempre um(a) namorado(a).

Para aprender a apreciar a solidão, penso, é preciso conhecer-se. E entender que não há melhor companhia que a sua própria. Que você pode – e deve – ser seu melhor amigo. Mais: para aprender a apreciar a solidão faz-se necessário perceber os benefícios do silêncio. Interno e externo.

Diz a matéria que o tal chinês, na solidão, aprendeu a se virar para viver. Ou seja, quando estamos sozinhos, nos tornamos mais fortes – ao contrário do que possa parecer. É na solidão que temos a oportunidade de conhecer nossas limitações e, sobretudo, nossa força.

Fortes, nos tornamos resilientes.

PS: Quem se interessar em conhecer a história de Liu, clique aqui.


Pequena Abelha, de Chris Cleave

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Sensível e encantador, esse livro do Chris Cleave certamente vai te envolver desde a primeira página e permitir diversas emoções.

Abelinhaé uma jovem nigeriana que enfrentou diversos problemas no seu país em razão das invasões ilegais em busca de petróleo, e se mudou para o Reino Unido na tentativa de conseguir uma vida melhor. 

Acontece que ao chegar no país desconhecido, ela foi presa em um Centro de Detenção de Imigrantes e ficou por lá durante dois anos. O período de adaptação não foi fácil e a convivência também não, mas apesar de todas as angústias, estar lá era muito melhor do que estar na Nigéria.

Quando foi libertada, Abelhinha decidiu procurar por Sarah, uma jornalista famosa, que morava na Inglaterra com o marido Andrew e o filho, e que ela conheceu de forma muito trágica e inusitada.

"Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser o nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi".
Os caminhos das duas se cruzam, e a partir desse momento a história começa a ser narrada em capítulos alternados, apresentando tanto a visão de Abelhinha como a de Sarah.

Apesar de serem mulheres muito diferentes, ambas são fortes e determinadas, e enfrentam momentos de crise e incerteza, razão pela qual decidem se unir.

A narrativa não segue uma ordem cronológica, o que torna a leitura ainda mais envolvente, já que ficamos ansiosos para entender como as duas se conhecerem e todos os segredos que envolvem aquele vínculo forte e ao mesmo tempo doloroso. 

Apesar de não ser baseada em uma história real específica, a obra reflete com muito realismo os problemas enfrentados por aqueles que precisam deixar o país de origem e enfrentar a realidade em um local desconhecido. 

"O que é uma aventura? Depende de onde você sai. Menininhas em seu país se escondem no espaço entre a máquina de lavar roupa e a geladeira e fazem de conta que estão na selva, com cobras verdes e macacos ao redor. Minha irmã e eu costumávamos nos esconder num espaço na selva, com cobras verdes e macacos ao redor, e fingir que tínhamos uma máquina de lavar roupa e uma geladeira. Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com o que tem carne e osso. Nós sonhamos com máquinas porque vemos o que os que têm carne e osso fazem conosco."
Da mesma forma, a obra trabalha com maestria questões relacionadas aos sentimentos humanos: raiva, dor, perdão, angústia, arrependimento etc. Sem dúvida um livro marcante e arrebatador!

Leitura recomendada... 




A fantasia da família distante, de Stella Maris Rezende

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Quem acompanha o blog já sabe que sou fã de literatura infantil e amo os livros da Stella Maris Rezende, que escreve com a alma e encanta os leitores ao mesmo tempo em que ensina grandes e importantes lições. Então é com muita alegria que faço esse post para contar um pouquinho do livro A Família Distante, lançado pela Globo Livro e ilustrado pelo francês Laurent Cardon. 

Com uma linguagem poética e repleta de musicalidade, característica comum em todos os livros da escritora, a obra apresenta um narrador muito especial: o cachorro, membro de uma família composta por pai, mãe e três filhos. 

Com o seu olhar puro e sensível, ele descreve todas as emoções experimentadas pela família a partir do momento em que receberam a notícia de que um familiar que morava em uma cidade distante e estava com a saúde debilitada iria visitá-los para fazer uma cirurgia.

"Na alma estava escrita uma amizade.
Como esquecer aquele assunto?"
Angustiados e sem saber como comportar diante da triste notícia, eles prometiam esquecer o assunto, contudo, como algumas coisas não saem da nossa mente, todos continuavam aflitos e em busca de respostas para todas as dúvidas que insistiam em ir e vir.

Quando finalmente os familiares chegaram, novas emoções vieram à tona e juntos o pai, a mãe e os filhos conseguiram prestar uma linda homenagem ao membro da família que enfrentava um momento difícil e delicado. 

Apesar de ser uma história curta, todos os personagens são bem caracterizados e a escritora dedica alguns parágrafos para falar um pouco sobre cada um deles, fazendo com que eles se tornem próximos do leitor. Entre todas as caracterizações, destaco a do pai:

"O pai, claro enigma, era a falta que ama, o observador no escritório, o avesso das coisas.
Na cadeira de balanço, amava cada mistério do brejo das almas.
Sentia que era preciso continuar sonhando com os dias lindos, porque dentro dele havia o sentimento do mundo."
Sem dúvida um livro incrível para presentear os pequenos. Narrativa sensível, que fala sobre amor, companheirismo, amizade, união e família. Um livro que mostra que não é preciso muito para confortar alguém. Na verdade, pequenos gestos valem muito e mudam verdadeiramente a rotina daqueles que estão enfrentando momentos difíceis.

Espero que gostem e aproveitem a dica! Tenho certeza que vocês vão amar (e os pequenos mais ainda)...

É importante frisar que além da história maravilhosa, o livro também se destaca pelas ilustrações delicadas e que representam muito bem as emoções e os sentimentos dos personagens. A verdade é que a edição está simplesmente linda! 





Para saber mais sobre a escritora, clique aqui.

Louco- Fuga, de Rogério Coelho

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Acredito que a maioria de vocês já conheça o Projeto Graphic MSP, de Maurício de Souza, que propõe uma releitura de personagens da Turma da Mônica. Depois de tantos trabalhos e personagens incríveis, chegou a vez de falar de um personagem diferente, peculiar e muito especial: o Louco. 


Entre tantos personagens icônicos e carismáticos da Turma da Mônica, Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira, mais conhecido como Louco, sempre foi meu favorito. Era difícil vê-lo, já que suas intervenções eram sempre inesperadas, confusas e sempre no melhor estilo nonsense. Por estas e tantas outras razões sempre me encantei pelas aparições engraçadas e lúdicas do Louco. 


Agora, dando sequência ao projeto Graphic MSP, o quadrinho Louco - Fuga, traz um narrador/contador de histórias que foge pelas páginas e atravessa diversas histórias buscando um pássaro amarelo que precisa ser libertado. O interessante é que lemos a história pelos seus olhos, ou seja, por sua perspectiva. 

Caso você não conheça o Louco, saiba que ele não pertence a nenhum lugar, ninguém sabe para onde ele vai ou de onde vem; talvez só ele saiba (ou não). Essa liberdade sempre fez com que eu enxergasse o personagem com bastante leveza e curiosidade. 

O que sabemos sobre ele? Sua mente o leva para onde quiser, de forma literal ou fantástica, mas sempre sob uma perspectiva lúdica e singular. Com a imaginação que só as crianças tem, o Louco sempre se permitiu sonhar e ver o mundo à sua maneira, o que também acontece em Fuga.


Mas o louco será mesmo louco ou, como diria Raul Seixas, "é o mundo que não entende sua lucidez?" Prefiro acreditar na afirmação da Lagarta de Alice no País das Maravilhas de que “somos todos loucos aqui”

Talvez o Louco seja sim lúcido, à sua maneira. Suas aparições podem ser repentinas, estranhas ou inesperadas, mas representam a forma única com que ele encara a vida, o que é muito especial.


Sua jornada atrás do pássaro pode simbolizar uma luta por liberdade, por licença poética ou mesmo por respostas para suas próprias perguntas. A narrativa é fluida e dinâmica como Louco, e os diálogos (ou seriam só seus pensamentos) confundem realidade e ficção. O colorismo está fantástico, e apresenta uma paleta de cores viva representa muito bem a perspectiva lúdica do personagem. As vezes nos sentimos como se estivéssemos dentro de um sonho de Louco. De forma geral, o roteiro e a arte retrataram muito bem a inconstância do personagem, que assim como nos quadrinhos está sempre em movimento. O traço é lindo e deixa a graphic com uma cara de peça teatral ou uma apresentação circense.

Já falei bastante e qualquer coisa além do que já disse pode prejudicar sua experiência com esta graphic novel incrível, caso você não a tenha lido. Se ainda não leu, procure conhecer (e se deixar encantar) por este trabalho sensível, delicado, lúdico e que se tornou meu quadrinho favorito do Projeto Graphic MSP. 



                                                                          




5 motivos para assistir ao filme Zootopia

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Recentemente tive a oportunidade de assistir Zootopia, uma recente animação da Disney absolutamente encantadora. Eu poderia listar aqui vários e vários motivos para todo mundo correr para o cinema (ou para o sofá) assistir ao filme, mas escolhi cinco razões pra você não perder tempo ficar de fora dessa! Confira: 





Humor inteligente
De forma geral, a ideia de que animações são para crianças vem caindo por terra ano após ano, e piadas, easter eggs e referências voltadas para o público adulto estão cada dia mais frequentes. Zootopia apresenta é um filme crítico, inteligente e que não subestima as crianças, além de agradar aos adultos. De forma sutil o filme levanta questões importantes sem usar de apelações para conquistar crianças e adultos.

O filme tem uma é protagonizado por uma mulher (ou uma filme)



E porque isto é importante? Porque mais do que nunca precisamos falar de representatividade e mostrar exemplos de personagens diferentes . E não estamos falando de nenhuma princesa frágil e indefesa, mas de uma coelhinha que apesar da aparência fofa é determinada, esperta, forte e muito inteligente. Representatividade é muito importante, e nada como uma protagonista forte e determinada ir contra o clichê da princesa indefesa. Nada contra princesas, mas fico muito feliz que a Disney apostando em personagens femininas mais fortes e independentes, como a Elsa de Frozen, ou Merida de Valente.


O filme questiona nos leva a pensar sobre nossos preconceitos ou "pré-conceitos"


Desde pequena a coelhinha Judy foi obrigada a lutar contra vários preconceitos obstáculos conquistar seus sonhos: sua estatura, sua aparência, seu gênero e até a tradição de sua espécies eram limitadores das conquistas da coelhinha. E já que estamos falando como nunca de feminismo e da luta por representatividade, porque não exaltar uma personagem feminina que foge do estereótipo da princesa frágil? A mensagem que a Judy transmite para as crianças é incrível, mostrando a importância de vencer preconceitos, quebrar paradigmas e lutar pelos próprios sonhos!


Nem tudo que parece, é.



Este tópico esta intimamente ligado ao ponto anterior, mas vou tentar falar um pouco sobre esta característica sem dar spoilers. Zootopia quebra com a característica maniqueísta de muitas animações, e todos os personagens apresentam dois lados, inclusive a protagonista. O filme prova que as aparências podem enganar, e muito!



Personagens Carismáticos




















O tópico é autoexplicativo e quem assistir o filme vai entender o que estou dizendo. Quase todos os personagens são carismáticos; desde a coelhinha Judy ao trapaceiro Nick. Os coadjuvantes não ficam para trás e tem participações pontuais e muito especiais no filme. 


Se estas razões não forem suficientes, você ainda pode se empolgar com o trailer do filme:




Espero que tenham gostado da indicação! Se você já viu o filme, conte o que achou nos comentários!


                                                                          

Conheça o primeiro capítulo de Kiss of Deception, da DarkSide Books

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Quem acompanha o blog sabe que nós somos super fãs de todo o trabalho da DarkSide Books e recentemente (mais precisamente no mês de março) tivemos a oportunidade de conferir a festa de lançamentos 2016 da editora que mais aposta no escuro.

A caveirinha que nunca brinca em serviço está apostando pesado no gênero fantasia, e desta vez traz um young adultépico que promete apresentar uma grande história, conduzida por uma forte protagonista forte e cheia de personalidade: Kiss Of Deception, de Mary E. Pearson. 

E só pra matar um pouco da nossa curiosidade, o Skoob, em parceria com a DarkSide, liberou o primeiro capítulo com exclusividade pra todos que quiserem começar a ler desde já a história!

Eu devorei o primeiro capítulo, e já adianto que estou super ansiosa pra continuar a leitura de Kiss Of Deception! Se você também quiser ler o primeiro capítulo, basta clicar aqui: Kiss of Deception em PDF

O release e as informações técnicas do livro também fora disponibilizadas pela DarkSide Books, e você pode conferir todos os detalhes logo abaixo. Espero que curtam a novidade! 






The Kiss of Deception Crônicas de Amor e Ódio 

por Mary E. Pearson
*informações cedidas pela DarkSide Books


Plante ilusões e você colherá do mundo grandes decepções Tudo parecia perfeito, um verdadeiro conto de fadas – menos para a protagonista dessa história. Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro? 

Quando se vê refugiada em um pequeno vilarejo distante – o lugar perfeito para recomeçar – ela procura ser uma pessoa comum, se estabelecendo como garçonete, e escondendo sua vida de realeza. 

O que Lia não sabe, ao conhecer dois misteriosos rapazes recém-chegados ao vilarejo, é que um deles é o príncipe que fora abandonado e está desesperadamente à sua procura, e o outro, um assassino frio e sedutor enviado para dar um fim à sua breve vida. Lia se encontrará perante traições e segredos que vão desvendar um novo mundo ao seu redor.

 O romance de Mary E. Pearson evoca culturas do nosso mundo e as transpõe para a história de forma magnífica. Através de uma escrita apaixonante e uma convincente narrativa, o primeiro volume das Crônicas de Amor e Ódio é capaz de mudar a nossa concepção entre o bem e o mal e nos fazer repensar todos os estereótipos aos quais estamos condicionados. É um livro sobre a importância da autodescoberta, do amor, e como ele pode nos enganar. Às vezes, nossas mais belas lembranças são histórias distorcidas pelo tempo. 

The Kiss of Deception foi escolhido pelo comitê da Young Adult Library Services Association (yalsa) como umas das melhores ficções ya de 2015 e escolhido uma das principais fantasias de 2014 pelos leitores no Goodreads. Esta viagem extraordinária, repleta de ação, romance e mistério chega ao Brasil em março de 2016 pela Darkside® Books para integrar a Coleção DarkLove.

 Mary E. Pearson é uma premiada escritora do sul da Califórnia, conhecida por seus outros sete livros juvenis — entre eles a série popular The Jenna Fox Chronicles. Mary é formada em artes pela Long Beach State University, e possui mestrado pela San Diego State University. Aventurou-se em trabalhar como artista por um tempo, até receber o maior desafio que a vida poderia lhe proporcionar: ser mãe. Adora longas caminhadas, cozinhar e viajar para novos destinos sempre que tem a oportunidade. Atualmente, é autora em tempo integral e mora em San Diego, junto com seu marido e seus dois cachorros. Saiba mais em marypearson.com.

 “Extraordinário [...] elaborado com maestria.” — PUBLISHERS WEEKLY — 

“Romance, Aventura, misticismo – este livro tem tudo isso.” — SCHOOL LIBRARY JOURNAL — 

“Uma fantasia deslumbrante e refinada.” — CHICAGO TRIBUNE — 

Ficha Técnica 
Título | The Kiss of Deception
Série | Crônicas de Amor e Ódio
Autor | Mary E. Pearson
Tradutor | Ana Death Duarte
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
 Idioma |Português 
Especificações | 406 páginas
Limited Edition (capa dura) 
Dimensões | 16 x 23 cm






















As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg

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“Na época eu tinha fé num futuro fácil e feliz, rico de desejos satisfeitos, de experiências e de conquistas em comum. Mas aquele era o tempo melhor da minha vida, e só agora, que me escapou para sempre, só agora eu sei.”

Sensibilidade é pouco para esse livro de Natalia Ginzburg! Com uma linguagem simples e direta, mas repleta de tristeza e nostalgia, a autora descreve, por meio de ensaios, diversos dos sentimentos experimentados ao longo da vida, que no geral foi marcada pela opressão e pelo medo.  

Nascida na Itália no ano de 1916, Natalia era filha de pais judeus, enfrentou os traumas da guerra, perdeu o marido nos campos de concentração e em razão das perseguições políticas precisou fugir diversas vezes com os filhos. Ao longo das narrativas reunidas nesse exemplar ela relata com muita sinceridade e intensidade, todos os seus medos e sentimentos, nos transportando para lugares sombrios, dolorosos e muito marcantes.

O interessante da livro é que mesmo em meio a tanto sofrimento e a tantas lembranças tristes, a autora consegue descrever situações de leveza e de amor, como aquelas em que se dedica à escrita e aos filhos. 

“Quando escrevo algo, frequentemente penso que aquilo é muito importante e que eu sou uma grande escritora. Acho que acontece com todos. Mas há um cantinho de minha alma onde sempre sei muito bem o que eu sou, isto é, uma pequena, pequena escritora.”
É muito bonito ver a divergência entre os sentimentos da mulher que sofreu na guerra, da escritora que procura consolo nas palavras, e da mãe que vê nos filhos a esperança e o amor. É incrível ver como dentro de uma mesma pessoa várias emoções se contrastam e várias lembranças se confundem.

Entre os vários ensaios maravilhosos da obra, três podem ser destacados: As Relações Humanas, texto em que autora aborda a dificuldade que enfrentou quando precisou sair da posição de defesa e olhar para algo além, para algo maior; Meu Ofício, texto que aborda a importância da escrita na vida de Natalia; e As Pequenas Virtudes, o texto que dá nome ao livro e fala sobre a importância de ser mãe e passar os valores certos para os filhos, fazendo com que eles cresçam sabendo o que é amor, prudência, coragem, generosidade etc).

“No que diz respeito à educação dos filhos, penso que se deva ensinar a eles não as pequenas virtudes, mas as grandes. Não a poupança, mas a generosidade e a indiferença ao dinheiro; não a prudência, mas a coragem e o desdém pelo perigo; não a astúcia, mas a franqueza e o amor à verdade; não a diplomacia, mas o amor ao próximo e a abnegação; não o desejo de sucesso, mas o desejo de ser e de saber.”

Sem dúvida um livro maravilhoso, que merece ser lido com cuidado e que deixará uma lembrança especial. Vale a pena conferir! 



A cor púrpura, de Alice Walker

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Querido Deus. Uma mulher negra anda pela rua e as pessoas puxam seu cabelo e a xingam, pelo simples fato de seu cabelo ser cabelo, naturalmente crescido. Estamos no século XXI, quando supostamente as pessoas seriam esclarecidas e os direitos básicos do ser humano seriam respeitados.


"Todo mundo quer ser amado. A gente canta e dança, faz careta e dá buquê de rosa, tentando ser amado. Você já reparou que as árvore fazem tudo que a gente faz pra chamar atenção, menos andar?"

Querido Deus. Não sei como apresentar a personagem principal desse livro. Celie, menina negra, abusada pelo pai, marido e pela sociedade, cujo único “pecado” foi nascer mulher, narra essa história através de cartas. Nas palavras, escritas de maneira informal, vivenciamos o drama de tantas mulheres que, impotentes e passivas, apenas rezam a Deus por estarem vivas, mesmo que machucadas pelas mãos de seus maridos, mesmo que massacradas por uma sociedade machista e opressora.

Querido Deus. Apesar de distante no espaço e no tempo, a narrativa de machismos e opressão à mulher não deixa de ser atual. Mascarada pelo politicamente correto, a atitude de superioridade de homens, de marginalização de mulheres e de agressões de todo tipo continuam a ser relatos de todos os dias. Celie, em sua simploriedade, inicia todas as suas cartas com “Querido Deus”, roga aquele que ela acredita estar sempre a seu lado. Me pergunto a quem roga as mulheres de hoje em dia...

"Por que você é teimosa? Ele num pergunta por que que você é mulher dele? Ninguém pergunta isso.
Eu falo, Eu nasci assim, eu acho.
Ele bate em mim como bate nas criança. Só que nas criança ele nunca bete muito forte. Ele fala, Celie, pega o cinto. As criança ficam lá fora olhando pelas fresta. Tudo o queu posso fazer é num gritar. Eu fico que nem tábua. Eu falo pra mim mesma, Celie, você é uma árvore. É por isso queu sei que as árvore têm medo dos homem."
Querido Deus…

O que é ser livre? Imersa em um mundo machista e preconceituoso, Celie vê desvelar um mundo totalmente novo e ao mesmo tempo tão igual através dos relatos epistolares de sua irmã, Nettie.. Celie se admira com a liberdade de Netie e de Shug Avery, a grande paixão e amante do Sinhô___ (seu marido). Mas como podem ser livres mulheres presas a visão machista de mundo?

O que é ser feliz? Possuir algum sentimento já é algo novo, para quem desde de jovem nunca teve oportunidade de sentir-se. Para Celie, ter um dia normal sem ser agredida fisicamente… o que mais uma mulher poderia sonhar?

"Todas as mulher num são igual, Tobias, ela fala. Acredite ou não.
Ah, eu acredito, ele fala. Só num posso provar pro mundo.
É a primeira vez queu penso no mundo.
O que o mundo tem a ver com as coisa, eu penso. Aí eu vejo eu mesma sentada ali custurando entre Shug Avery e Sinhô ___. (...) Pela primeira vez na vida, eu sinto que tô no meu lugar."

Com certeza uma leitura contagiante, repleta de tristezas com algumas pitadas de felicidade. Não é dor o que Celie sente, é nada, é a indiferença em si mesma. Mas ainda assim, Celie é mulher, negra, abusada… mas mulher!

Fernando Ruiz Rosario. Piracicabano, graduado em Filosofia pela UFSCar e mestrando na mesma área na UFMG. Gasta seu tempo livre com fotos, livros, séries, filmes, viagens e longas discussões.





Piteco Ingá, de Shiko

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Depois de apresentar uma releitura do Louco, chegou a vez de falar sobre mais um personagem fantástico da Turma da Mônica representado brilhantemente pelo Projeto Graphic MSP, e que fecha o primeiro arco do projeto: Piteco.

Pithecanthropus Erectus da Silva, o icônico Piteco é um personagem da Turma da Mônica que está cronologicamentesituado na Idade da Pedra e que por esta razão preserva hábitos rudimentares, como a caça e a pesca. 

 Sob olhar e traço do talentoso Shiko, Piteco ganhou uma aparência muito mais humanizada e uma apresentação muito mais rústica do que a versão dos quadrinhos, compondo muito bem o cenário da história do Povo de Lem.


Nesta versão, Piteco tem que enfrentar uma grave crise em sua aldeia  já que, conforme a profecia de seu povo, o rio e a fonte de suprimentos se esgotou. A Profecia da Pedra do Ingá força o exôdo de toda aldeia, que se vê obrigada a migrar para terras mais férteis para manter a própria sobrevivência. 
Entretanto, na noite que antecede a partida da aldeia, Thuga (namorada de Piteco) é sequestrada pelos homens-tigre forçando o protagonista a deixar o grupo e a sair em uma longa caçada na companhia do amigo Beleléu. 

Reforçando a simbologia da história, a Pedra do Ingáé uma referência à pedra homônima situada na Paraíba, considerada um monumento arqueológico por suas inúmeras pinturas rupestres (arte que também está presente na graphic)  

 Os cenários são ricos e alguns quadros são verdadeiras obras de arte. Além disto, 
os destalhes são incríveis e ao longo de toda a graphic encontramos fortes elementos da cultura nordestina. Ponto para Shiko que contextualizou incrivelmente essa representação do homem das cavernas brasileiro. O colorismo é magnífico e na minha opinião dá o tom exato às cenas de ação e aventura. 

Uma belíssima homenagem ao personagem Piteco, e um quadrinho recomendado para todas as idades. Se você ainda não leu, não perca tempo porque vale a pena conhecer esta versão do homem das cavernas brasileiro! 




























As melhores citações do livro O Lobo do Mar

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Oi gente, tudo bem?

O livro O Lobo do Mar, do Jack London, foi um dos livros que me marcaram e que mudaram a minha forma de ver o mundo e as pessoas. Quando eu li fiquei encantada, fiz uma resenha dele aqui no blog e claro que ele foi parar na minha lista de preferidos do ano de 2015... Esses dias estava relendo algumas partes e como fiquei emocionada como se fosse a primeira vez, resolvi montar esse post e mostrar as melhores passagens da história! Confiram: 

"Acredito que a vida é uma confusão - ele respondeu de imediato. - É como um levedo, um fermento, uma coisa que se move e pode continuar se movendo por um minuto, uma hora, uma ano ou cem anos, mas que no fim vai parar de se mover. Os grandes devoram os pequenos para que possam seguir se movendo, os fortes devoram os fracos para manter sua força. E quem tem sorte devora mais e se move por mais tempo. Isso é tudo. (...)"

"(...) O valor da vida? Como poderia responder essa pergunta no calor do momento? A sacralidade da vida, para mim, era um axioma. Seu valor intrínseco era um truísmo que eu jamais havia questionado. Quando ele desafiou esse truísmo, fiquei sem saber o que dizer."

"- Ah, não consigo fazê-lo entender, não consigo meter na sua cabeça a coisa incrível que é a visa. É claro que ela não tem valor, exceto para si própria. E posso dizer que minha vida é muito valiosa neste exato momento. Para mim. Tem um preço incalculável, o que é um exagero imenso, você há de concordar, mas não posso evitá-lo porque é a vida dentro de mim que estipula o valor."
"- O homem é inconstante como os ventos e as correntes marítimas. Impossível adivinhar o que ele vai fazer em seguida. Quando você começa a achar que o conhece, quando começa a vê-lo com bons olhos e põe as velas pra vento a favor, ele dá uma volta na sua frente, entra rasgando e arrebenta tudo."

"- Ele nunca filosofou sobre a vida - acrescentei.
- Não - respondeu Wolf Larsen, com um indescritível ar de tristeza. - E ele é mais feliz assim, deixando a vida em paz. Está ocupado demais vivendo a vida para pensar nela. O meu erro foi ter um dia aberto um livro."

"(...) Rastejar é mesquinho, mas não rastejar, ser como um monte de terra ou uma pedra, é uma ideia repulsiva. É repulsiva para a vida que há em mim, cuja própria essência é o movimento. A vida em si é insatisfação, mas vislumbrar a morte é uma insatisfação ainda maior."

"- A vida de um homem fica mais emocionante - ele me explicou - quando está nas mãos de outro. O homem é um apostador nato e a vida é a maior coisa que pode apostar. Quanto maior aquilo que está em jogo, maior a emoção. Por que eu me negaria o prazer de provocar a alma de Leach até quase explodir? Nesse sentido, faço um bem a ele. A intensidade do sentimento é mútua. Ele está levando uma vida superior à de seus companheiros de proa, embora não saiba disso. Ele possui algo que os outros não possuem: um propósito, algo a fazer e resolver, um objetivo que o absorve por completo, o desejo de me matar, a esperança de me ver morto."

"- (...) Não cometo pecado algum, pois sou fiel aos estímulos da vida que há dentro de mim. Ao menos sou sincero com minha alma, coisa que você não é."

"(...) Apesar de minha esperança e fé na humanidade terem conseguido sobreviver às críticas demolidoras de Wolf Larsen, ele tinha operado algumas transformações menores em minha pessoa. Tinha aberto para mim o mundo real, que sempre me causara receio  e sobre o qual eu pouco sabia. Eu estava aprendendo a observar mais de perto a maneira como a vida era vivida, a reconhecer que existia o que se pode chamar de fatos do mundo, a emergir do reino da mente e das ideias e a atribuir certos valores às fases concretas e objetivas da existência."

"(...) Os ruídos do navio arremetendo contra as ondas eram rebatidos de volta pela neblina, e o mesmo ocorria com nossos pensamentos. A mente evitava contemplar um mundo que ultrapassasse o véu úmido que nos cobria. Aquilo era o mundo, o próprio universo, e seus limites eram tão próximos que nos sentíamos compelidos a empurrar com os braços para afastá-lo. Era impossível conceber que o restante ainda existisse além daqueles muros cinzentos. O restante era um sonho, nada mais que a memória de um sonho."
"(...) Idealista e romântico que era, apesar de minha natureza analítica, eu nunca havia captado muito bem as características físicas do amor. Sempre tinha visto o amor entre homem e mulher como algo relacionado ao espírito, um laço espiritual que conectava e atraía as almas para perto uma da outra. Os laços carnais tinham um papel pequeno na minha cosmologia do amor. Agora, porém, eu estava aprendendo sozinho a doce lição de que a alma se transmuta e se expressa através da carne, que a visão, a sensação e o toque dos cabelos da pessoa amada eram sopro, voz e essência do seu espírito na mesma medida que o brilho de seu olhar e os pensamentos entoados por seus lábios."

"- Afinal de contas, pensei, amar é melhor e mais belo que ser amado, pois faz uma parte da vida valer tanto a pena que não nos opomos a morrer por ela. Esqueço de minha própria vida no amor por uma outra vida. Apesar disso, e aí está o paradoxo, nunca quis viver tanto quanto agora, quando dou um valor menor à minha própria vida. Nunca tive tanta razão para estar vivo, foi meu pensamento conclusivo."

Espero que tenham gostado e que leiam o livro, porque é realmente incrível! 






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