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Bordados, de Marjani Satrapi

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Conversas dia adentro, confidências, memórias, segredos, sentimentos velados, dor, amor, CUMPLICIDADE.

Depois de conhecer  o arrebatador quadrinho autobiográfico Persépolis, fiquei curiosíssima para ler Bordados, o último trabalho de Marjani Satrapi publicado pela Companhia das Letras através do selo Quadrinhos na Cia em 2010.

Na cultura iraniana, Bordado é uma cirurgia de reconstrução de hímem para atestar a virgindade de uma mulher, já que preservá-la é motivo de honra. Uma outra conotação para bordado nesta mesma cultura é o bate papo equivalente ao nosso "tricô", quando jogamos conversa fora, trocamos confidências, etc. 

O bordado, (bate papo) é seguido por um chá chamado Samovar, que tem todo um ritual de preparo e de apresentação. Após o almoço, as mulheres do ciclo familiar de Marjani se reúnem na sala para aguardar o chá e para iniciar os "bordados". 

Bordando histórias, essas mulheres tecem e exibem suas memórias de forma crua e honesta mostrando que há muito mais por trás da figura submissa que costuma representar.  Na medida em que o "bordado" ganha corpo, as conversas ficam cada vez mais íntimas e reveladoras e estas mulheres tem a oportunidade de se expressar e revelar mesmo os mais profundos segredos. 




Nunca é demais lembrar que, a sociedade iraniana é pautada pelos costumes religiosos e pela prevalência da cultura patriarcal, que oprime e sufoca a voz de suas mulheres. Por esta razão o bordado representa um símbolo de resistência e uma comovente manifestação de liberdade. Resistência porque, uma vez longe da mão opressora e dos olhares julgadores dos homens estas mulheres podem se revelar, expondo seus sentimentos mais velados. E também é um sinal de liberdade, já que muitas mulheres iniciam a vida sexual antes do casamento e recorrem à cirurgia para não serem julgadas, sendo este também um momento em que elas podem se manifestar, algo que nem sempre lhes é permitido.



No chá elas ganham  voz, vez e exercem o protagonismo de suas histórias sem se preocupar com a censura social que tanto as oprime. Marjani deixa isto bem claro ao narrar a cena em que seu avô interrompe a conversa e tenta se aproximar, sendo imediatamente expulso da sala esposa para preservar a intimidade de todas ali presentes.

Em Bordados, temos muitas características semelhantes à Persépolis: o traço simples e monocromático de Marjani Satrapi, a manifestação ideológica indireta, o contexto social como pano de fundo e principalmente a pauta feminista agregada ao senso de humor característico de Marjani Satrapi. Nem preciso dizer o quanto gostei e o quanto recomendo o quadrinho não é? A leitura foi sensacional e mais uma vez me encantei pelo trabalho da talentosa Marjani Satrapi. Espero que você também tenha a oportunidade de conhecer este trabalho brilhante. 




                                                                         


Eu passei pelo inferno, de Juta Bauer

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Faço parte do time que correu para comprar livros assim que a Cosac Naify anunciou o encerramento de suas atividades. Uma das "heranças" da minha última compra foi o quadrinho "Eu Passei Pelo Inferno", de Juta Bauer. 

Assim que vi o quadrinho fui seduzida pelo título e pela curiosidade de conhecer a história do "homem que já esteve no inferno". 


A breve história narra a vida de um homem que está sempre correndo, em todos os sentidos. Sua vida passa diante de seus olhos mas ele parece não se importar, segue sempre em frente sem se preocupar com nada ou ninguém ao seu redor.

O homem corre tanto que acaba morrendo em um acidente e sua alma vai para o inferno após enfrentar o juízo final. Chegando lá ele percebe que o inferno é aparentemente bem melhor do que imaginava. 























O inferno possui várias divisões como o "Inferno do Jogo", o "Inferno do Bem-Estar" ou "Inferno da Cultura". Ele opta pelo inferno do bem estar, onde passará eternamente desfrutando de uma sauna e uma piscina. O que no início parecia infinitamente agradável, passa a ser uma tortura graças ao tédio que o consome. Assim, o homem clama por uma segunda chance de reencarnar e assim, ter a oportunidade de viver novamente. Quando ele finalmente consegue autorização para reencarnar uma surpresa um tanto quanto irônica o aguarda na terra e na nova vida.

Com muita simplicidade, Jutta Bauer propõe em pouquíssimas páginas uma reflexão bastante interessante sobre a vida e principalmente sobre a forma como vivemos. A história é cíclica, e mostra que o inferno não está tão distante quanto imaginamos.

                                             

                                                                          




O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger

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Publicado no ano de 1951, esse livro marcou uma geração, conquistou público no mundo inteiro e é sem dúvida uma referência quando o assunto é juventude. 

Com uma linguagem simples e sem rodeios o livro significou muito para a população jovem da época em que foi publicado pelo fato de que pela primeira vez os temas relacionados aos medos, às inseguranças e às experiências dos jovens foram abordados sem nenhum pudor e com muita sinceridade.

“(...) Naquele tempo eu tinha dezesseis anos — estou com dezessete agora — mas de vez em quando me comporto como se tivesse uns treze. E a coisa é ainda mais ridícula porque tenho um metro e oitenta e cinco e já estou cheio de cabelos brancos. Estou mesmo. Um lado da minha cabeça — o direito — tem milhões de cabelos brancos desde que eu era um garotinho. (...)”

Narrado em primeira pessoa, a obra conta a história de Holden Caulfield, um jovem de 17 anos que foi expulso do colégio interno em que estudava e precisou voltar mais cedo para casa. Sem amigos e sem paciência para as pessoas em geral, ele passa um período sozinho em um hotel e aproveita o tempo para frequentar bares, conhecer mulheres, viver a vida de forma livre e se descobrir. 
Diferente do que pode parecer por essa descrição, Holden faz tudo isso não por ser rebelde ou indisciplinado, mas sim por estar deprimido e sem saber exatamente o que esperar da vida. Repleto de questionamentos e inseguranças, ele experimenta várias emoções e tenta ultrapassar, a cada dia, um novo limite. 

“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lengalenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se eu contasse qualquer coisa íntima sobre eles.”

O interessante da obra é que mesmo tendo sido escrita na década de 50, ela reflete muito o perfil dos jovens de hoje, o que provavelmente justifica o sucesso. Holden, assim como a maioria dos adolescentes, tem dúvidas sobre família, amizade, sexo, amor, futuro etc.

Vale destacar que esse é um livro simples, que segue um ritmo do início ao fim, e que se destaca pelo contexto social que apresenta. Para apreciar a leitura é preciso contextualizá-la, caso contrário, a narrativa poderá parecer monótona ou pouco interessante.






Promoção: Os Pescadores, de Chigozie Obioma

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Olá Leitores!

Nós já comentamos no blog sobre o livro Os Pescadores, sucesso da Globo Livros, lembram? Pois é... Gostamos muito da história e decidimos realizar a promoção de um exemplar. 

Para participar é bem simples... Então vamos lá:

1 - Curta a nossa página no facebook; e

2 - Clique em "Quero Participar", neste link aqui.

Só serão aceitos participantes com endereço no Brasil e os prêmios serão enviados em até 15 dias após o resultado. A responsabilidade pelo envio é do blog.

O resultado será divulgado no dia 24 de junho e o sorteado terá 3 dias úteis para encaminhar os dados (nome completo e endereço) para o e-mail universodosleitores@gmail.com.

Boa sorte :)


A Amiga Genial, de Elena Ferrante

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Quando eu li sobre o lançamento do livro A Amiga Genial, primeiro livro da chamada "Série Napolitana", fiquei super interessada pela sinopse e senti vontade de ler a história. Acontece que em meio à correria da vida e à loucura da falta de tempo, eu acabei me esquecendo e só voltei a lembrar no início do ano, quando vi algumas listas de melhores leituras de 2015 e o livro estava em quase todas. Imediatamente anotei o nome na minha agenda e só agora consegui um tempo para ler. Que ótimo que consegui, afinal, trata-se de um livro incrível. 

Escrito por uma italiana que é super discreta, não tira fotos, não dá entrevistas, e se utiliza de um pseudônimo para as publicações, o que conserva um mistério por trás de todas as suas obras, o livro conta a história de Elena Greco, uma mulher que ao descobrir sobre o desaparecimento de Lila, uma amiga de infância, decide relembrar as memórias dos momentos que elas vivenciaram juntas, em uma tentativa de eternizar aquela relação e aquelas lembranças. 

"Como sempre Lila exagerou, pensei.
Estava extrapolando o conceito de vestígio. Queria não só desaparecer, mas também apagar toda a vida que deixara para trás.
Fiquei muito irritada.
Vamos ver quem ganha desta vez, disse a mim mesma. Liguei o computador e comecei a escrever cada detalhe de nossa história, tudo o que me ficou na memória."

Elena conta, de forma direta e muito sincera, a forma como surgiu a amizade entre elas e descreve, com muita intensidade, diversos momentos que elas passaram uma ao lado da outra. Acompanhamos a narrativa e descobrimos informações sobre as famílias das personagens, os amigos, a estrutura escolar, os problemas enfrentados nas sala de aula, a descoberta da sexualidade, a luta pelos objetivos etc. 
O interessante é que na medida em que vamos conhecendo as personagens, percebemos o quanto elas são diferentes e o quanto a relação entre elas é pautada por um misto de admiração e inveja. Ao mesmo tempo em que estavam sempre juntas e permaneciam assim por se sentirem mais fortes na presença uma da outra, as duas viviam em constante disputa e Elena não poupa sinceridade ao narrar os momentos em que se sentia inferior à amiga, sempre tão inteligente, descolada e corajosa. 

A narrativa por vezes é muito descritiva, mas o livro tem um ritmo gostoso e as personagens são tão bem caracterizadas que é impossível não se envolver com elas e não se emocionar com as situações difíceis que elas enfrentam. A infância das duas foi marcada por violência física e psicológica e o universo que elas conheciam não era nem um pouco leve ou agradável. 

"Nosso mundo era assim, cheio de palavras que matavam: crupe, tétano, tifo exantemático, gás, guerra, torno, escombros, trabalho, bombardeio, bomba, tuberculose, supuração. Atribuo os medos inumeráveis que me acompanharam por toda a vida a esses vocábulos e àqueles anos.”

A obra, ao mesmo tempo que fala sobre o vínculo de amizade, mostra uma infância marcada pela violência e apresenta informações sobre o cenário pós guerra na Itália, período em que as mulheres sofriam com a submissão em relação aos homens e não possuíam voz ativa ou direito de estudar e escrever. No caso das protagonistas, por exemplo, Elena conseguiu continuar os estudos, mas Lila não.
Esse é um livro com uma premissa simples, mas que encanta pela profundidade da narrativa e pela sinceridade da personagem. Uma leitura que vale a pena e que deixa muitas pontas abertas, o que mantém acesa a curiosidade para o segundo volume da série.

Espero que aproveitem a dica, porque vale a pena! 

“Habituadas pelos livros da escola a falar com competência do que nunca tínhamos visto, era o invisível que nos excitava.”







Verdade Ao Amanhecer, de Ernest Hemingway

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A literatura sempre teve dificuldade de entender o outro. Assim, o outro sempre foi o alvo da literatura: tocar o que não se pode tocar, chegar em um ponto de silêncio – que só a arte tem – em que podemos revelar algo significativo entre nós e o estranho outro, esse hospedeiro que carregamos conosco. A literatura de Hemingway parece perceber o outro até com certa obsessão: quem leu o Velho e o Mar sabe da grande disputa entre este eu e a natureza voraz. Em Verdade ao Amanhecer, Hemingway conta uma história de outros, distantes, mas que ele acha que pode tocar.

Verdade ao Amanhecer é uma espécie de relato biográfico-ficcional de Hemingway no tempo em que passou na África ao lado de sua mulher Mary. O livro conta a história do autor liderando um grupo de viajantes e moradores locais em busca de um leão que deveria ser morto por sua esposa até o dia do nascimento de Jesus, o Natal. Misturando ficção, biografia e reflexões, esta obra, uma das menos conhecidas do autor, funciona como uma coda à obra do autor, dando-nos mais pouco de sua forma absolutamente peculiar de contar as coisas do mundo.

Verdade ao Amanhecer logo de cara nos apresenta a estranheza de um lugar: A África, vista pelos olhos de Hemingway é tal qual descrita nos relatos dos americanos: um lugar selvagem, de grandes forças naturais, de um poder da fé local capaz de ver religiões e religiosos em todo canto. Assim, esta imagem estereotipada, típica do autor – que sempre a desfaz mostrando as próprias fraquezas – é apresentada para, logo em seguida, mostrar sua fragilidade diante daquele mundo. Hemingway tenta a todo custo apreender este outro como num espelho que olha apenas para si:

"Quando tudo é fantástico e você inventa suas mentiras e vive nesse estranho mundo em que tem tudo, então é simplesmente fantástico e às vezes encantador, e eu rio de você. Me sinto acima de tanto absurdo e irrealidade. Por favor, tente me compreender, porque eu também seu irmão."
Se é verdade que a África é um lugar ainda “não-ocidentalizado”, é também verdade que o papel de humanidade em torno da África é latente na obra. Hemingway, ao lado de sua esposa a procura deste leão, se torna, na verdade, o próprio leão do livro, na medida em que os gestos, as ações, o poder que ele detém ali naquele lugar, revelam, na verdade, apenas uma pobreza da dinâmica humana em tomar o mundo pelas mãos, ao mesmo tempo em que nos mostra como a ordem da natureza com suas mudanças diárias é muito mais forte do que somos capazes de suportar. Sobre essa necessidade americana inata de liderar, de mandar, o autor diz:

"Há pessoas que gostam de exercer o mando, e em sua ânsia por assumi-lo impacientam-se com as formalidades para toma-lo de outro. Gosto de exercer o mando, pois o considero a mistura ideal de liberdade e escravidão. Um homem pode sentir-se feliz com sua liberdade, e quando esta se torna muito perigosa, pode refugiar-se no dever."

Verdade ao Amanhecer, de certa forma, revela estas forças que nos dão as pequenas verdades do mundo. Assim, com a linguagem típica do autor podemos acompanhar suas ironias, suas tardes em meio ao álcool, seus relatos sobre autores da época e muito mais. Um livro especial e essencial para amantes da boa literatura. Se é longo é só porque a literatura às vezes não dá conta do mundo.


A Caderneta Vermelha, de Antoine Laurain

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Notas da caderneta de Laure, encontrada por Laurent:

“Gosto de passear ao longo da água na hora em que as pessoas saem da praia.
Gosto do nome do coquetel “americano”, mas prefiro o “mojito”.
Gosto do cheirinho de hortelã e de manjericão.
Gosto de dormir no trem.
Gosto dos quadros que representam paisagens sem personagens.
Gosto do cheiro de incenso nas igrejas.
Gosto de veludo e de pelúcia.
Gosto de almoçar em um jardim.
Gosto de Érik Satie. COMPRAR UM GRAVAÇÃO DA OBRA COMPLETA DE SATIE.”

Era uma manhã comum na vida do livreiro Laurent quando ele se deparou com uma bolsa abandonada em cima de uma lata de lixo no seu caminho rotineiro. E esse pequeno fato mudou tudo na sua vida a partir de então.

Uma bolsa contendo vários itens pessoais e uma caderneta com anotações curiosas feitas pela mulher, dona do objeto perdido e encontrado por Laurent, dão o tom àhistória escrita por Antoine Laurain. O cenário é a charmosa cidade de Paris e o ponto alto é a forma com que a busca de Laurent para encontrar a dona da bolsa muda toda a percepção de sua vida.

Trata-se de uma história sensível e delicada, repleta de referências à obras e escritores literários, já que tanto Laurent, quanto Laure, são leitores assíduos.

É gostoso imaginar a busca de Laurent pela doce Paris, mas uma Paris de encantos delicados, longe dos pontos turísticos, revelando o real dia-a-dia dos parisienses.

Mas o melhor mesmo em “A caderneta vermelha” é celebrar o amor. A pureza da descoberta de pequenos detalhes que nos prendem. É sonhar com um mundo em que duas pessoas se esforçam verdadeiramente para se encontrar, algo tão distante do que vemos hoje no nosso mundo real. 

                                                                                

7 livros para começar a pensar sobre feminismo

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Oi gente, tudo bem?

O assunto "feminismo" está cada vez mais frequente nas redes sociais e nas discussões entre grupos de amigos, pensadores, jornalistas, professores etc. Isso é ótimo, afinal, nada melhor que pensar sobre igualdade entre os gêneros e falar sobre isso com a mente aberta, na tentativa compreender cada vez mais a importância dessa luta e desse discurso, que diferente do que muita gente pensa não tem nada de radical ou extremista.

Pensando nisso, resolvi listar 6 livros que considero interessantes e que introduzem o assunto, levantando reflexões interessantes não só sobre a condição das mulheres ao longo do tempo, como também sobre a importância de mudarmos diariamente o nosso comportamento e a nossa mentalidade.

Os livros são os seguintes:

Ambientando na década de 1930, o livro conta a história de uma negra através de cartas. Abusada pelo pai, pelo marido e pela sociedade, Celie vive calada todas as penúrias da vida de uma mulher, encontrando nas cartas uma maneira de desabafar. Sua vida, no entanto, sofrerá uma mudança, quando conhece Shug Avery, uma mulher a frente de seu tempo, e que vive uma vida diferente de outras mulheres de sua época.

Um romance intenso e verdadeiro, que aborda por meio de personagens cativantes as dificuldades enfrentadas por uma mulher negra que saiu do seu país e foi tentar a vida nos Estados Unidos. A história fala sobre racismo, machismo e opressão, o que abre nossos olhos para várias questões que muitas vezes optamos por deixar para lá. 

O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir
Pioneira no assunto, Simone de Beauvoir foi uma estudiosa na questão dos gêneros e publicou esse livro no ano de 1947, o que causou grande impacto na sociedade e demonstrou a sua força e coragem. O livro ganhou destaque tanto pela forma sincera como analisou a questão da mulher na sociedade,como pela frase "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher". 

A partir de uma linguagem simples e direta, a obra nos coloca diante de muitas reflexões sobre a postura controladora dos homens e sobre o sofrimento progressivo das mulheres que possuem suas vontades oprimidas e são moralmente coagidas pelos homens. Vale destacar, ainda, que a narrativa é, em partes, autobiográfica, já que a escritora, que sofria de depressão, recebeu ordens de ser tratada em casa e de parar de escrever e de exercitar a mente.

Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie 
Um ensaio curto e muito intenso, em que Chimamanda discorre sobre a sua experiência como mulher, nigeriana e negra, para mostrar o quanto é difícil lutar pela igualdade e obter direitos e respeito em uma sociedade que privilegia os homens e educa as crianças de uma forma machista e desigual. 

Com uma simplicidade singular, nesse livro Virgínia Woolf fez um belíssimo discurso (que mais se parece um diálogo) em nome da liberdade e da igualdade, trazendo à tona uma das mais brilhantes reflexões que tive a oportunidade de ler. Fui atingida em cheio pela forma intensa com que a escritora defende muitos questionamentos dos movimentos feministas, problemas que até hoje nós, mulheres, enfrentamos no dia a dia.




Entre as várias abordagens, o livro, que tem linguagem simples e bem introdutória, explica as formas nas quais o machismo é inserido na sociedade e mostra maneiras simples para mudarmos o nosso pensamento e praticarmos a sororidade. Além disso, a edição apresenta uma lista com as conquistas das mulheres aos longo dos anos e fala sobre um tema que muitos ainda sentem medo: o feminismo!


Para quem tiver interesse, recomendo também o blog Escreva Lola Escreva, que aborda o assunto de forma responsável e contém diversas informações relevantes e interessantes. Vale a pena conferir!

Até a próxima!


As fases da lua, de Clarissa Corrêa, Bianca Briones, Liliane Prata, Leila Rego e Jennifer Brown

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Oi gente, tudo bem?

A Editora Gutenberg vai lançar em breve o livro As Fases da Lua, que conta com a reunião de contos das escritoras Clarissa Corrêa, Bianca Briones, Liliane Prata, Leila Rego e Jennifer Brown.

A proposta é bem interessante, afinal, assim como a nossa vida, a lua é repleta de fases! Para que entendam melhor a proposta do livro, confiram a sinopse:

5 mulheres, 5 fases da Lua, 5 histórias de... amor?

Alice é uma jovem com uma vontade crescente de cair no mundo, até se apaixonar pelo cara mais gato da cidade. Mas um incidente no meio de seu conto de fadas pode mudar sua vida para sempre. Lena é uma mulher cheia de amor para dar e que stalkeia todos os passos dos homens por quem se apaixona. E ela realmente se apaixona por todos. O problema é que eles não se apaixonam por ela... Um amor minguante não tem vez na vida de Bruna. Noiva do seu melhor amigo de infância, eles se preparam para o casamento e traçam planos para uma vida inteira juntos. Mas será que não é perfeição demais? 

Ainda nova, Dora já é uma médica renomada, segura e decidida, mas seu coração traz uma ferida e ela não está disposta a se abrir novamente. Até que o amor lhe aparece em forma de canção... Destiny é uma jovem com um passado marcado por dúvidas e segredos, assim como o misterioso luar azul que toma conta de sua cidade, deixando-a confusa e com medo... pois no fundo ela sabe que ele pode guardar as respostas que ela tanto busca. 

Assim como a Lua, a vida também é repleta de fases, e neste livro acompanhamos as deliciosas histórias de cinco mulheres que estão em diferentes fases da vida, mas que têm em comum os altos e baixos, os amores e desamores, as promessas e incertezas da busca pela felicidade.

Os contos terão os seguintes títulos:

Clarissa Corrêa - Caminhos Cruzados

Liliane Prata - Algumas coisas que aprendi

Bianca Briones - Se você pudesse ficar...

Leila Rego - Minha canção favorita é você

Jennifer Brown - Oráculo Azul

Para dar início à divulgação do projeto, a Editora Gutenberg convidou alguns blogs e enviou a prova de um dos contos. Como eu sou fã da Jennifer Brown, optei por ler Oráculo Azul e vou contar um pouco para vocês...

Com a linguagem simples e envolvente de sempre, a escritora narra, em poucas páginas, a história de Destiny, uma jovem com a vida marcada por muito sofrimento e muita solidão, já que nunca conheceu o seu pai e a sua mãe morreu de overdose. 

Filha de pais adotivos, a garota trabalha em um péssimo emprego e a sua vida não tem nenhuma aventura especial ou nada de interessante. Acontece que um dia, quando está saindo do trabalho, ela encontra com Dan, um morador de rua que adorava fazer previsões e que lhe diz o seguinte: "Ache seu rumo, menina, antes que a lua exploda todo seu azul sobre você."

Assustada com a frase de Dan, já que naquela época sua cidade estava experimentando um fenômeno natural estranho e a lua estava azul por 4 dias seguidos, Destiny começa a repensar a sua vida e as suas atitudes, na tentativa de encontrar respostas para os acontecimentos da sua vida. 

O conto, apesar de despretensioso e leve, mantém a característica típica da escritora: levanta reflexões sobre a vida e sobre as escolhas que fazemos a cada dia! Vale a pena conferir... 


Habibi, de Craig Thompson

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Quando eu terminei de ler a HQ Retalhos eu tive certeza de que leria outros trabalhos do roteirista Craig Thompson, afinal, o seu talento e os seus traços conseguiram me emocionar de forma muito particular. 

Aproveitei que a Companhia das Letras, pelo selo Quadrinhos na Cia, também publicou Habibi, e decidir que seria uma ótima forma de conhecer mais o trabalho do roteirista. Confesso que agora que terminei a leitura não tenho palavras para expressar o que ela representa. Definitivamente, Craig Thompson é um artista!

A história, que se passa no Islã, narra as aventuras de Dodola, uma menina que foi vendida pelos pais para um homem muito rico e foi obrigada a se casar com apenas 12 anos de idade. Se não bastasse tudo isso, ela foi atacada por uma gangue no deserto e vendida como escrava. Desesperada e sem saber como encontrar forças para sobreviver, ela acabou encontrando, no cativeiro em que estava, o garoto Zam, que tinha apenas 4 anos e por quem ela desenvolveu um amor maternal.
Em meio a diversas reviravoltas, Dodola consegue fugir do local com Zam e juntos eles passam a viver no deserto. Enquanto lutam pela sobrevivência e passam todos os dias sem nenhuma certeza do que irão enfrentar, Dodola ensina a Zam diversas lições sobre a cultura islãmica, o Corão e as lendas de um povo oprimido pelo Estado e pela religião.

Depois de um bom tempo juntos no deserto, os dois acabam se separando de forma muito cruel e no período em que ficaram distantes enfrentaram várias dificuldades e vivenciaram experiências tristes e dolorosas, que são narradas na história de forma muito intensa e muito humana. 

Anos depois, de forma surpreendente, eles se reencontram e precisam se redescobrir, redescobrir os sentimentos e lidar com as novas experiências que a vida lhes permite vivenciar. 
A narrativa é extremamente bela e profunda, marcada por muita tristeza, muita cultura, e fortes emoções. A todo tempo é possível perceber aspectos interessantes da cultura islâmica, do machismo, da opressão, da desigualdade e da importância da religião, que é totalmente opressora e que é utilizada como instrumento de alienação social. 

O romance por trás de tudo isso também é apresentado de forma espetacular e os personagens são tão bem caracterizados e tão cativantes que quando a história termina dá vontade de recomeçar... É lindo ver o processo de amadurecimento dos dois e do sentimento entre eles. É lindo pensar que pode existir pureza mesmo em meio a tanta dor e a tanto sofrimento. 

Vale destacar que mais que um roteiro impecável, que demorou aproximadamente 8 anos para ser concluído, essa HQ também apresenta ilustrações maravilhosas, com traços finos e repletos de detalhes capazes de nos transportar para outro universo e fazer os nossos olhos brilharem. As páginas parecem quadros e os olhos dos personagens parecem saltar do papel de tanta emoção que transmitem. 

Sem dúvida um trabalho impecável, que merece destaque, e que vale a pena ler e reler, e reler...

Espero que aproveitem a dica! 




A Herdeira, de Kiera Cass

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Maxon e América, rei e rainha de Illéa se conheceram e viveram uma história de amor durante a última Seleção que foi realizada para que o ainda príncipe – Maxon – escolhesse uma esposa e companheira para reinar ao seu lado. Apesar dos percalços, a Seleção foi incrivelmente bem sucedida e o casal teve 4 filhos, sendo eles, um casal de gêmeos e dois meninos. Os gêmeos Eadlyn e Ahren nasceram com alguns minutos de diferença, o suficiente para fazer de Eadlyn a herdeira do trono.



Eadlyn é uma jovem determinada, inteligente, independente e de personalidade forte. Para provar aos outros e a si mesma que é firme o suficiente para suportar o peso da coroa, Eadlyn chega a ser até um pouco fria e ríspida . A princesa dessa história definitivamente não é aquele modelo de doçura e simpatia com o qual estamos acostumados. Por isso, quando seus pais decidem pedir a ela que participe de uma nova Seleção para tentar encontrar um companheiro, Eadlyn se vê diante do seu maior pesadelo, perder a sua tão confortável paz e ter o palácio repleto de garotos à procura de sua mão. Escolher um deles é algo que ela nem cogita, tamanha sua aversão à ideia. Tudo que Eadlyn deseja é, ao menos, sobreviver aos meses em que terá que lidar com 35 pretendentes.

A Herdeira é o primeiro de dois livros que contam a história da Seleção de Eadlyn. Eu aconselho aos que ainda irão ler que dêem mais chance para a personagem que não é uma figura fácil de se amar. Porém, a partir do segundo livro, a gente já consegue entendê – la melhor e aceitar que por trás de sua personalidade difícil, existe uma garota que só quer ser aceita e fazer o melhor para seu País. 
Os pretendentes trazem boas surpresas, e, tenho que confessar que apesar de não ter amado Eadlyn, um dos personagens conquistou meu coração já no primeiro livro. Será que Eadlyn irá escolhê-lo? Isso eu só vou contar na resenha do próximo livro! Enquanto isso, leiam a Herdeira e, depois contem para gente aqui o que vocês acharam. 

Beijos e até a próxima.

                                                                                  
                                                                                   


Star Trek- Portal do Tempo de A.C. Crispin

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Falar sobre uma das séries mais bem sucedidas de todos os tempos, com uma fanbase expressiva não é uma tarefa fácil, e mesmo tendo AMADO este livro demorei um pouco pra falar sobre ele.

Isto porque senti o peso da responsabilidade de falar de qualquer coisa ligada ao universo Star Trek, que até então era um tanto quanto desconhecido para mim. Para minha felicidade a Editora Aleph lançou recentemente o livro Star Trek-Portal do Tempo, que abre uma série de adaptações de uma das mais bem sucedidas sagas televisivas de todos os tempos, de forma didática e envolvente.

De cara, Portal do Tempo me conquista pelo prefácio incrível de Salvador Nogueira criador do site Trek Brasilis e  apaixonado pela cultura Star Trek , o que justifica o fato do prefácio ser uma verdadeira declaração. Salvador Nogueira elaborou um prefácio à altura do livro criando um convite irresistível para conhecer a história.

Além do prefácio convidativo, os personagens mais importantes da série são apresentados em um glossário, com detalhes e características que definem a personalidade de cada um. Desta forma, os iniciantes podem construir os personagens de forma mais rápida.

Portal do Tempoé a adaptação dos episódios da série original"Cidade à beira da eternidade" e "Todos os nossos ontens", trazendo detalhes sobre o Guardião da Eternidade e sobre o romance entre Spock com Zarabeth, ponto chave para os acontecimentos desta história.

O livro mostra mais uma entre tantas missões dos tripulantes da Enterprise. Assim como ocorre no episódio, membros da Federação partiram no passado em uma expedição em direção ao planeta Sarpeidon. No intuito de alertar os nativos a respeito da extição do planeta (que se tornaria uma nova) os federados parte em uma missão para resgatar a população do planeta, mas se surpreendem ao encontrar o planeta desabitado. Os nativos de Sarpeidon utilizaram uma máquina chamada atavachron para viajar ao passado, salvando-se, e o mesmo ocorre com Kirk e Spock após sua chegada ao planeta. Enquanto Kirk é levado para uma era medieval de Sarpeidon, Spock retorna às suas origens mais primitivas, momento em que se ele se relaciona com Zarabeth. 


“Acidentalmente, McCoy e eu fomos transportados para o passado, para a era glacial de Sarpeidon. Estávamos morrendo de frio, quando uma mulher apareceu e nos deu abrigo. Seu nome era Zarabeth. Ela fora exilada sozinha, no passado, pela ação de um inimigo. Ficou presa lá, por um processo especial de condicionamento. Fui... afetado pela viagem. Voltei ao que nossos ancestrais eram 5 mil anos atrás. Um bárbaro: eu comia carne. E gerei um filho com Zarabeth. Eu não sabia disso, até há alguns dias.”


De volta ao futuro, Spock encontra registros desse momento primitivo enquanto fazia algumas pesquisas arqueológicas, percebendo a existência uma criança na caverna onde morava com Zarabeth. Imediatamente o vulcano deduz que trata-se do seu filho, e seus princípios morais e éticos o obrigam a voltar ao passado para resgatá-lo através do Guardião da Eternidade, uma espécie de portal que permite viagens temporais. 


"As lealdades de família ultrapassam até mesmo a lei planetária. Vulcano é virtualmente governado por uma oligarquia composta de diversas famílias notáveis. A minha é uma delas. E T'Pau não vai deixar um membro da família viver e morrer sozinho, longe de sua gente."


Spock encontra seu filho mas se surpreende com sua idade: Zar é um adulto e tem poucos anos de diferença em relação ao vulcano, o que dificulta ainda mais uma aproximação mais terna entre pai e filho. Zar é inteligente, dedicado e carinhoso, e o fato de ter vivido muitosw anos exilado faz dele um personagem bastante interessante. De certa forma ele é uma pessoa pura e sua constante necessidade de surpreender Spock traduzem-se em uma enorme fome de aprendizado acerca desse mundo novo que se abre para ele. Sua adaptação aos costumes se dá de forma rápida, mas sua relação com Spock é mais fria do que Zar esperava. Nem mesmo suas habilidades e seu carisma  são suficientes para desequilibrar o controle de emoções do vulcano que mantém-se relativamente distante ,deixando seu filho frustrado com a ausência de carinho por parte do pai. 



" - Devo presumir que não pensastes? Lembra-te Spock,. Teu filho é uma pessoa. Cada ser tem sua própria dignidade e vida. Concede a teu filho essa dignidade. Ele é assunto teu, mas não é tu mesmo. Lembra-te de nosso símbolo (...) -Dá valor às diferenças, bem como as semelhanças."

A narrativa é bem construída, fluida e nos prende o tempo inteiro, seja pelo ritmo de aventura, pelos momentos engraçados ou mesmo pelos dramas vividos pelos personagens. Se em vários momentos somos seduzidos pelo senso de humor sutil dos personagens, em outros nos comovemos com a delicada relação entre Spock e seu filho Zar.  Assim como acontece na série, Crispin problematiza questões éticas, morais e discute a importância de valores como a amizade e lealdade, sempre presente entre os membros da Federação, especialmente entre os protagonistas da história. 

O universo Star Trek inúmeras coisas que admiramos: a curiosidade (inerente ao ser humano), a tecnologia usada com finalidades pacíficas, os valores morais e éticos, a diplomacia da Federação, a curiosidade alimentada pelas viagens exploratórias no espaço, e, claro, o enorme carisma dos personagens. A relação entre os personagens e sua forma de encarar o universo, valorizando cada ser vivo traduz-se em muitos momentos em uma utopia do mundo que gostaríamos de ver, e o que gostaríamos de nos tornar um dia: seres explorando o universo e buscando viver em paz, buscando sempre conviver amigavelmente com as mais diferentes formas de vida. 



Recomendo muito a leitura de Star Trek- Portal do Tempo, um dos melhores livros que li este ano, sem sombra de dúvidas. Um ótimo começo para os curiosos e um show de nostalgia para os já apaixonados pelo universo Star Trek. 




A Grande Aposta, ou a velocidade estética do dinheiro

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Não é possível pensar nosso tempo sem levar em conta a velocidade. A velocidade, enquanto vetor de tempo e progresso, ou seja, aquele que quanto mais acelerado mais somos capazes de ter posse, em equação oposta da percepção de que quanto mais aceleramos mais perdemos a capacidade da nos demorarmos em qualquer coisa, estão na base do pensamento de diversos críticos do século XX. Isto não pode ser desprezado quando pensamos em arte.

Parto disso pra dizer que, quando abordo o filme A Grande Aposta, de Adam McKay, parto do pressuposto de que, diante das questões do nosso tempo, creio ser o filme que mais se aproxima de questões relevantes para o hoje – tanto na composição estética, na formação do roteiro e na aceleração dos diálogos e das imagens, quanto na própria temática do filme, a historinha que perpassa por nossos olhos no decorrer da película.

O filme conta a história de quatro homens que antecipam a bolha imobiliária americana e, na percepção de que uma crise batia a porta, tentam lucrar com essa atividade: compram ações que nada valiam com cláusulas de que os bancos deveriam pagar a eles multas caso não houvesse retorno. No entanto, no decorrer da trama, eles começam a perceber como o mercado financeiro funciona, forjando números e apresentando uma série de fraudes monetárias.

Apesar da temática um tanto quanto obscura, de números que passam pela nossa frente sem nada entendermos, o que se destaca na direção de McKay é o uso da temática da bolsa de valores para compor esteticamente sua obra. O movimento acelerado dos diálogos, das ações, da montagem do filme, quase em um caleidoscópio entre a ficção e um pastiche de documentário da Bloomberg, alteram seguidamente a percepção do espectador que se vê submetido a uma mecânica do impossível: a chave do filme está na manutenção de um ritmo entre o deboche e uma espécie de antecipação apocalíptica, como se a técnica do enjambment do poema fosse utilizado de forma a que cada cena desemboca-se na próxima e antecipasse seu próprio fim.

O mais interessante é que o diretor, conhecido por muitos filmes de comédia como O Ditador (2012) com Sacha Baron Cohen, ou Quatro Amigas e um Casamento (2012), se utiliza do mecanismo do humor como chave, como no momento em que ninguém entende nada do que foi dito em relação a uma questão do mercado financeiro e aparece Selena Gomez para explicar a questão de forma estranhamente didática. O humor, então, como último recurso da obra, transforma tudo em um grande deboche, um jogo de desconfiança da própria máquina financeira, funcionando como ironia a própria crença na velocidade exposta.

A Grande Aposta, por isso, é para mim a grande aposta para o Oscar 2016. Creio ser o principal filme merecedor da estatueta na medida em que sabe absorver sua época e devolve-la com a mesma brutalidade que ela nos toca. Se há outros filmes como O Regresso, que já nasce clássico, ou O Quarto de Jack, uma força da natureza, A Grande Aposta não tem essa ambição de ser grande. Tenta menos, por isso se aproxima mais.


30 Frases de Tyrion Lannister, personagem das Crônicas do Gelo e do Fogo

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Considerado  um dos personagens favoritos da série As Crônicas do Gelo e do Fogo de George R. R. Martin, Tyrion Lannister é carismático e inteligente, sendo dele algumas das falas mais interessantes da série. 

Como eu faço parte dos fãs que adoram o personagem, selecionei 30 das inúmeras frases incríveis de Tyrion Lannister ao longo da saga!  Espero que gostem da seleção...Confiram:



" Nasci. Sobrevivi. Sou culpado de ser um anão, confesso. E independente de quantas vezes meu bondoso pai tenha me perdoado, persisti na minha infância."

"Já me chamaram de muitas coisas, mas gigante raramente foi uma delas."

"Sou deformado, mutilado e pequeno mas...na cama, depois das velas sopradas, não sou pior constituído do que os outros homens. No escuro sou o Cavaleiro das Flores."

"Já sonhei o suficiente para uma vida pequena. E com coisas tão tolas: amor, justiça, amizade, glória. Assim como sonhei em ser alto."



"Minha mente é minha arma. Meu irmão tem a sua espada, o Rei Robert, o seu martelo de guerra, e eu tenho a mente...e uma mente necessita de livros da mesma forma que uma espada necessita de uma pedra de amolar para se manter afiada."

"Dormir é bom. Melhor que isso são os livros."

"Segure a língua antes que ela cave sua sepultura."

"Meu próprio pai não me amava. Por quê você me amaria, senão por ouro?

"Um Lannister sempre paga suas dívidas."

"Mãos duras e nenhum senso de humor fazem um péssimo casamento."

" A vida é uma brincadeira. A sua, a minha, a de todo mundo."

"Um beijo sincero, um pouco de gentileza, todo mundo merece isso, seja grande ou pequeno."

"A morte é terrivelmente final, ao passo que a vida é cheia de possibilidades."

"Um beijo sincero, um pouco de gentileza, todo mundo merece isso, seja grande ou pequeno." 



"Nunca se esqueça de quem é, porque é certo que o mundo não se esquecerá. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua franqueza. Arme-se com essa lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo. 

"Todos precisamos ser alvo de zombaria de vez em quando, para evitar que comecemos a nos levar muito a sério."

"Ficar excitado é a segunda melhor coisa, depois de ficar bêbado."


"Os deuses dão com uma mão e tiram com a outra."

"As coroas fazem coisas estranhas às cabeças que estão por baixo delas."

"Alguns aliados são mais perigosos que inimigos."

" Você pode comprar um homem com ouro, mas só sangue e aço o seguram de verdade."

"Quando o reino chegar, o reino estará faminto."

"Se houvessem deuses para escutar, seriam deuses monstruosos, que nos atormentam por esporte. Quem mais faria um mundo como esse cheio de escravidão, sangue e dor?"



" Sento-me melhor numa cadeira do que num cavalo, e gosto mais de segurar uma taça de vinho do que um machado de batalha. Toda aquela conversa a respeito do rufar dos tambores, da luz do sol brilhando nas armaduras, de magníficos corcéis de balha resfolegando e empinando? Pois bem, os tambores me dão dor de cabeça, a luz do sol brilhando na minha armadura me cozinha como se fosse um ganso no dia de colheita e esses magníficos corcéis cagam por todo lado."

"Os homens lutam com mais vigor por um rei que partilha de seus perigos do que por um que se esconde atrás das saias da mãe."

"Eu sou baixo, mas não sou cego."

"Dizem que sou meio homem. O que isso faz de vocês?"

"Dê-me doces mentiras e fique com suas amargas verdades."

"Você ficaria espantado com o que um rapaz pode fazer com algumas mentiras, cinquenta peças de prata e um septo bêbado."

"Quando eu era garoto, minha ama de leite me disse que se um dia, se os homens fossem bons, os deuses dariam ao mundo um verão sem fim."



E você, qual frase gostaria de ver na lista? Espero que goste da seleção! 

Até a próxima!

                                                                       



Meia pessoa uma ova!

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Ilustração de Sofia Bonati

Leio hoje, estarrecida, a fala de Recep Tayyip Erdogan, presidente turco. Em recente declaração, ele disse que mulheres que não têm filhos por conta da carreira "negam sua feminilidade", ficam "incompletas" e são "meias pessoas". Graças a Alá, o raciocínio causou indignação e repúdio dentro e fora da Turquia.


Segundo o ilustre, "uma mulher que renuncia à maternidade dizendo 'estou trabalhando' está na prática negando sua feminilidade". Às vezes estamos no Século 21, outras no Século 18 e, às vezes, voltamos à Idade Média.

Desde quando renunciar à maternidade, por questão profissional ou de outra ordem, é negar a feminilidade? Que visão obsoleta é esta? Qual a lógica deste pensamento? Se alguém souber, por favor esclareça.

Essa mentalidade machista de que mulheres precisam ser mães para se sentirem "completas", que só a maternidade ensina o amor verdadeiro, sempre me enjoou. Quantas mães monstruosas vemos por aí, que maltratam, abandonam, preterem seus filhos por um homem, por uma garrafa de cachaça ou uma pedra de crack? São pessoas inteiras porque pariram e, assim, não negaram sua feminilidade? E aquelas que não geraram vida em seus ventres estão fadadas a ser incompletas, aleijadas enquanto pessoas?

Por favor, parem o mundo que eu quero descer.

Tenho 38 anos e não tive filhos. Ainda. Pode ser que role, vai saber. Queria ter tido, mas priorizei estudos, trabalho, cursos no exterior, enfrentei duras questões pessoais e familiares. E jamais, nem por um átimo de segundo, tive a sensação de estar negando minha feminilidade. Pelo contrário: estou cada dia mais feminina.

Há pouco, por estas bandas de cá, houve a polêmica do "bela, recata e do lar". É quase a mesma coisa. Quase. Porque não disseram que ser "bela, recata e do lar" te torna meia pessoa. Por isso, pessoalmente, considero menos grave – ainda que seja uma visão conservadora do papel e do potencial da mulher na sociedade contemporânea.

Numa época em que as discussões acerca de gênero estão avançando tanto, ouvir uma patifaria dessas é aviltante. Para o tal Erdogan, rejeitar a maternidade e (pasmem) "as tarefas do lar" representa para a mulher "perder sua liberdade". Oi?! Como?

Para nossa sorte (de mulheres e de homens), vivemos em uma época onde declarações idiotas repercutem e geram mobilização. Grupos que defendem os interesses das mulheres já organizam protestos em Istambul e Ancara sob o slogan "A mulher é mulher, é metade só em sua mente". Intelectuais e artistas também se manifestaram.

Se quero ou não, se posso ou não, se pretendo ou não ter filhos, é assunto meu. E isso não faz de mulher alguma meia pessoa. Em vez disso, a empodera sobre seu próprio corpo e destino.

Quer ser machista, Sr. Erdogan? Tens ainda (infelizmente) todo direito. Mas, ao menos, preserve o bom senso.




Donnie Darko, de Richard Kelly

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A principal dica para que você que chegou aqui curioso para saber o que está por trás do sucesso de Donnie Darko e o que faz com que o livro seja um dos mais desejado entre os lançamento da Darkside Booksé a seguinte: pare tudo, não leia, veja o filme, depois volte... 

Se já viu o filme há algum tempo atrás, reveja, afinal, tem detalhes demais e a cada vez que você se sentar na frente da televisão vai descobrir algo novo e pensar: "poxa, como eu não tinha notado isso antes?". Pois é, é bem assim...

Já foi? Já viu? Então venha aqui saber sobre o livro...

Com uma edição impecável, este livro é uma verdadeira homenagem a um dos filmes mais clássicos do cinema, e é dividido em quatro partes: prefácio de Jake Gyllenhaal, o ator principal do filme; entrevista incrível com Richard Kelly, o criador da história e diretor do longa; o roteiro completo da obra, com o mesmo que foi utilizado pela equipe durante as gravações; e, pior fim, o livro A Filosofia da Viagem no Tempo, que é citado no filme pela Vovó Morte, mas que não é explicado de forma precisa... Se não bastasse tudo isso, no final da edição você vai encontrar fotografias lindas de algumas cenas do longa.  
Se você seguiu minha dica inicial, já sabe do que se trata a história, mas se por ventura não tiver cumprido o combinado, vou falar um pouco sobre o que está por trás desse história incrível... Bom, não sei se vou falar exatamente o que acontece, afinal, essa narrativa possibilita diversas interpretações e muitas, muitas teorias (para entender melhor o que estou dizendo, veja o vídeo incrível da Redatora de Merda). 

"Uma tempestade se aproxima, diz Frank. Uma tempestade que vai engolir as crianças... e eu devo resgatá-las do reino da dor. (pausa) Eu vou levá-las até suas portas de casa. Vou mandar os monstros de volta para as profundezas. Vou mandá-los de volta para um lugar onde ninguém consegue vê-los... exceto eu. Porque eu sou Donnie Darko."

Donnie Darkoé um adolescente tímido, com diversos problemas de relacionamento, e portador de esquizofrenia, que em certo momento da vida passa a conversar com um coelho gigante e muito assustador chamado Frank. Esse coelho lhe passa várias mensagens e dicas sobre possíveis acontecimentos futuros, e deixa um recado importantíssimo: a data e a hora precisa para o fim do mundo. 

Após o primeiro encontro com Frank a vida de Donnie se torna confusa e vários acontecimentos em tempos diferentes começam a se entrelaçar, construindo e desconstruindo ideias na nossa mente.  

A verdade (?) é que a história fala sobre viagem no tempo e conecta situações do passado, do presente e do futuro, misturando um coelho falante, uma turbina de avião misteriosa, um professor que empresta um livro sobre viagem no tempo, uma Senhora conhecida como Vovó Morte, que todos os dias olha a caixa do Correio na espera de uma mensagem vinda do futuro etc.
Mas a pergunta que eu carrego desde que vi o filme pela primeira vez e que ainda me atormenta, mesmo agora que li com calma o roteiro, é a seguinte: existiram mesmo as viagens no tempo e as realidades paralelas que culminaram no final emocionante e inesperado da história, ou o Donnie, vítima da própria imaginação e de transtornos mentais graves, criou tudo aquilo e traçou, sozinho, o seu destino? Pois é, eu não sei e acredito, pelo que vi na entrevista com Richard Kelly, que nem ele sabe exatamente. 

Incrível, né? Exatamente nesse mistério e nas diversas possibilidades que reside a mágica desse filme e, consequentemente, desse livro. Ler o roteiro, pensar sobre os diálogos com calma, refazer as cenas na cabeça e dar entonação para os diálogos é uma experiência incrível não só para os fãs do Donnie Darko, como também para todos que amam o universo do cinema. 

Vale MUITO a pena conferir... 
*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books. 
Para saber mais sobre a Editora acesse o site ou participe das redes sociais:Facebook,InstagramTwitterG+ ou YouTube.








A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha

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Eurídice Gusmão é uma mulher que tem dois filhos, um marido que sustenta a casa e muitos sonhos e desejos reprimidos, vivendo na década de 40, no Rio de Janeiro.

Sua irmã mais velha, Guida, fugiu de casa sem explicações e nunca mais deu notícias, deixando seus pais Seu Manuel e D. Ana arrasados e Eurídice com o fardo de ter que ser a melhor filha do mundo e nunca dar um desgosto à família.

“Eurídice tinha abafado os desejos, deixando na superfície apenas a menina exemplar. Aquela que não levantava a voz ou o comprimento da saia. Aquela que não tinha sonhos que não fossem os sonhos dos pais. Aquela que só dizia sim senhora ou não senhor, sem nem mesmo se perguntar para o que é o sim, ou por que disse não.”

Ela casou-se porque era o que parecia o mais natural a se fazer e contentava-se em cuidar da casa e das crianças, receber do marido um beijo na testa quando ele chegava do trabalho e servir em seguida o jantar que já estava pronto. Acabou tomando gosto pela arte culinária e passou a criar receitas novas, pratos elaborados, sobremesas extravagantes e tudo que a imaginação permitisse. Chegou a sonhar com o dia que publicaria um livro, daria entrevistas e espalharia suas receitas ao mundo. Mas Antenor, seu marido, tratou logo de cortar suas asas e dizer que jamais alguém se interessaria pelas ideias de uma dona de casa.

“E Eurídice, que nunca tinha visto a vida além daquela casa e daquele bairro, ou da casa e do bairro dos pais, achou que o marido tinha razão. Antenor sabia das coisas. Ele estudou contabilidade, era funcionário do Banco do Brasil e discutia política com outros homens. Enquanto trabalhava nas receitas ela tinha certeza de que estava fazendo algo de valor, mas na frente do marido tudo perdia o sentido.”
Abandonando o prazer de cozinhar, Eurídice entregou-se ao tédio e à rotina de cuidar dos filhos e da casa, mas como sua mente não sossegava, logo inventou outra ocupação: adquiriu uma máquina de costura e passou a criar peças para si, para os filhos e logo para todas as vizinhas que faziam inúmeras encomendas. Sua casa se tornou um ateliê, que durou até Antenor descobrir e dar um show histérico expulsando clientes, funcionárias e o desejo de Eurídice de sorrir e sentir-se útil. Mais uma vez, a mulher voltou a passar seus dias sentada no sofá, contemplando as unhas ou a estante de livros.

“Se Eurídice queria casar? Talvez. Para ela o casamento era algo endêmico, algo que acometia homens e mulheres entre dezoito e vinte e cinco anos. Tipo surto de gripe, só que um pouquinho melhor. O que Eurídice realmente queria era viajar o mundo tocando sua flauta. Queria fazer faculdade de engenharia e manter-se fiel aos números. Queria transformar a quitanda dos pais num armazém de secos e molhados, o armazém de secos e molhados numa empresa distribuidora de grãos, e a empresa num conglomerado. Mas ela não sabia que queria tanto.”

A história de Eurídice assemelha-se muito à da maioria das mulheres que viveu em sua época. Martha Batalha conta, em terceira pessoa, com toques de um humor sutil e simplicidade nas palavras, sobre a invisibilidade da mulher e como há não muitos anos atrás a sociedade vivia debaixo de uma opressão machista que ofenderia a menos feminista de hoje em dia.
Com bastante destreza, a autora entrelaça histórias de várias outras mulheres à de Eurídice e Guida, como Zélia, a vizinha fofoqueira que tem motivos de sobra para ser amargurada e descontente, Filomena, uma ex-prostituta que passou a trabalhar cuidando de crianças e tornou-se referência no ramo e Eulália, a mãe do solteirão do armazém da esquina que tinha mania de doenças e o propósito de jamais permitir que o filho se casasse.

A escrita de Martha Batalha tem um estilo todo próprio e conduz o leitor em uma leitura fluida e bastante agradável. O livro já teve seus direitos vendidos para o cinema e para várias editoras estrangeiras.





Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne

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Quando o assunto é literatura fantástica e ficção científica, o nome de Jules Verne imediatamente vem à mente. Quando li 20 Mil Léguas Submarinas, fiquei encantada com a criatividade e a imaginação do autor, com isso, foi enorme a minha alegria ao receber o exemplar do livro Viagem ao Centro da Terra

Publicado em abril deste ano, a edição compõe a Coleção Clássicos Zahar, e conta com o texto integral da obra traduzido por Jorge Batos, ilustrações originais, notas explicativas e um incrível texto de apresentação. A edição está simplesmente impecável e faz jus ao nome do autor e à qualidade editorial da Zahar. 

Esta história, que tem apenas 240 páginas, se passa no ano de 1863 e é narrada em primeira pessoa por Axel, o sobrinho do Sr. Lidenbrock, um homem sério e autoritário, mas extremamente sábio e repleto de ideias inovadoras.
Certo dia, ao encontrar um pergaminho com uma mensagem cifrada dentro um livro, Lidenbrock fica completamente intrigado e após dias tentando descobrir o conteúdo do texto, ele decide fazer uma viagem alucinante (e talvez sem volta) ao centro da terra. 

Quando a viagem começa, a história se enche de aventura. Ao lado de Axel, que narra tudo de forma envolvente e divertida, Lidenbrock enfrenta diversos problemas, encontra pessoas de vários tipos e se utiliza de vários artefatos científicos estranhos. As situações descritas são interessantes e inovadoras, e conseguem unir de forma muito satisfatória a fantasia e a ciência. 

Os cenários pelos quais is viajantes passam são descritos com riqueza de detalhes, o que nos transporta para universos completamente novos e simplesmente deslumbrantes. O interessante é que como os capítulos são curtos, as descrições não se tornam cansativas e a leitura flui com facilidade.
Apesar da riqueza da história em si, o que mais chamou minha atenção na narrativa foi a construção dos personagens. Eles possuem personalidades fortes e completamente diferentes, divergem sobre vários assuntos e são testados a todo tempo. É gosto ler e perceber que por trás da rigidez de Lidenbrock existe um grande e sensível coração, e que o bom humor e a descontração de Axel muitas vezes contribuem para que as situações que inicialmente parecem impossíveis se tornem mais claras e mais fáceis de serem enfrentadas.

Sem dúvida uma leitura indicada aos que gostam de livros clássicos! A mensagem que o livro deixa também é bem interessante: se você tem um objetivo, não desista... 






Caveira Talk Show, com a DarkSide Books

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Todo mundo!
Oi pessoal, tudo bem?

Quem acompanha o blog deve se lembrar que no mês de março eu e a Isabela, fomos convidadas a participar de um evento super especial: O Caveira Talk Show.

Se você não lembra, a gente relembra: eu sei que já faz um tempo, mas foi tão especial que nos lembramos de compartilhar os detalhes dia com vocês! Além de ser uma honra estarmos entre vários blogueiros escolhidos pela DarkSide Books em todo país, ficamos muito surpresas e ansiosas pois não sabíamos nenhum detalhe do evento (nem mesmo os blogueiros escolhidos além de nós, é claro). 

O lugar escolhido para o evento chamado  foi o Z Carniceria, um reduto do terror e super underground de São Paulo. Chegando lá descobrimos que o Caveira Talk Show não poderia ter sido ser em outro lugar! A Caveirinha que tem o capricho como marca registrada pensou em cada detalhe e nos proporcionou uma super festa macabra para anunciar os lançamentos de 2016. 

Isabela, eu e os outros blogueiros convidados tivemos a oportunidade de ver em primeira mão os lançamentos incríveis deste ano, além de presenciar o anúncio de novos autores nacionais (como o César Bravo) , e de conferir uma entrevista FENOMENAL com Ilana Casoy (se você não sabe quem é essa mulher PARE O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PELO AMOR DE DEUS (sim, estou gritando mesmo) e não deixe de clicar aqui e aqui. Como eu sou formada em direito, fiquei boquiaberta com a entrevista de Ilana Casoy e com toda sua bagagem em metodologia investigativa e de criminologia.
A Isabela foi especialmente convidada ao palco  para representar o Universo dos Leitores e blogueiros de todo Brasil, além de ser entrevistada por João Gordo (orgulhinho *_*)
O evento também contou com a presença especial de João Gordo e do Mojica, mais conhecido como Zé do Caixão, a maior referência do cinema nacional quando falamos de terror!
Da série: pra quê legenda?
O evento foi absolutamente incrível e nós abraçamos o convite com carinho e orgulho, além de termos amado a oportunidade de encontrar e interagir com vários blogueiros que seguimos e adoramos! Agora, fica a expectativa para todos os lançamentos que virão! Ficou curioso? Aproveite para conferir todos os lançamentos aqui.
Todas queridas! Da esquerda para a direita: Nilsen do Mudando de Assunto, May do About That Book, Adriana do blog Redatora de Merda, Isabela no fundo, eu e na ponta a Bruna do canal Bruna Miranda!


Kit Caveiroso que Isabela e eu ganhamos: Folders, moleskines, canecas, caixas e bags lindas da DarkSide. Muita gratidão!





Espero que tenham gostado das novidades!


                                                                                 

Entrevista com Mary E. Person, autora do livro The Kiss Of Deception da DarkSide Books

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Uma das publicações mais aguardadas da DarkSide Booksé o livro The Kiss Of Deception, uma fantasia young adult muito especial (sobre a qual falaremos esta semana). A DarkSide Books disponibilizou pra gente uma entrevista bem especial da autora, com perguntas de blogueiros brasileiros. Abaixo você confere a a entrevista completa e tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a escritora! 

1) Quando você começou a escrever a história você já a tinha toda “desenhada” na cabeça ou a história veio aos poucos? Conta esse processo para a gente! 

Eu apresentei a trilogia Crônicas de Amor e Ódio à minha editora com base em 50 páginas escritas e três sinopses simples. Eu digo “simples” porque eu não sou de fazer esboços muito rígidos, e de fato a história mudou desde as três sinopses iniciais. Minha editora entendeu desde o princípio que ela iria mudar – ela sabe o tipo de escritora que eu sou. E essa é a parte divertida em escrever. Detalhes da trama que aparecem e que levam você para lugares inesperados. Havia coisas sobre todos os personagens que eu descobri durante a escrita que me ajudaram a moldar a trama. Eu não posso fornecer muitos detalhes porque isso iria estragar a descoberta para os leitores, mas existem detalhes sobre o passado de Kaden que eu não sabia quando comecei a escrever e que se tornaram plot twists importantes mais para frente – o mesmo aconteceu com Rafe e Lia. 


2) Eu gostaria muito de saber sobre as referências literárias e até históricas que a Mary E. Pearson pode ter utilizado como fonte de inspiração para criar o universo e a história da Lia. 

De um ponto de vista literário, preciso citar uma frase do autor Richard Peck: “Nós escrevemos sob a luz de todas as histórias que já lemos”. Assim como uma vida de pessoas e interações ajuda a moldar os personagens que criamos, livros fazem o mesmo com a maneira que escrevemos e as histórias que escolhemos contar. Eu não posso escolher um livro específico que influenciou diretamente The Kiss of Deception de uma maneira óbvia. Eu tenho certeza que até mesmo minhas experiências de infância com Dr. Seuss tiveram efeito de algum modo: divirta-se com palavras e imagine novos mundos! De um ponto de vista histórico, eu criei o mundo da Lia olhando para nosso próprio mundo, observando as coisas que reverenciamos, as coisas que odiamos, a busca por poder e os erros que cometemos repetidamente. É absolutamente verdade, a história se repete. Às vezes ela parece circular em vez de linear. Já que o mundo de Lia foi construído sobre as cinzas de um mundo passado, muito da história deste mundo foi transmitida através de lendas contadas em tempos de desespero e evoluiu com o passar do tempo, concebendo uma cultura totalmente nova que não entendia completamente suas verdadeiras raízes. De decepções de personagens a históricas, a decepção é abundante em muitos níveis neste livro.

3) Eu tenho vontade de perguntar para ela qual mundo de fantasia ela preferiria viver se tivesse que escolher um (mas não vale ser o do livro dela ;))
Ah, essa pergunta é tão difícil. Mundos fantásticos são tão intrigantes – mas podem ser bem perigosos também -, embora o perigo seja uma parte da diversão se você está na companhia dos personagens certos. Eu acho que viver no Condado, na Terra-Média, seria bem legal, e ser vizinha do Bilbo para poder dividir um Segundo Café da Manhã. Eu sou bem baixinha, então acho que eu me enturmaria entre os hobbits. Mas meu pé não é tão peludo. Por outro lado, embora eu possa perder minha cabeça lá, eu sempre adorei insanidade exorbitante do País das Maravilhas e poderia seguir Alice pela toca do coelho. Muitas aventuras para viver ali. 

4) Cada leitora tem uma percepção sobre o que lê, mas o que você, como autora, gostaria que as leitoras absorvessem dos livros?

Eu não quero que eles aprendam algo, por mais que espere que se identifiquem com algumas questões. Espero que eles imaginem as mesmas coisas que eu, que encontrem uma parte deles em alguns dos personagens, ou quem sabe em todos eles, que olhem ao redor de seus próprios mundos e enxerguem o mundo de Lia também, que se encontrem numa jornada que vai fazer com que eles continuem pensando e imaginando muito tempo depois de virar a última página. Espero que eles sintam que estiveram numa aventura com amigos e prontos para começar outra.

5) Morrighan é uma deusa de origem celta, esse nome tem muito destaque no livro, qual sua conexão com crenças e histórias antigas?Sim! Embora Morrighan – a garota e o reino – não tenha sido baseada na deusa Celta. Eu acho que a maioria das lendas antigas é atemporal e que nós podemos encontrar suas mensagens ressurgindo, geração após geração, em novas histórias. 

6) é a sua "formação de escritora"? (cursos que fez, livros que inspiram, autores favoritos...)Eu estudei arte na faculdade e recebi um BFA em ilustração, mas sempre fui uma leitora ávida, o que eu acredito ser a melhor preparação para se tornar um escritor. Há um dizer que afirma que você deve ler mil livros antes de escrever um, e eu acredito que isso seja verdade. Eu li, estudei e escrevi muita poesia, o que acho que me deixou bem atenta à estrutura de frases e escolha de palavras. Alguns dos livros que me inspiraram quando mais nova foram A Boa Terra, de Pearl S. Buck, The Outsiders: Vidas Sem Rumo de S. E. Hinton, Pássaros Feridos, de Colleen McCullough, A Caverna de Cristal, de Mary Stewart, O Sol É para Todos, de Harper Lee, O Hobbit e O Senhor dos Anéis, por J. R. R. Tolkien, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, A Senhora do Jogo, e Sydney Sheldon. Eu poderia continuar por horas. E não posso deixar de lado outras formas de contar histórias, incluindo o antiquado boca a boca, quadrinhos, e é claro filmes, que me ajudaram a desenvolver um amor de história. Quando eu era criança eu devorei o programa Além da Imaginação (The Twilight Zone) como se fosse pipoca. Eu amava as histórias cheias de reviravoltas e inesperadas que eram exibidas toda semana. Elas me fizeram olhar para meu próprio mundo de novas maneiras. 

5) O título The Kiss of Deception é muito intrigante, e me parece que tem uma importância grande no arco da série. Como foi o processo pra escolha do título? 

Criar o título foi um processo bem longo. Minha editora e eu fizemos um brainstorming com vários títulos sabendo que a série seria uma trilogia, e queríamos algo que evocasse tanto o mistério como o romance no livro e também algo que permitisse que os livros subsequentes seguiriam um padrão similar. Não foi uma tarefa fácil! Nós não tivemos apenas que criar um título, mas três – e dois eram para livros que ainda não haviam sido escritos! The Kiss of Deception tem significado que encaixa no primeiro livro em vários níveis. A decepção foi tecida na história entre os personagens e as histórias, e com o elemento romântico, pareceu o título perfeito. 

6) Por que você acha importante falar sobre empoderamento feminino na literatura?Todos nós conhecemos mulheres poderosas, capazes, fortes e inteligentes. Elas são mulheres reais em nossas vidas. É apenas certo e natural que encontremos as histórias delas entre as páginas dos livros. Mulheres não são coadjuvantes. Elas também são as heroínas do mundo. 

7) Eu gostaria de saber da Mary em quais autores ela buscou inspiração pra criação do mundo fantástico dela, e principalmente na criação da Lia, uma vez que ela é uma personagem tão decidida, madura e inteligente. 

A Lia evoluiu conforme eu fui escrevendo sobre ela e fui conhecendo-a melhor. Eu sabia que ela seria uma jovem obstinada e determinada cuja força estaria em sua sagacidade e palavras. É claro, às vezes duas palavras também a puseram em problemas, e isso está ok. Ela ainda teve que dominar sua força. Eu também sabia que Lia seria empurrada para uma esquina e a vida em que sua verdadeira força era valorizada e sua voz seriam silenciadas. Ela estava em perigo de perder a si mesma, mas ela deve autoestima suficiente para não deixar isso acontecer e prosseguiu buscando uma nova vida, feita por ela mesma. Eu amei acompanhar como Lia cresceu e desenvolveu uma determinação feita de aço, mesmo que ela tenha sido colocada para baixo diversas vezes. Mas ela sempre se reergueu. Eu gostaria de poder dizer que planejei tudo isso desde o começo, mas eu permiti que Lia respirasse e crescesse e liderasse o caminho, e eu tenho que admitir, às vezes ela me surpreendeu. Ela disse algumas coisas que realmente me fizeram rir em voz alta. Eu não sinto que tudo isso veio da minha cabeça de forma alguma. Essa é uma das coisas que eu amo sobre escrever – quando os personagens assumem o comando. 

8) Se um fã quisesse fazer um roteiro de viagem inspirado em The Kiss of Deception, quais lugares do mundo real não poderiam faltar? 

Que ótima pergunta. E uma que pode levar a spoilers! Você é uma leitora perceptiva. Primeiro, eu diria, venha para a Califórnia, onde eu vivo, e eu posso mostrar algumas vistas e daí... nós vamos botar o pé na estrada, assim como Lia fez. Talvez Las Vegas seja nossa primeira parada... 

9) O que você e a DarkSide Books têm em comum e o que você espera dos leitores brasileiros?Tanto eu como a DarkSide amamos livros – e fantasia! Os leitores brasileiros já têm sido tão incríveis e acolhedores! Eu não posso pedir nada além disso. Obrigada! Espero que mais leitores descubram The Kiss of Deception e embarquem nessa jornada com a gente.

                                                                          


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